CARNE DIGITAL: ARQUIVO EVA SCHUL
Hoje, às 20h, a cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil estará dando um passo importante em sua história, pois será lançado o site Carne Digital: arquivo Eva Schul (www.ufrgs.br/ carnedigital) no canal do Youtube Carne Digital (https://www.youtube.com/channel/UCbekVij6z2nskqWcub47sYg), com a presença mais do que especial de Eva Schul e das coordenadoras do projeto, as professoras doutoras Mônica Fagundes Dantas e Suzane Weber da Silva. O site trará um arquivo digital sobre a vida e a obra de Eva Schul, exibindo documentos, fotos, vídeos e uma biblioteca digital de movimentos. Carne Digital: arquivo Eva Schul é um projeto de extensão vinculado ao projeto de pesquisa "Arquivos Digitais em Artes Cênicas: construção de memórias e inovação tecnológica", do grupo de pesquisa em Práticas de formação, criação e documentação em dança e performance.
A elaboração da biblioteca digital de movimentos é um dos grandes desafios do projeto, pois supõe a captação de dados cinemáticos por meio de sistemas de captura de movimentos referentes à técnica de dança desenvolvida por Eva Schul e sua transformação em avatares dançantes. Os procedimentos para elaboração da biblioteca digital de movimentos abrangem: seleção dos exercícios e sequências de movimento a serem captados; captura dos dados cinemáticos pelo sistema escolhido; digitalização e processamento dos dados cinemáticos; edição dos dados cinemáticos em modelos 3D, transformando-os em sequências de movimentos corporalizados por avatares dançantes; integração das imagens geradas pelos avatares dançantes ao arquivo digital.
EVA SCHUL
Uma linda homenagem para essa que é uma das maiores referências da dança e que formou e influenciou gerações de dançarinos. Eva Schul, acima de tudo, é uma grande batalhadora da arte. Inquieta por natureza, é uma aquariana nascida no dia 03 de fevereiro de 1948, em Cremona, na Itália, num campo de refugiados do pós-guerra.
Ela chegou ao Brasil com a família em 1956, depois de uma passagem pelo Uruguai. Estudou balé na escola da professora Maria Júlia da Rocha (1928-1987), em Porto Alegre/RS. Em 1963 participou do 1° Congresso Nacional de Dança em Curitiba, onde conheceu a dança moderna. Em 1964 viajou para Nova Iorque, para um estágio no New York City Ballet. No seu retorno, continuou a estudar balé, agora com Tony Pethzold (Antônia Seitz Petzhold, professora de dança descendente de alemães, radicada em Porto Alegre, 1914-2000) e ingressa no Curso de Artes Plásticas do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
No início dos anos 1970 foi para Montevidéu/Uruguai, estudar dança moderna com Elsa Vallarino e os princípios da análise do movimento de Rudolf Laban, com Hebe Rosa. Depois, na Argentina, conheceu a técnica de Martha Graham, através das aulas de Renate Schotelius (1921-1998) e Ana Itelmann (1927- 1989).
Em 1975, Eva assiste ao espetáculo da Nikolais Dance Theatre em Porto Alegre e conheceu pessoalmente Alwin Nikolais, que a incentivou a seguir para Nova Iorque. A partir de então, passou longas temporadas na cidade, estudando com Nikolais e, principalmente, com Hanya Holm (1893-1992). Em um de seus retornos à Porto Alegre, Eva Schul cria o Espaço e o Grupo Mudança, que se tornam um local de experimentação em dança e em diferentes tipos de expressão. Com o Grupo Mudança, Eva cria os espetáculos Um Berro Gaúcho (1977), Metamorfose (1978) e Alice (1979).
Em 1978, Eva Schul foi convidada por Antônio Carlos Kraide, diretor teatral, para colaborar, como preparadora corporal, da montagem de Os Saltimbancos em Curitiba. No ano seguinte, é convidada para ministrar uma oficina para atores do Teatro Guaíra, na mesma cidade. Foi então chamada para dar aulas de dança moderna para o Balé Teatro Guaíra, a fim de preparar os bailarinos, de formação clássica, para propostas mais contemporâneas. Em seguida, começa também a ensinar na Escola de Dança e no Curso livre de teatro, pertencentes ao Teatro Guaíra. Em 1984 integra o grupo de professores que cria os Cursos Superiores de Dança e Teatro da Fundação Teatro Guaíra, em convênio com a PUC/Paraná. Em paralelo, torna-se diretora e coreógrafa do Grupo de Dança da FTG/PUC, coreografando também para o Grupo Independente do Curso Superior de Dança.
Nesse contexto, Eva cria coreografias que impactam a cena brasileira, como Ecos do Silêncio (1983), Cantiga para ninar gente grande (1984), Reflexos do Espelho (1985), Jungle (1986), Hall of Mirrors (1986), Pantanal (1987), Tiro liro livre (1988), Reflexos (1989), entre outras. Eva também trabalha em Florianópolis, onde cria Mater Fillis (1990) para o grupo Ballet Desterro, e Canções (1991), para Álea Grupo de Danças.
