GUIINHO, UM SER QUE DANÇA
No dia 09 de agosto de 2021 aconteceu no Instagram do ColetiveArts a primeira edição do MILÃO - Mostra de novos talentos, apresentada pelo Coletive e comandada por Pablo Wulff, com um pessoal jovem, cheio de energia e muita arte.
Um dos jovens talentos que se apresentaram naquela noite foi um rapaz apaixonado pela dança. O nome dele? Guiinho. E nós do Arte e Cultura fomos conversar com ele, saber um pouco mais deste jovem dançarino cheio de magia e sonhos no olhar.
GUIINHO
JORGINHO: Quem é o Guiinho?
GUIINHO: Olá, me chamo Guilherme do Nascimento dos Santos. Conhecido como Guiinho (apelido que minha sogra me deu, eu gostei muito e aderi), tenho 27 anos, sou soldador em uma metalúrgica e também dançarino. Descobri a dança em 2006, meu falecido pai, que sofreu um infarto no final do ano passado, sempre gostou de músicas de hip hop. Eu, por minha vez, não gostava muito, mas o som do hip hop sempre esteve presente na minha infância por influência do meu pai.
Eu e meu irmão Dionathan sempre ouvíamos hip hop e dali ficou o interesse em continuar escutando, morávamos no interior e não tínhamos acesso à internet e muito pouco à influência das danças, só as músicas mesmo. Lembro que em uma festa de aniversário, meu pai nos deixou ouvir o rádio e os CDs que ele tinha, eu e meu irmão sempre sentimos uma vontade imensa de nos movimentarmos ouvindo música, mas não sabíamos como nos expressar. Lembro que nesse dia nós dançamos muito, lembro até o nome da música, era uma do grupo Tragedy, "Hey Oh". Era sucesso naquela época, sei por que todos os CDs do pai tinham essa música.
Assim começou a nossa vida na dança! No ensino fundamental tivemos nossa primeira vivência com pessoas em uma escola no interior dançando. Foi incrível, a partir desse dia, a gente começou a dançar e pegar gosto pelo movimento. No ensino médio tivemos acesso a grupos de dança (já morávamos no centro de Gravataí, onde ficou mais fácil o contato).
Clipe original do grupo Tragedy, com a música Hey Oh.
JORGINHO: O que a dança significa para você ?
GUIINHO: A dança para mim significa liberdade, sempre foi uma forma de eu ser quem eu realmente sou. Quando eu ouço a música, é como se na minha cabeça eu a desmembrasse e soubesse onde fica cada pedacinho, e esses pedacinhos eu encaixo nos meus movimentos, já passei semanas ouvindo a mesma música para fazer coreografias na escola! Já arranhei CDs fazendo isso.
Quando morávamos no interior com a nossa avó trabalhávamos bastante, então a única hora que podíamos dançar e brincar era na escola. A escola foi muito importante para o desenvolvimento desse gosto pela dança! Agradeço a cada um pelo apoio!
JORGINHO: Você já sofreu preconceito por ser um homem negro na dança? Se sim, como você
lidou e faz para lidar com situações deste tipo?
GUIINHO: Nunca sofri preconceito por ser um homem negro na dança, pelo menos não diretamente. O que já ouvi é que pelo fato de ser negro, eu tinha que saber dançar breaking (estilo de dança), como piada. Na época eu não dava bola e até dava risada, não entendia o que queriam dizer.
JORGINHO: Quais as tuas influências na dança ?
GUIINHO: Minha adolescência (já morando do centro e com mais acesso) foi o cantor Chris Brown, assistia aos clipes das músicas e queria dançar, me inspirou muito. Michael Jackson também me influenciou com seus passos incríveis, o famoso Moonwalker, eu tive que aprender a fazer os movimentos. Queria ter acompanhado mais a carreira dele quando estava no auge, porém não tive oportunidade por falta de acesso.
James Brown também me influenciou muito, acompanhei os passos e músicas, outros cantores também e muitos dançarinos dos quais são tantos e não caberiam todos aqui. Mas os principais são esses, acredito que a essência de cada um me ensinou muito!
JORGINHO: Quais os sonhos do Guiinho na dança?
GUIINHO: Meu sonho é poder dar aulas de dança. Com a conclusão do meu curso, quero tentar um projeto junto à prefeitura. Tive um pouco de dificuldade para ter acesso às escolas de dança onde moro, pela questão de valores, etc. Quero um projeto que eu possa ensinar de graça ou por um valor simbólico!
JORGINHO: Como você, como um ser da arte, sensível, enxerga esse momento político e cultural no Brasil?
GUIINHO: Sinceramente eu não acompanho muito. Sei onde tenho acesso ou não, sei que o investimento com a cultura é muito escasso, por isso cada vez mais a procura é menor. Vejo que a arte é considerada um hobbie, ninguém vê como trabalho, acham que a gente precisa se apresentar de graça, pelo amor à arte. Temos amor sim, amor pela arte e pela cultura, mas treinamos e trabalhamos para sermos os melhores em cada movimento, não somos bons por acaso, tem dedicação. Existe amor no que fazemos, arte é trabalho!
JORGINHO: Qual o conselho que você daria para os
menino que querem aprender a dançar?
GUIINHO:Se você gosta e acredita nisso, corra atrás e se dedique! Existe muita gente que diz que dança (arte) não enche barriga, já ouvi e ouço muito isso. Busque por aprendizado e influência, ouça o que é pertinente para você. A dança te escolheu, a arte te escolheu, você é especial e isso está dentro de você.
Cada passo é um passo, aprenda um de cada vez até aprender a todos, siga o que está dentro do teu coração, ele nunca erra. Já é a terceira vez que eu tento fazer essa graduação, as outras vezes foram por questões financeiras. Hoje faço técnico em mecânica (minha área de trabalho) e faço dança o que é o meu sonho! Não desiste hoje não! Dê a volta, mas nunca desvie o olhar do objetivo!!
Instagram Universo Guiinho: https://www.instagram.com/universo_guiinho/
"Cada passo é um passo, aprenda um de cada vez até aprender todos, siga o que está dentro do teu coração, ele nunca erra. Já é a terceira vez que eu tento fazer essa graduação, as outras vezes foram por questões financeiras. Hoje faço técnico em mecânica (minha área de trabalho) e faço dança, que é o meu sonho! Não desiste hoje não! Dê a volta, mas nunca desvie o olhar do objetivo!!"
- GUIINHO
Jorginho |
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