TECITURA

Jogos Pan-Americanos 1987 ... e o Brasil, 
fazendo história!
Oscar, Marcel e companhia ...


Faz frio no Rio Grande do Sul. Muito frio! O inverno de 2021 está sendo como a anos não era. Frio, umidade no ar, chuva ... e o vento Minuano castigando. Sim, aqui temos o Vento Minuano, tradicional, histórico, responsável por inúmeros contos, relatos, histórias ... passa “assoviando”, um vento gelado que emerge dos pampas gaúchos, dizem que se origina na Argentina. Só pode! A Patagônia e as geleiras Argentinas são terrivelmente frias! Para se ter uma ideia, antes do inverno chegar, final do nosso outono, tivemos dias mais frios do que na Groelândia e na Islândia, segundo relatos da rádio Gaúcha. “Eles” devem ter ficado cheios de inveja nossa! Kkk ... Ontem, dia 28 de julho, relatos e fotos de neve aqui, muita neve! A Serra gaúcha embranqueceu, uma amiga que mora em Caxias do Sul postou fotos de seu neto brincando na neve. Vídeos surgiram nas redes sociais sobre intensa neve em Gramado. Minha amiga paulistana Priscila Lindenback iria delirar! É o sonho dela. Adora frio! Já viram isso, alguém adorar frio? Pois Priscila se diz uma apaixonada pelo frio. Em outras vidas, creio ela ter nascido nórdica ou em algum outro lugar de frio intenso. Mas enfim! 

Dias atrás, fui buscar minha filha no trabalho. Geralmente travamos intensos debates nestes percursos, sobre tudo! Com seus 19 anos, ela me mantém “atualizado” sobre a linguagem da nova geração. E discorremos sobre vários assuntos, geralmente. Já descobrimos a solução para vários problemas atuais, digno de discursos de muitos
candidatos a vereador! Neste tom descontraído, falamos de coisas sérias e sempre emerge temas pontuais e reflexões importantes. Gosto de frisar que eu não sou uma pessoa descrente, que somente enxerga o negativo e não vê esperanças para o futuro. Não! Em relação ao nosso país, por exemplo. Minha leitura é que somos uma potência continental, apenas sofrendo com as má-administrações recorrentes, o que atrasa nosso progresso. Mas somos capazes de grandes feitos! Ah, e como somos! E partindo destes argumentos, neste dia mencionei a ela feitos inimagináveis orquestrados pelo esporte brasileiro, por exemplo, em várias áreas ... Judô com Aurélio Miguel, João Derli e Mayra Aguiar; Natação com Ricardo Prado, atletismo com João do Pulo, Joaquim Cruz e Daiane dos Santos, Vôlei com a geração anos 1980, Renan, Montanaro, William, Bernard, Xandó e Cia, a Sele-Inter no futebol, Ayrton Senna no automobilismo, Gustavo Kuerten no Tênis, antes deles o boxeador Eder Jofre, a também tenista Maria Esther Bueno ... e teve a Seleção Brasileira de Baquete nos jogos Pan-Americanos de 1987.



Jogos Pan-Americanos de 1987, disputados em Indianápolis, USA. Basquete não é o esporte mais tradicional do Brasil, um país apaixonado pelo futebol. Não sei em que posição neste “ranking” de preferências o basquete brasileiro se encontra. Temos o futsal, vôlei, vôlei de praia, surf, atletismo, automobilismo, judô, MMA, boxe, basquete, tênis ... qual escala encontra-se estes esportes, desconheço. Mas o Brasil tinha uma ótima seleção de basquete naquele 1987. Era a geração de Oscar Schmidt, Marcel e Guerrinha.