No início dos anos 1990, Eva retorna à Porto Alegre e cria a Ânima Companhia de Dança, onde refina e consolida os procedimentos técnicos, criativos e pedagógicos que sustentam sua poética e produz mais de 30 espetáculos. Coreografa Três Segredos Interiores (2000) para a Cia. Municipal de Caxias do Sul, Voar é com os pássaros(2010) para a Mimese Cia. de DançaCoisa, Salão Grená (2014) e Água Viva (2015) para a Companhia Municipal de Dança de Porto Alegre.
Em 1996, torna-se Coordenadora de Dança do Instituto Estadual de Artes Cênicas do Rio Grande do Sul (IEACen/RS), assumindo a coordenação do IEACen de 1997 a 1999 e de 2003 a 2005.
No entanto, é como artista e pedagoga que Eva continua a marcar indelevelmente o cenário da dança. Em 2006 transfere suas aulas de dança contemporânea e o trabalho com o Ânima Companhia de Dança para Sala 209 da Usina do Gasômetro, integrando o Coletivo da Sala 209/Projeto Usina das Artes até a extinção do projeto, em 2017. A partir de 2007, torna-se também professora do Grupo Experimental de Dança da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Para Eva, sua produção coreográfica tem valor à medida em que alimenta a criação coletiva e que ensina os bailarinos a se reinventarem e a reinventarem a própria dança. Com o encerramento do Projeto Usina das Artes e da Sala 209, Eva transfere suas atividades para o estúdio montado na sala de seu apartamento. Em 2017 foi uma das coreógrafas convidadas para participar do 3º Ateliê Internacional São Paulo Companhia de Dança, onde ministra workshop e coreografa Passion Patrona. Em 2020, com a pandemia do Covid-19, Eva passa a ministrar suas aulas em ambiente digital utilizando-se de plataformas de videoconferência.
Para celebrar esta data tão significativa, fomos conversar com Eva Schul
EVA SCHUL
JORGINHO: Como você está se sentindo com esse lindo reconhecimento que é o arquivo Carne Digital?
EVA SCHUL: É claro que estou extremamente honrada com este projeto, mas, acima de tudo, muito feliz em ter a possibilidade de dar continuidade ao meu trabalho, tanto como educadora quanto como artista engajada que sou, e poder alcançar futuras gerações com as profundas questões humanas que assolam os nossos tempos.
Foto: Eduardo Carneiro |
JORGINHO: O que veremos neste belo Arquivo Digital?
EVA SCHUL: Nesse arquivo digital, para posteriores pesquisas, estarão jornais, fotos, textos, entre outros. Alguns vídeos de coreografias e um início de motion capture de exercícios para compreensão dos princípios que norteiam minha técnica. Com o tempo, mais material irá sendo acrescentado.
É importante salientar que este projeto é da Profª Drª Mônica Dantas que, juntamente com as também Profas. Dras. Suzane Weber e Aline Hass, criaram um espaço para ele dentro da UFRGS, com hospedagem no Lume (repositório de acesso às coleções digitais produzidas na UFRGS) e apoio do laboratório de moção da faculdade de Educação Física, em conjunto com as faculdades de Dança e Artes Cênicas. Também lançam mão de bolsas de iniciação científica, uma vez que não há nenhum aporte financeiro por parte da instituição.
Foto: Eduardo Carneiro |
JORGINHO: Como você vê a dança que é produzida no Brasil atualmente?
EVA SCHUL: O Brasil é um país gigantesco, com uma imensa variedade de culturas, não falando das produções pandêmicas, temos as mais ricas, atuais e variadas criações que obedecem às demandas culturais geográficas, aliadas às aproximações das linguagens periféricas urbanas, mas, acima de tudo, com a vasta criação de formação acadêmica disseminada por todo o país, cada vez mais as criações ganham qualidade, profundidade e espaço internacional.
JORGINHO: Como você está percebendo as inovações tecnológicas nos espetáculos de dança?
EVA SCHUL: Há alguns anos vemos as inovações tecnológicas invadindo as criações artísticas, agregando possibilidades e inovações.
Foto: Eduardo Carneiro |
JORGINHO: Qual o conselho que a Eva pode dar para quem quer se dedicar à dança?
EVA SCHUL: O maior conselho que posso dar ao jovem artista é buscar conhecimento, ver muita produção artística para possibilitar fazer escolhas. Muita dedicação e, acima de tudo, não esquecer que a arte deve e pode sensibilizar, iluminar, ilustrar ideias, tocar e fazer pensar.
Foto: Eduardo Carneiro |
Para conhecer uma pouco mais de Eva Schul, assista ao documentário Figuras da Dança 2013 I EvaSchul:
Assistam à Carne Digital: Arquivo Eva Schul live de lançamento
Clique aqui
Para conhecer à Carne Digital: Arquivo Eva Schul, Clique aqui
Foto: Natália Schul |
O maior conselho que posso dar ao jovem artista é buscar conhecimento,
ver muita produção artística para possibilitar fazer escolhas. Muita dedicação
e, acima de tudo, não esquecer que a arte deve e
pode sensibilizar, iluminar, ilustrar ideias,
tocar e fazer pensar.
- Eva Schul
Jorginho |
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