Que corpo é esse, invisibilizado, que ocupa e se marca no espaço?
Que assume e legitima sua postura política e social na interlocução e proposição com a cidade e sua arquitetura.
Nessa provocação artística-cultural, de um corpo perseguido, discriminado, diaspórico e híbrido, que intervém no espaço urbano e questiona suas estruturas, desenhando outros movimentos e ressignificando seus processos, que o projeto CORPOGRAFIA NA CENA @corpografianacena se dispõe a discutir, criar e ocupar.
Tendo como base o estudo da Corpografia e suas tranversalidades nas artes da cena, o projeto dialoga com o teatro, dança, música, artes visuais e audiovisual para pulsar, em uma perspectiva decolonial, do corpo negro, trans não-binário e com deficiência, nesse lugar de ocupação.
O Projeto desenvolvido pela Cia Teatral Tem Gente no Palco, de Veranópolis/RS, é construído em 03 Eixos de trabalho:
EIXO I – FORMAÇÃO
Momento de compartilhamento de saberes e fazeres, a partir da temática proposta, através de 02 painéis denominados Encontros e Diálogos Transversais, com duração de 01h cada, ao vivo, de forma online na Plataforma Youtube Cia Tem Gente no Palco - Oficial, com um(a) painelista convidado(a) dentro das linhas de estudo e discussões propostas pelo projeto.
✔️ “Você me conhece porque tem medo ou tem medo porque me conhece?” com a multiartista (cantora, atriz, Dj, performer) Valéria Barcellos @valeriabarcellosoficial como painelista convidada no dia 26/05/2021 às 20h.
✔ “Descolonizando processos artísticos através do corpo” com o diretor, ator, performer, dramaturgo e professor Daniel Colin @danielcolin_ator como painelista convidado no dia 31/05/2021 às 20h.
As Mesas de Diálogos contarão com tradução simultânea em Libras da @paratodos.art com a intérprete Angela Russo e as transmissões no canal do Youtube da Cia Tem Gente no Palco - Oficial ficarão gravadas para acesso.
EIXO II – PRODUÇÃO ARTÍSTICA
Trabalho de criação cênica-visual em um processo de estudo e ocupação de corpos diaspóricos e híbridos na performatividade da cena. Como resultado uma obra/performance artística-cênica na perspectiva da linguagem do audiovisual com duração de 20min.
Na obra, como intérpretes, três artistas performers: mulher negra, trans não-binário e PCD (pessoa com deficiência).
O vídeo da produção virtual contará com audiodescrição de Leticia Schwartz @tici_schwartz da Mil Palavras Produção de Acessibilidade @milpalavras_ac
Como segunda ação dentro do Eixo II, está a projeção desta produção artística, em vídeo, na arquitetura urbana de 03 cidades do RS
📍COTIPORÃ - Cia Arte in Cena @4rteincen4
📍GARIBALDI - Cia Teatral Acto @ciaacto
📍ROLANTE - Grupo Tá Rolando Arte @grupo.tarolandoarte
Cada cidade foi selecionada levando-se em conta sua localização no estado do RS, no intuito de descentralizar; seu tamanho (menos de 35mil habitantes) e a prerrogativa que contasse com um grupo de teatro local para uma parceria de intercâmbio e diálogo sobre o processo de trabalho, de entendimento e reconhecimento da sua cultura e arquitetura local.
Ainda como desdobramento desse Eixo está a apresentação da obra artística, em vídeo, via plataforma virtual Zoom, para público convidado e interessado, com diálogos e trocas sobre a mesma após sua exibição
EIXO III – MEMÓRIA E DOCUMENTAÇÃO:
Registro de todo o processo de trabalho desenvolvido no Projeto, através de imagens, cenas, making off, entrevistas, tendo como resultado a produção de um mini documentário de 30min que servirá como base experimental, junto aos demais conteúdos culturais resultantes dos Eixos I e II, para pesquisa e estudo posterior.
O Mini Doc contará com recursos de audiodescrição e tradução em Libras.
Todos os conteúdos artísticos culturais gerados a partir desse projeto estarão disponíveis nas plataformas digitais da Cia Teatral Tem Gente no Palco, com acesso livre e recursos de acessibilidade, para pesquisa, análise e estudos nas artes da cena.
➡️ Projeto realizado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei nº 14.017/20 em uma parceria da Fundação Marcopolo e Secretaria de Estado da Cultura do RS.