Mas o Pan era nos USA, terra da temível seleção norte-americana, onde o basquete tem
status de paixão nacional. Detentores de uma das ligas esportivas mais forte do mundo, a NBA, o basquete americano é digno de estudos, e o sistema com que fomentam os esportes é invejável, com as ligas universitárias em sua base, unindo esporte e educação. Mas e os jogos. Bom, o Brasil contava com uma seleção forte, mas subestimada pelos americanos, que sob o status de uma superpotência neste esporte, não enxergava perigos à sua supremacia. Nesta época, os USA mandavam aos jogos Pan-Americanos e às Olimpíadas seus times universitários, amadores. Os profissionais da NBA não eram chamados, tal a qualidade de seus jogadores. Apesar de ser um time formado por jogadores universitários, os USA levaram às quadras nomes que mais tarde tornaram-se grandes astros da NBA, caso de David Robinson, Red Chapman, Dan Majerle e Danny Manning. Do lado Brasileiro, Oscar, Marcel, Guerrinha, Israel, Cadum, Pulinho Villas Boas. Uma mudança nas regras ocorrida três anos antes, implementando a linha de três pontos, faria toda a diferença para o Brasil. Os americanos, apesar de usarem esta regra desde 1979 na NBA, não tinham a cultura de usá-la. E o Brasil usou magnificamente esta regra como estratégia de jogo. E assim venceram! Oscar e Marcel eram especialistas em arremessos longos, de três pontos. Primeiro tempo terminou com vitória parcial norte-americana. Então veio a segunda etapa! Com saídas rápidas, intensa movimentação e Marcel e Oscar calibrando seus arremessos, o Brasil venceu! Os dois cestinhas brasileiros anotaram 55 dos 66 pontos feitos na segunda etapa. Final, Brasil 120x 115 USA. Os americanos perderam em casa, diante de seu público!



"Esse jogo mudou a minha vida. Nós lutamos contra o impossível e vencemos o invencível. Depois daquele dia, eu passei a acreditar que posso fazer 
qualquer coisa na vida."
- Marcel

Após os jogos Pan-Americanos, os Estados Unidos ainda perderiam o ouro em Seul, em 1988. Ficariam com a medalha de bronze, abrindo um sinal de alerta para eles. Até então, só não tinham conquistado o ouro olímpico uma única vez, nos Jogos Olímpicos de 1972.


Esta partida é considerada um marco no basquetebol mundial, e trouxe como consequências, a notoriedade à qual passaram a ser tratadas as bolas de três pontos, como estratégia importante de jogo; e após esta derrota, somada com a derrota na Olimpíada de Seul, fez com que os americanos enxergassem a evolução do Basquete mundial e lutassem para levar os profissionais para os jogos, os ídolos da NBA, nascendo aí o “Dream Team”, utilizados já na Olimpíada de 1992.


“Aquele jogo teve dois impactos profundos no basquete. O primeiro é que mudou o pensamento americano, a derrota de 87, mais a derrota para a Rússia em 88 na Olimpíada, isso fez o país pensar que não dava mais para mandar os meninos da universidade. E a outra coisa que aconteceu é que as pessoas viram como aquele time do Brasil jogava. Descidas muito rápidas, grandes movimentos com a bola e 
muitos arremessos! Você vê o Golden State Warriors atualmente e outros 
times da NBA tentando ter esse mesmo estilo.”
 - Bill Benner, diretor de comunicação do Indiana Pacers

A partida de basquete entre Brasil e Estados Unidos está entre as cem maiores transmissões da televisão mundial, ocupando o 40º lugar.

E Oscar Schmidt. Oscar é o maior jogador de basquete brasileiro de todos os tempos, e o mais longevo também, inclusive mundial, com uma carreira que durou 26 anos. Convidado diversas vezes, nunca aceitou jogar na NBA. Apesar disso, superou a marca como o maior pontuador da história do basquete, superando Kareem Abdul Jabbar (este merece um capítulo à parte, Kareem e seu “Gancho Celestial”. Este jogador foi também um grande ativista pelos direitos civis e está no mesmo patamar que se encontra Cassius Clay, ou Muhammad Ali). Superar o lendário Kareem já é, por si só, memorável! Foi nomeado um dos 50 maiores jogadores do Basquete pela FIBA (Federação Internacional de Basquete), entrando para o Hall da Fama desta, e faz parte também do Hall da Fama do Basketball Hall of Fame dos USA sem nunca ter jogado na NBA, e para o Hall da Fama do Basket Itália. Laurindo Miura foi o primeiro treinador de Oscar, que desenvolveu um trabalho especial de coordenação para ele, servindo este treinamento de base para seus arremessos.


Tantos exemplos de força, superação, trabalho em equipe, compartilhamento ... e isso só nos esportes! Tanto mais há na cultura, na educação, em todos os campos do pensamento e conhecimento. O Brasileiro é um forte, antes de tudo! E este pensamento faz com que eu tenha sempre renovada a esperança, transmitindo este pensamento à minha filha, sempre! 


Acompanhe o minuto final e o começo da comemoração do Brasil:


 

Sandro Ferreira GomesProfessor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.

Sandro Gomes














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Sempre algo interessante
para contar!

 

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2 Comentários

  1. Esse jogo tem uma.imagem icônica dos atletas brasileiros debrulhando em lágrimas ao fim da partida.Emoção a flor da pele

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  2. Foi um marco! Estes jogadores fizeram história. Derrubaram um Gigante!

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