DANIEL FILÓSOFO

O BOM VIVANT

Velho Tomaz era um verdadeiro e típico cidadão do subúrbio carioca. Sambista nato frequenta o Salgueiro e desfila na escola de samba há vários anos e respeitado dentro da escola, depois de velho, tornou-se integrante da velha guarda do Salgueiro, ala respeitada por dez entre dez sambistas. 

Sua devoção pelo samba passou de pai para filho. Seus filhos desfilam na escola e veneram a escola e o respeito do pai dentro do meio do samba.

Aposentado da policia, prestou bons serviços a corporação e a população. Por onde andas, é sempre reconhecido e bem popular. E como foi sempre um andarilho, principalmente depois que se divorciou da mãe de seus filhos, aí que aproveitou a sua popularidade pelas ruas, viveu como quis e foi um bom vivant.

Como um bom vivant e bom malandro, Velho Tomaz, conheceu uma bela cabrocha no Balança mais não cai (prédio antigo localizado no centro do Rio de janeiro) A moça, moradora da Mangueira e consequentemente frequentadora da estação primeira, era uma mulata de parar o trânsito. No dia do encontro, era quarta-feira de cinzas, ele foi beber alguma depois da apuração do carnaval na Sapucaí sentiu aquele perfume gardênia no ar e ficou impactado com tamanha beleza e charme.

Entre troca de olhares e o clima de paixão no ar, velho Tomaz encheu o peito de ar e coragem, foi falar com a morena e derramar toda sua lábia.

Mas o amor e a conquista só é bom se doer. Isso meu amigo, um dia tu tens que passar por isso. A cabrocha fez o bom vivant gastar seu repertório de cantadas e bonitas palavras. O charme da mangueirense era digno de um samba do cartola e enredo da escola. Mas ele não se dava por vencido e ela vendo que o bom sambista era persistente e tinha algo de diferente nele, cedeu a sua boa lábia e se entregou aos prazeres carnais e foram curtir os últimos instantes da quarta feira de cinzas. 


Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll e radialista na Rádio Rota 220.


Daniel Filósofo

 

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