DANIEL FiLÓSOFO


Geraldino e Arquibaldo

Domingo de sol no Rio. Típico dia em que o carioca amanhece vai à praia, bebe um mate Leão e come o biscoito Globo e volta para casa e almoça com a família.

Outra tradição de um bom dia de Domingo, é a ida ao Maracanã á tarde ver o time de coração entrar em campo. E isso é um dos melhores acontecimentos que ocorre na cidade. Dia de clássico então, o Rio para.

Surge gente de toda parte do Rio. As ruas em torno do estádio ficam cheias, o trânsito para. O trem vem abarrotado de populares em pleno êxtase como se não houvesse amanhã e na viagem o povo já entra no clima do estádio.

Em torno do Maracanã já está tomado pelas torcidas. Os bares estão faturando, a galera batucando os sambas enredos do ano, os ambulantes com um olho no torcedor e o outro no guarda que quer tomar sua mercadoria, e o sol brilhando e sorrindo sobre todos.

As bandeiras e outros apetrechos da torcida, chega ao Maracanã e a festa do lado de fora fica completa. Quem já tem seus ingressos, já vai entrando no estádio, quem ainda não tem, vai encarando uma longa fila e tem a galera que prefere se arriscar comprando o ingresso com os cambistas e arriscando a própria sorte. E tem aquele torcedor sem um trocado que vai contando com a sorte de entrar sem pagar. Tem uns que consegue pular o muro e entrar, outros entram no segundo tempo pelo portão 18, outros entram na muvuca que tem na rampa da UERJ ou na rampa do Bellini, que são as entradas da arquibancada. E tem o pobre infeliz que fica do lado de fora com o radinho de pilha escutando o jogo e o barulho da torcida.

Já dentro do Maraca, ainda faltando algum tempo pra começar a partida, o estádio já esta apinhado de gente. Bandeiras tremulando, sinalizadores iluminando as arquibancadas, cânticos de todas as partes do estádio, A festa das torcidas não poderiam ser mais bonita e extasiante.

Em um peculiar setor do Maracanã, a festa é diferente e é um espetáculo a parte. A geral do Maracanã. Setor popular do estádio, a geral abriga as maiores figuras que abrilhantam na torcida. Na geral o torcedor fica em pé o jogo todo e não vê o jogo de uma forma justa. E ainda leva saco de mijo vindo da arquibancada. Mas apesar de tudo, o geraldino é feliz é um personagem a parte do Maracanã.

O resultado e o jogo são um mero detalhe em meio ao espetáculo proporcionado pelos Geraldinos e Arquibaldos no lendário e maior do mundo maracanã. Lá não tem classe social, credo e ideologia. Todos são um coração e pulmão que pulsa sem parar e dá vida e histórias ao estádio e é parte de uma cidade em que todos são iguais por algumas horas.


Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista na Rádio Rota 220.


Daniel Filósofo    


 

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