@fundacao_marcopolo
@fundacaomarcopolo
@sedac_rs
🔴 Realização: Cia Teatral Tem Gente no Palco @temgentenopalco e grande equipe de profissionais
🔴 Direção e Produção: Izabel Cristina @bebell.cris
🔴 Performers: Jeferson Ghenes @jghenes / Eulália Figueiredo @eulalix / Jackson Reis @_jack_reis
🔴 Produção de Acessibilidade: Mil Palavras @milpalavras_ac
🔴 Identidade Visual: Mário Bressiani @mariobress / Comunicação: FG Comunicação Empresarial @fgcomunicacaoem
Para saber tudo sobre o Projeto Corpografia na Cena siga as redes:
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E no Youtube
Cia Tem Gente no Palco - Oficial
#leialdirblanc #editalfundacaomarcopolo #sedacrs #fundacaomarcopolo
Para trazer um pouco mais da sensibilidade envolvida no projeto CORPOGRAFIA NA CENA, fui conversar com três artistas maravilhosos que fazem parte do EIXO II – PRODUÇÃO ARTÍSTICA, e que trazem em siuma magia que nos envolve e nos faz acreditar num mundo melhor.
Jorginho: Quem é Jeferson Guenes?
Jeff Guenes: A Jeff Ghenes é alguém que pulsa pela liberdade de ser quem se é e pela necessidade de ser sem medos...
Jorginho : O que significa para você o teatro?
Jeff Guenes: A arte, a Cultura e o Teatro pra mim significam transformação, pensamentos livres e a possibilidade de se criar sem amarras, um espaço seguro para explorar, dialogar com a imaginação e a realidade em paralelos críticos e sonhadores...
Jorginho: Fale da importância do CORPOGRAFIA NA CENA...
Jeff Guenes: Sua importância se dá já no seu título, na sua essência e naquilo que se propõe de antemão... Corpografar a Cena, falar e expor esses lugares em que esses nossos Corpos Dissidentes são colocados e que muitas vezes (na maioria), não nos cabe. Transcrever pra arte da cena as nossas realidades e de fato dialogar sobre a diversidade em sua ampla imensidão e na sua real significância... Acho que falar desse projeto é sem dúvidas falar de Humanidade e o quanto nós, pessoas "fora da norma", temos direito ou estamos distantes desse conceito, desse lugar...
Jorginho: Como você enxerga o mundo de hoje?
Jeff Guenes: Forte essa pergunta, mas apesar de tudo, da triste e revoltante realidade (aqui me volto muito ao Brasil), quero acreditar e seguir olhando com o meu olhar, num lugar de esperança... Apesar de tudo, seguimos, como sempre faremos... Estaremos aqui! E nosso movimento de existência, de resistência, gera mudanças, e seguiremos gerando... Então acredito muito na potência dessas florzinhas crescendo e florescendo nesse duro e grande Asfalto que nos assola...
Jorginho: Para você Quais as possibilidades de um novo mundo no pós Pandemia?
Jeff Guenes: Enxergarmos o mundo sob uma nova perspectiva... Um pós Pandemia só vai existir a partir das nossas atitudes no hoje, no que fazemos enquanto enfrentamos esse período, e acho que já passou da hora de entendermos que só passaremos isso de maneira coletiva, tanto nos cuidados quanto no enfrentamento e nas ações de luta por vacinas e direitos básicos os quais esse governo não está preocupado em oferecer de maneira digna ao seu povo... Numa realidade de governo GENOCIDA a única saída para um futuro pós Pandêmico é a pressão coletiva e o discernimento individual. Usem máscara, se cuidem, lutem por vacinas!
Jorginho: A Izabel Cristina na visão da Jeff?
Jeff Guenes: Mulher, Amiga, Irmã, Artista, Gestora, Profissional, Competente, Sorridente, Sonhadora, Ativista, Lutadora, Família, Sensível, Criadora, Exigente, Comunicadora, Inteligente, Humana! Isso e muito mais definem pra mim o que é essa pessoa tão especial pra mim... Ela é guerreira, transformadora, não mudou só a vida dela, mas muda constantemente a vida de quem a cerca... Eu sou muito grata pelo nosso encontro e trocas de anos... Sem demagogias, somente sinceridade, aprendo diariamente com ela... Sem dúvidas, "Eu sou porque nós somos"!
Jorginho: Fale sobre como é atuar ao lado do Jackson e da Eulália...
Jeff Guenes: Estar criando na potência conjunta desse projeto junto a esses amigos e de corpos plurais e resistentes é algo que me fortalece, me engrandece e com o que eu aprendo muito e sempre.... Muito feliz e poder estar dividindo a cena com essas pessoas que compartilham tanto com minha existência e caminhada. Tem sido um grande aprendizado e troca de experiências!
Jorginho: Deixe uma mensagem para os leitores e para quem for assistir o CORPOGRAFIA NA CENA ...
