A MÚSICA SEGUNDO O FILÓSOFO


 

Zicartola


Rua da carioca, 53. Em Setembro de 1963 ali foi o endereço de um bar que foi
resistência politica e cultural para a música brasileira e comandada por dois baluartes
da estação primeira de Mangueira. Ninguém menos que Dona Zica e Cartola.

O bar funcionou por um período curto. Foi de 1963 até 1965. Mas foi um período fértil e de grande sucesso. O público formava uma enorme fila para se entrar no sobrado e essa fila ia até a Praça Tiradentes. O Zicartola tornou-se um ponto de encontro de
Universitários, intelectuais e qualquer fã de boa música e boa comida, feita especialmente por dona Zica


Dona Zica e Cartola

Por falar em música, o bar foi o ponto de encontro de gerações. A nova geração de músicos encontrou ali a velha escola do samba. Nomes como Ismael Silva, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho e além do próprio Cartola. E novos compositores e cantores foram surgindo no recinto. Um deles foi Paulinho da Viola. Levado por Hermínio Bello de carvalho, ainda um compositor desconhecido e exercendo a profissão de bancário, ganhou seu primeiro cachê no Zicartola. A turma da Bossa Nova também deu as caras por lá. Nara Leão, Tom Jobim, Carlos Lyra, Dorival Caymmi, entre outros grandes nomes da música brasileira.

No salão do Zicartola, nasceu alguns eventos culturais que foram importantes para a nossa música. Rosa de Ouro, Opinião, A voz do morro. O espetáculo Opinião foi produzido por Augusto Boal e tinha Zé Kéti e Nara Leão no palco. O Rosa de Ouro foi produzido pelo poeta Hermínio Bello de Carvalho e estreou em Maio de 1965. O espetáculo nos deu Clementina de Jesus à rainha quelé, revelada no espetáculo. E a voz do morro foi à criação do primeiro conjunto formado só por compositores de escola de samba. Zé Kéti, Paulinho da Viola, Nelson Sargento, Elton Medeiros, Anescarzinho, Jair do Cavaquinho, formaram uma seleção de notáveis. Todos esses nomes eram frequentadores do Zicartola.

Com o surgimento do Paulinho da Viola no Zicartola, Sérgio Cabral frequentador do local e escrevendo no Jornal do Brasil, escreveu que Paulo César Batista não era nome de sambista, então foi batizado de Paulinho da Viola.

                                    Paulinho da Viola e cartola, juntos no Zicartola

O Bar durou apenas vinte meses. Em Maio de 1965 o Zicartola fechou as portas. Por
problemas administrativos, Dona Zica e Cartola foram obrigados a fechar porta. Os problemas administrativos fizeram Eugênio Agostini abandonar a sociedade com Dona
Zica. Há quem diga que o motivo do fechamento do bar foi a pressão dos militares, mas Cartola e Zica eram mestres na cozinha e na música. O casal passou o ponto para outro nome ilustre da música: Jackson do Pandeiro. Ele tentou fazer um restaurante parecido. A diferença que saiu o samba entrou o forró e o cardápio era de comidas nordestinas. Infelizmente não obteve êxito no negócio pouco tempo depois.

Em 2011 no desfile da Estação Primeira de Mangueira, o Zicartola foi lembrado no desfile em homenagem ao Nelson cavaquinho. Foi citado no samba-enredo e teve um carro alegórico representando o bar.



Para conhecer um pouco mais do Zicartola:




Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista na Rádio Rota 220.Também escreve suas crônicas dominicais na coluna do Daniel Filósofo.



 
                                                          Sempre algo interessante
                                                                   para contar !






Postar um comentário

6 Comentários