A Terra, o homem e a luta. Os três elementos.
Os Sertões, um retrato do sertanejo
Retratando o embate entre o exército brasileiro e o sertanejo típico do interior, o escritor Euclides da Cunha faz da obra Os Sertões uma forte denúncia sobre o massacre ocorrido pelos seguidores de Antônio Conselheiro na Guerra dos Canudos.
Atuando como jornalista e correspondente do jornal O Estado de São Paulo, Euclides da Cunha contextualiza a figura do sertanejo como um forte, antes de tudo.Homem de aparência frágil ao primeiro olhar, desengonçado e abatido, permanentemente fatigado, transfigura-se de forma surpreendente ao aparecimento do primeiro incidente, firme e forte, um contraste que se impõe.
As condições estruturais da terra vinculam à violência máxima dos agentes exteriores; o isolamento da região foi predominante para a diferenciação étnico- racial, impossibilitando a mistura e o convívio com o povo litorâneo, fatores predominantes para a construção desta figura ambígua que é o sertanejo típico.
Segundo os relatos da obra, o elemento causador da desavença, a luta do sertanejo e o enfrentamento ao superior exército brasileiro deveu-se a uma desavença local ocasionado pela aquisição e quebra de contrato de um lote de madeiras para a construção de uma igreja em Canudos, originando ameaça à cidade de Juazeiro. Esta, incompetente para resolver o conflito, delegando para níveis superiores até chegar à esfera federal e uso da força máxima.
A Guerra dos Canudos vai além do relato do conflito entre sertão e litoral, guerrilha e exército, civil e militar; principalmente mostra o contexto histórico e regional com seus problemas de ordem econômica, políticos e sociais e a incapacidade dos gestores políticos e agentes públicos em gestão de conflitos e interesses.
Os Sertões é um livro do escritor e jornalista brasileiro Euclides da Cunha, publicado
em 1902, considerado como o primeiro livro-reportagem brasileiro. Trata da Guerra de
Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Euclides da Cunha presenciou uma parte da
guerra como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo; pode ser entendido como
uma obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana, mas não é errado lê-lo como uma epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão da elite. Considerado pelo crítico Enio Squeff como uma das três grandes epopeias da Língua Portuguesa, ao lado de Os Lusíadas e de Grande Sertão: Veredas
O autor faz uma análise da psicologia do sertanejo e de seus costumes, é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento, crença e costume. O determinismo julgava que o homem é produto do meio (geografia), da raça (hereditariedade) e do momento histórico (cultura).
Um expoente em seu tempo, a obra Os Sertões retrata o contexto político e social de uma época e leva ao mundo o retrato do Sertanejo, seu modo de vida e suas convicções. A figura de Antônio Conselheiro e a riqueza de detalhes com que é retratada a Guerra de Canudos, expondo os fatos que dizimaram sua população, criando um retrato real só possível por testemunha ocular da fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra. Uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, fazendo desta obra uma das mais importantes da língua portuguesa e gravando na memória deste país o relato de um crime ocorrido contra uma população.
Sandro Ferreira Gomes, Professor de Língua Portuguesa, Servidor Público na Biblioteca Monteiro Lobato, Gravataí ... Porto Alegrense, admirador das belas artes, das culturas, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.
03 ANOS DE COLETIVEARTS
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6 Comentários
Nunca li o livro, mas já assisti ao filme Guerra de Canudos
ResponderExcluirA obra literária é incrível, não? Literatura e historia andando juntas ... sou um apaixonado por estes relatos, meu primeiro contato com este tema deu-se nas aulas de historia do Brasil da 7º série ... após, voltei ao tema no ensino médio e na Faculdade, esta dissertação apresentada foi de uma prova de dissertação, de bate pronto! Adorei. O livro é muito bom, vale a pena!
ExcluirAinda não li essa obra, fiquei com muita vontade de ler ao ouvir teu relato sobre a obra
ResponderExcluirMuito obrigado! Espero que goste ... para mim, foi uma experiência magnífica, meu primeiro contato com esta historia deu-se aos treze anos ... é uma obra significativa.
ExcluirSem dúvida, a genialidade de Euclides deve-se à exuberância de sua observação de fatos históricos transpostos à literatura, em uso de seu talento jornalístico e documentarista. Recordo a passagem do" beijo no crucifixo " enquanto representação além das aparências.
ResponderExcluirExcelente observação ... um retrato do que foi uma mácula na historia deste país, a meu ver. Euclides criou uma nova forma de escrever, iniciou ali o jornalismo investigativo, o trabalho de campo, e este trabalho realizado pelas mãos de um escritor talentoso como ele, deu este resultado maravilhoso que é a obra Os Sertões.
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