Jeff Guenes: Se cuidem, se preservem, usem máscara, álcool gel, saiam somente em casos de necessidade... Na atual realidade, com o atual governo, a situação só será controlada se agirmos nós por nós. Lembrem-se que ainda estamos em situação Pandêmica e se não for se cuidar por você, faça pelo próximo, por quem você ama, ninguém mais está livre... E já marque na sua agenda, vem aí o resultado desse Processo lindo que estamos construindo no Corpografia na Cena, um Projeto Potente, que fala sobre essas vivências de corpos Descartados, Dissidentes, Invisibilizados... Nós 3 apresentamos nossos múltiplos lugares e olhares, quebrando esse mito de que só cabemos em certas caixinhas, simbolizamos muitos, muitas, muites ali, na cena, na Ocupação e através dali ecoamos o nosso direito a HUMANIDADE! Não deixem de seguir @corpografianacena em todas as redes sociais e @temgentenopalco também nas redes e no YouTube como Tem Gente No Palco Oficial... Assim você fica sabendo de todas as ações do Projeto que já estão acontecendo e também as datas e plataformas de exibição dessa obra artística que dialoga com nossos Corpos e com o Espaço Social, as Cidades, o Interior, os lugares de Opressão e Libertação que nos cerceiam... Bora acompanhar, dialogar e Decolonizar olhares e pensamentos com a gente!
Eulália Figueiredo: Eulália é pluralidade, um sagrado e feminino preto! um corpo negro feminino que tem suas raízes batuqueiras firmes, que balança o Axó (roupa de matriz africana) em prol do social com arte, que bate seu tambor, que não tem vergonha de ser quem é!
Jorginho : O que significa para você o teatro?
Eulália Figueiredo: O teatro é um dos meus portos seguros da vida, é onde minha alma se expande, onde eu consigo assumir minha forma verdadeira com personas ou até mesmo sem um personagem como no Corpografia na Cena... Teatro é desassossegar como diz Izabel Cristina, é incomodar, é desacomodar, teatro é confortar e confrontar! É trazer novas facetas ao mundo com arte.
Jorginho: Fale da importância do CORPOGRAFIA NA CENA...
Eulália Figueiredo: O CORPOGRAFIA NA CENA chegou para remexer tudo, para mostrar esses corpos trancados dentro de Arquiteturas Prionais gritando, numa comunhão, todos os gritos que aparecerão no Corpografia não falam apenas dos três performers, são gritos coletivos, toda a dor e felicidade do Corpografia é coletivo! Corpografia veio para mostrar a sociedade que não somos apenas medo e dor, mas também somos amor e afeto, que todas as nossas fragilidades nos fazem fortes! Como disse Vika Schabbach para nós... É um projeto que abraça todas as minorias e maiorias LGBTQIA+, surdes, cegues, PCD'S, pretes... Absolutamente todos, todas e todes!
Jorginho: Como você enxerga o mundo de hoje?
Eulália Figueiredo: Com o que vem acontecendo é difícil dizer... Sinto que minha visão sobre ele mudou bastante, percebi que conseguimos nos reinventar muito mais do que imaginava... Aprendemos a fazer arte apenas pelas telas... A pandemia veio como um divisor de águas para mim e para a forma com que enxergo tudo... Mesmo o estando um pouco enosado ainda, sinto que alguma hora a luz vai brilhar...
Jorginho: Para você Quais as possibilidades de um novo mundo no pós Pandemia?
Eulália Figueiredo: Com certeza um mundo mais empático, de pessoas que irão visualizar mais as sensações do próximo, espero que seja um mundo mais cuidadoso, preocupado e responsável... Porém uma realidade amedrontada e insegura com o amanhã... Mas eu juro que esse pós pandemia vai ser cheio de arte e aglomerações lindas!
Jorginho: A Izabel Cristina na visão da Eulália...
Eulália Figueiredo: Uma mentora, uma pessoa que veio para trazer luz, tanto para o mundo quanto para mim... Uma mulher forte que traça uma história de lutas coletivas, que estremece cidades, que levanta poeiras. Uma pessoa que para mim trouxe um novo mundo, que me empurrou para o precipício da autodescoberta dentro do âmbito artístico e que me deu o gatilho de descobrir uma nova pessoa dentro de mim, as verdadeiras facetas de Eulália!
Jorginho: Fale sobre como é atuar ao lado do Jackson e da Jeff Guenes...
Eulália Figueiredo: Primeiro que é um prazer imenso ser amiga delxs. São pessoas que qualquer e toda fala vem a agregar na minha vida como ensinamentos...O Jack com suas vivências e suas percepção do mundo sempre me embasbacam! E a Jeff, sempre dão doce e com aquele coração gigante, sempre vejo ela se posicionando durante suas falas como se estivesse no pico mais alto, com aquele rosto de orgulho de ser quem é...É aprendizado trabalhar com elxs!
Jorginho: Deixe uma mensagem para os leitores e para quem for assistir o CORPOGRAFIA NA CENA ...
