Amaral e os Stones
Amaral era um rapaz bem popular. Simpatia em pessoa, era conhecido por onde andava em Nilópolis, bairro em que residia com sua família. No domingo, quando ia à feira, mesmo para uma pequena compra, demorava uma eternidade para voltar para casa. Não tinha um domingo que, depois da feira, não comia um franguinho assado, bebia uma dose de cachaça e duas cervejas.
A bordo do seu Chevette bem conservado, diga-se de passagem, Amaral rodava com ele para tudo e para qualquer lugar. Sempre tinha um cigarro Malboro dentro do carango, isso não poderia faltar, era um fumante inveterado. O cigarro o levava a certa calmaria, pois tinha vezes que o dia a dia lhe deixava bem estressado. E quando bebia? Entrava em órbita, divagava em seus pensamentos. E quando escutava música, era como se estivesse no céu, vendo os anjos celestiais.
Por falar em música, o nobre rapaz é um grande apreciador de rock n' roll. Onde tinha uma banda, lá estava ele. Acabou tornando-se uma figura tarimbada na cena. Até fora do Rio ele foi curtir alguma banda ou evento relacionado ao estilo. Era só ligar o Chevette e lá ia Amaral botar o pé na estrada, rumo ao paraíso. Sempre tinha um bom repertório no som do carro. A gavetinha do carro sempre com algum CD.
Mas tinha uma banda em especial que Amaral era aficcionado: os Rolling Stones. Tinha tudo da banda em casa. Tinha ido ao primeiro show da banda aqui no Rio em 1995, lembrava-se com carinho desse dia, além de ter visto a sua banda do coração, arrumou uma namorada na plateia. O caso não teve um futuro, mas rendeu uma boa transa depois do show e uma gravidez indesejada. Mas quis o destino que a moça tivesse um aborto espontâneo e assim cada um seguiu o seu caminho.
O ano era 2006, e novamente os Stones pisam em solo carioca. Só que agora o show seria na praia de Copacabana. Dessa vez, Amaral tinha que tentar chegar perto da banda. Como a banda ficou hospedada no Copacabana Palace e o palco era em frente ao hotel, lembrou-se que tinha uma amiga que era camareira deste hotel. Entrou em contato com a velha amiga e perguntou se teria alguma chance de ela dar um jeito de ele entrar no hotel para ver os integrantes da banda de perto.
A camareira arrumou um uniforme para Amaral e o mesmo adentrou o hotel como fosse mais um funcionário. Amaral entrou no Copacabana Palace como se estivesse chegando ao paraíso. Escutou um funcionário do hotel dizer que algum membro da banda estava na piscina do hotel. Foi disfarçadamente para lá, sem correr o risco de perceberem que ele era um mero fã da banda. Chegando ao local, avista Keith Richards e Mick Jagger conversando. Keith Richards fumando seu cigarrinho e uma bela mulher ao lado e Mick bebendo um vinho. Amaral ficou com os olhos cheios d’água e estupefato em ver seus ídolos de perto.
Não quis falar, tirar fotos ou pedir algum autógrafo. Não quis ser um chato e incomodar. Ficou feliz em só ver seus heróis do rock n' roll de perto e foi embora pisando em nuvens. Agora era só esperar o dia seguinte, pegar um bom lugar na areia e apreciar ao show.
Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista. Também escreve a coluna "A música segundo o Filósofo".
03 ANOS DE COLETIVEARTS
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2 Comentários
Que legal essa história e que educado esse fã, que não atordoa os seus ídolos
ResponderExcluirFico contente que tenha gostado meu anjo.Esse é um fã consciente
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