DANIEL FILÓSOFO

 

Fantasma no palácio do Catete

No morro Tavares Bastos, no Catete, mora Da Conceição. Um jovem rapaz, de estatura mediana, mulato e magrinho. O jovem rapaz não era favorecido com um corpo esbelto.

Mas Da Conceição era um rapaz esforçado e persistente. Ia à luta sempre em busca do que queria e gostava. Uma das coisas que ele gostava era a capoeira,  aprendeu com o mestre Marcão a arte da capoeira. Foi um aluno aplicado e tornou-se o melhor lutador de capoeira da redondeza, essa fama se espalhou por todo bairro do Catete e no Largo do Machado. 

Numa apresentação da turma do professor Marcão no Largo do Machado, num belo domingo de sol, o chefe da segurança do palácio do Catete estava vendo a apresentação. Encantou-se e foi conversar com o mestre Marcão que era um velho conhecido, e já haviam trabalhado juntos como segurança. Depois de muito bate papo e boas lembranças, Teixeira fala que estava à procura de algum rapaz jovem e forte para trabalhar na segurança do palácio do Catete à noite. Os dois seguranças que tinham estavam perto de aposentar e já estavam bem cansados devido à idade.

O escolhido para a função foi Da Conceição. Por estar se destacando na capoeira, ser jovem e com disposição e querendo descolar um troco, que se faz necessário, pois tem duas bocas pra sustentar. O rapaz aceitou sem pestanejar, o serviço ia começar na segunda. Voltou para casa feliz e empolgado com a conquista de um trabalho, só não imaginava o que ocorria de madrugada no palácio do Catete.

Chegado o primeiro dia de trabalho. Da Conceição está bem arrumado, e com o terno bem alinhado para o oficio, desce o morro em partida para o local do mesmo. Tem a vantagem que do Tavares Bastos dá para ir caminhando ao Palácio e não corre o risco de chegar atrasado. Já no local de trabalho, se apresenta ao seu superior e toma nota do que tem que ser feito no seu plantão.

Só teve um pequeno detalhe que não foi passado pelo seu chefe. De madrugada, o fantasma de Getúlio Vargas vagava pelo palácio e andava como ainda fosse presidente do Brasil. Como o bom rapaz ainda era novato, Teixeira não quis assustar o rapaz, com medo de que ele não quisesse mais o trabalho.

Por volta de uma da manhã, começa o fantasma de Getúlio a andar pelo palácio. Da Conceição estava fazendo a ronda pelo local e começa a escutar uns barulhos meio estranhos vindo do quarto em que o ex presidente tinha se matado. Foi bem devagar e sem fazer barulho ao quarto ver o motivo do barulho. Abriu a porta bem devagar e toma um enorme susto. Vê Getúlio Vargas sentado escrevendo na máquina de escrever e belisca a si mesmo, sem acreditar no que está vendo. E o pior: Getúlio inicia uma conversa com ele. Diz que está escrevendo um discurso para dizer à nação. O pobre rapaz fica atônito sem acreditar no que está acontecendo consigo, e jura nunca mais botar uma gota de álcool na boca.

Ao término do plantão, Da Conceição volta pra casa e diz à sua mulher que viu Getúlio Vargas escrevendo no quarto e falou com ele. Ela deu uma boa risada e juntos tomaram café, rindo desse desvario do rapaz.



Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista. Também escreve a coluna "A música segundo o Filósofo".















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