Eulália Figueiredo: Sintam o Corpografia perpassar o ser que você é, se abra e deixe-nos remexer nos seus lugares mais profundos, lugares além de todos os teus sentidos!
Jorginho: Quem é Jackson Reis?
Jackson Reis: É esse ser que ainda busca encontrar o seu lugar no mundo. Que não aceita mais os rótulos que lhe impuseram ao longo de tanto tempo, que expressa e grita suas emoções, suas arte e sua luta para ser compreendido num mundo desigual. É um sereno transbordar, um corpo plural que fala por onde passa, uma alma que sorri diante das inúmeras possibilidades que a vida oferece. Alguém que hoje eu compreendo e abraço.
Jorginho : O que significa para você o teatro?
Jackson Reis: É o lugar onde eu posso encontrar as possibilidades mais infinitas, variadas e insanas de mim mesmo. Lá eu entrego minha alma, minha voz e as experiências que o meu corpo carrega, a serviço de um ritual supremo de transformação, do mundo, de mim próprio e das pessoas que são tocadas por essa arte.
Jorginho: Fale da importância do CORPOGRAFIA NA CENA...
Jackson Reis: Mostrar, através da arte, que é possível uma realidade em que todos os corpos sejam vistos, respeitados, valorizados e transitem em paz por todos os espaços, onde todos sejamos tratados com dignidade em nossas particularidades dentro desse vasto oceano de diversidade que é o mundo. Ao ocupar essas pequenas cidades com nosso trabalho, descentralizando a arte, estamos gritando a urgência de mudar esse desenho de cidade que estamos acostumados, para um modelo que nos acolha de verdade e onde caibam as vozes e existências daquelas pessoas que são historicamente invisibilizadas de várias maneiras.
Jorginho: Como você enxerga o mundo de hoje?
Jackson Reis: Um lugar onde todos buscam a felicidade de várias formas, mas existe uma linha, desenhada há milênios com ódio e sangue, que separa quem está mais perto e quem está mais longe dessa felicidade idealizada. Muitos são dolorosamente atravessados por essa linha todos os dias, alguns fingem não enxergá-la e andam na corda-bamba do mundo, e há os que lucram com a sua existência. E o nosso papel histórico no mundo é (deveria ser) trazer isso à tona e apagar essa linha definitivamente para que todas as vidas sejam tratadas com importância.
Jorginho: Para você Quais as possibilidades de um novo mundo no pós Pandemia?
Jackson Reis: A pandemia está reforçando de forma brutal as desigualdades gritantes que sempre estiveram diante dos nossos olhos. Se por um lado estamos presenciando o colapso - sim, não há outra palavra que possamos usar - desse sistema político, social e ambiental que subjuga, violenta e mata os nossos corpos, por outro lado as tecnologias, a internet, nos mostram caminhos possíveis de sobrevivência, nas nossas relações humanas e inclusive na arte. Então eu acredito que no pós-pandemia, se quisermos nos manter como humanidade sobre a Terra, a gente precisa adotar novas práticas e redefinir as formas de convivência, linguagens e símbolos com que nos expressamos, porque o mundo definitivamente não será o mesmo, e isso passa por revolucionar radicalmente os mecanismos com que as coisas "funcionam".
Jorginho: A Izabel Cristina na visão do Jackson...
Jackson Reis: É impossível falar das minhas vivências no teatro sem citar a Izabel. Além de grande mentora desses meus primeiros passos na arte cênica, é uma grande alma que o universo me conectou. Eu enxergo na Izabel, além da sua seriedade e profissionalismo, a simplicidade de quem ama as pessoas de forma pura e incondicional, e a potência de uma mulher que deseja transformar o mundo com as próprias mãos, através da arte.
Jorginho: Fale sobre como é atuar ao lado da Eulália e da Jeff Guenes...
Jackson Reis: Um aprendizado constante. Nós trocamos vivências e nos completamos uns aos outros. Cada um deles carrega suas particularidades e uma história que me enche de orgulho e afeto. É uma mistura de maturidade e jovialidade, eu me sinto preenchido com as nuances que eles me trazem.
Jorginho: Deixe uma mensagem para os leitores e para quem for assistir o CORPOGRAFIA NA CENA ...
Jackson Reis: É um projeto produzido com muito amor e bastante força das vidas e vozes de cada um dos artistas e equipe técnica envolvidos. Porque não há personagens fictícios em atuação, somos nós mesmos, os performers, quem trazemos à cena as nossas histórias e as marcas que os nossos corpos carregam. Acompanhem, tenho certeza que serão de alguma forma tocados por essa mensagem de vida e resistência.
"É preciso ter o caos dentro de si para gerar uma estrela dançante."
Jorginho |
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