O palhaço nada mais é do que uma interpretação artística do bobo da corte. O bobo da corte nada mais é do que um autorizado pela corte a fazer sátira da sociedade e da realeza. Claro, o papel artístico do palhaço é mais abrangente. Uma vez que foi criado em tempos mais "livres" e para o puro fim do entretenimento.
O que os autoritários sempre esquecem é que a arte normalmente é regida pela emoção. Ou seja, a qualquer momento um objeto artístico pode virar uma bomba política. Basta a realidade oprimir o seu autor. Quanto ao palhaço, ele usa do humor para falar de forma mais aberta sobre as dores da vida. Afinal, será sempre uma piada e nada mais.
Eis que a representação do palhaço toma uma proporção maior na sociedade atual. Virou o maior vilão da cultura pop. O insano antagonista do Batman, o Coringa, o joker. No caso, o nome vem de uma carta que é justamente o bobo da corte. Em inglês, jester. Novamente os dois arquétipos se encontram e se unem. Tornando-se sempre algo maior. Digo isso em função de Joker, filme de 2019, dirigido por Todd Philips. O primeiro filme da história para maiores de 18 anos a ter uma bilheteria maior que 1 bilhão de dólares. Aí a prova do tamanho do personagem, da relação cultural que temos com ele ou com o palhaço do circo que estacionava próximo a nossa casa na infância.
A questão do filme é exacerbar a loucura em que vivemos. A questão política que tomou o mundo. A questão política que é ver e aceitar a sociedade seguindo loucos. Seguindo loucos cegamente. Na película, o velho palhaço das nossas amadas histórias em quadrinhos. Nada poderia ser mais lógico. Um palhaço que se diz contra o sistema, ficar insano, cometer atos violentos e levar toda nossa moral com ele. A gente entende aquele personagem na tela. Por vezes, entendemos Arthur, torcemos por ele. Ao final, quando a luz da sala de cinema acende, nos sentimos culpados por esses sentimentos. Afinal, ele é um vilão.
Se não sentimos culpa, bom, aí temos o nosso problema real. É justamente o que está acontecendo. Estávamos vendo tudo calados, atônitos com tanta ignorância, tanta burrice. E pior, alguns de nós ainda estão aplaudindo tamanha incompetência e demência.
Entendem agora? O palhaço comanda esse país. Mas não é aquele palhaço das tardes da Manchete, mas sim, o Coringa insano com um sorriso de sangue em cima do carro da polícia.
Aqui o Simióide, #forabozo !
André Moraes 03 ANOS DE COLETIVEARTS, ESPALHANDO LITERATURA PELA REDE! |
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