CONTRAPONTO


 Saindo da pandemia e ...

Estamos saindo da pandemia e planejando o retorno à vida normal. Uma das maiores preocupações da população é o retorno das aulas. Muito justo! É um dos direitos básicos mais importantes dos cidadãos. Contudo acredito que devemos pôr em questionamento, também, como tem sido essa educação que tanto sentiram falta em 2020.

Muitos pais se desesperaram ano passado: “meu filho passou de ano, mas não aprendeu nada!”. Contudo devemos ser sinceros aqui, o que mais tem acontecido com as nossas crianças e adolescentes é avançar de ano e não aprender coisas básicas, que eu, por exemplo, aprendi na primeira série. E não, a época não era melhor que a “dessa juventude atual”, como resmungam alguns por aí (risos).

Muitos adultos têm essa visão extremamente limitada, afirmando que a sua infância foi melhor que a infância atual, porque “tinham mais respeito pelos mais velhos” e etc. Acontece que era outra geração, outra cabeça e outra genética.

Eu li em um texto científico de uma psicanalista a explicação de que as informações adquiridas pelos nossos antepassados são passadas geneticamente e que isso explica porque um bebê de 1 ano de idade consegue manusear um celular de última geração e o seu avô não.

Pegando essa linha de pensamento, entendemos que os estudantes de hoje tem outra linha de raciocínio. Não dá para comparar com as crianças de 1700 e “guaraná com rolha”. Então eu me pergunto: 

Porque, num universo onde podemos nos comunicar com indivíduos que nunca vimos antes, do outro lado do mundo, em tempo real e por uma tela que passa imagens claras, continuamos aprendendo através dessa simples lousa, giz ressecado e livros didáticos que obrigam preencher lacunas de frases ridículas e sem sentido? Como querem que um adolescente que joga num universo fantástico virtual, enfrentando Trols e arquitetando emboscadas com outros jogadores para dominar uma vila de ferreiros, aprenda a regra dos “porquês” marcando “V” ou “F” no caderno?




                            Míriam Coelho é artista das imagens e das palavras.


Miriam Coelho



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