FISSURAS NA QUARTA PAREDE


  OPINIÃO

A FALTA...


Não, não tem sido fácil.
Na verdade, tem sido bem difícil. E, por vezes, até desesperador.
A falta de tudo o que ainda podíamos tocar, sentir, cheirar.
A falta do outro, do suor, do grito, do sorriso.
Vai ser sempre assim, agora?!
Não sei...talvez...
E essa incerteza, essa falta, que nos consome dia a dia
A falta que eu sinto, que ela nos faz...
Ela que chega, assim, incomodando
Transformando, gritando, suavizando...
Ela que nos bate, arrebate, vira tudo de cabeça pra baixo.
O assoalho, cheiro de madeira, de cortina...
O canto, a voz, o movimento...
Não, não tem sido nada fácil!
Tem sido desesperador.
Em uma dor e beleza que se confundem
No choro e no riso de quem sempre resistiu.
De quem acredita e fez da vida sua arte
(Ou da arte sua vida)
De quem tem medo de nunca mais voltar, ser como antes
Sim, eu quero, como antes...
O abraço suado e molhado depois da peça
A adrenalina e nervosismo do início
O
‘frenesi’ do encontro, da possibilidade, da ARTE!
O Coletivo que reverbera
Que constrói junto
Que sente junto...
Eu não sei ser uma
Eu só sei ser muitas, muitos, muites...
Eu só sei estar junto, sentir junto, fazer junto.
Eu não sei tocar Arte eu aqui e você ali
Do outro lado, no outro quadro...

Eu não sei
(e, sinceramente, não sei se eu quero saber).
  


Izabel Cristina é Licenciada em Teatro, gestora de cultura e Especialista em Acessibilidade Cultural, atriz, dramaturga, diretora e professora de teatro. Desde 2014 coordena o Departamento de  Artes Cênicas da SMCEL- Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e lazer de Gravataí/RS



Izabel Cristina



 

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