Eu amo assistir Masterchef e outros programas de competição culinária. Essa semana estava assistindo a segunda temporada brasileira do programa, onde tem um dos meus competidores favoritos, Fernando Kawasaki. Dessa vez, percebi com mais atenção a prepotência que ele tinha na época e a extrema agressividade que apresentava, quando se frustrava.
Num dos episódios de competição em equipes, ele atirou os pratos com força, quando os jurados informaram que ele não poderia mais entregá-los, pois o tempo havia acabado. A cena foi grotesca e abria muito espaço para julgar o competidor e condenar seu comportamento.
Contudo, eu não consigo deixar de ter carinho por ele e tristeza porque ele não foi o finalista do programa. O meu afeto se dá, principalmente, pelo entendimento de que toda essa agressividade, e visível prepotência, esconde um possível passado difícil. É muito fácil julgar, condenar comportamentos e apontar defeitos alheios, numa breve fantasia de que somos perfeitos. Mas a realidade é que todos temos defeitos que podem e são condenáveis para muita gente, porém somente nós mesmos somos os maiores conhecedores das justificativas para eles existirem.
Uma das cenas do filme do Harry Potter que mais me emociona é quando o personagem pergunta ao seu tio se ele se tornou um bruxo do mal, por sentir tanta raiva e agir com agressividade com as pessoas. O tio teve a atitude que todos deveríamos ter sempre, ele acolheu o sobrinho com afeto e respondeu que ele não era uma má pessoa por externar um passado triste, que ainda não consegue lidar, e acrescentou que o mundo não se divide em pessoas boas e más, “todos temos luz e trevas dentro de nós”.
Não quero dizer que devemos sair por aí dando coice em todo mundo porque tivemos traumas. Quero dizer que devemos olhar para as limitações dos outros com compaixão e respeito. No que diz respeito às nossas falhas, também devemos ter compaixão, porém devemos nos esforçar para mudá-las, ou passaremos eternamente à mercê de julgamentos e condenações de quem não é capaz de compreender e respeitar o próximo.
Miriam Coelho |
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