TECITURA

 


África histórica

Cachaça, cachimbo, cafundó, cafuné; dengo, moleque, farofa, neném, quitanda, samba; carimbó, jongo, cacuriá; catinga, titica, caxumba, bunda; jiló, quiabo, canjica, calombo, acarajé; atabaque, agogô, berimbau, afoxé, ganzá; capoeira, candomblé, umbanda, orixás; vatapá, caruru, moqueca, feijoada.

Continente origem da vida humana, cenário da vida selvagem, dos tambores e cores, arte e literatura originais, também dos abusos coloniais europeus, violência histórica do tráfico de gente e do contrabando de minérios. Um mundo que também fala nosso idioma, a África lusófona, sua história se confunde com a história da humanidade. Erroneamente julgada como povos sem história pois suas sociedades não utilizavam a escrita, hoje se sabe que diversas de suas culturas antigas conheceram formas peculiares de escrita, como o geêz, ou guez, na Etiópia, e o tifinagh, entre os tuaregues. A oralidade é fundamental nas sociedades africanas, mantendo a unidade cultural e memória dos seus povos.

“Aconteceu num debate, num país europeu. Da assistência, alguém me lança a seguinte pergunta:

- Para si, o que é ser africano?
Falava-se, inevitavelmente, de identidade versus globalização.
Respondi com uma pergunta:
- E para si, o que é ser europeu?
O homem gaguejou. Não sabia responder. Mas o interessante é que, para ele, a questão
de definição de uma identidade se colocava naturalmente para os africanos. Nunca para os europeus. Afinal, é a própria pergunta que necessita ser interrogada.”
Mia Couto

A África nunca foi isolada. Do litoral oriental, desde o mar Vermelho até o oceano Índico, diversos níveis de contato foram estabelecidos com persas, indianos, árabes e chineses, desde antes do século XVI. Às margens do mar Mediterrâneo, ao norte, desde o Egito até o Marrocos, as comunicações e relações entre os mercadores árabe-muçulmanos e os povos berberes e tuaregues originaram a civilização magrebina, e o deserto do Saara foi explorado por diversas rotas comerciais que ligavam os povos da Bacia do Níger e da floresta tropical desde o século VIII.

Somado a este trânsito de mercadorias, técnicas e ideias, havia também a circulação de escravos, fator que alimentava o maior fenômeno de migração forçada da humanidade: o tráfico transatlântico de escravos, que existiu entre a metade do século XV até a metade do século XIX, sendo responsável pelo deslocamento de mais de 10 milhões de pessoas para a Europa e, principalmente, a América.

Em torno de 4 milhões de africanos desembarcaram no Brasil, em sua grande maioria na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro, sendo o país o principal receptor de escravos na América, seguido pelas colônias inglesas nas ilhas do Caribe (Cuba e Jamaica), e pela colônia francesa de São Domingos, atualmente o Haiti.

Consequência desta herança colonial-escravagista é a contribuição do negro às diversas culturas, principalmente à brasileira. De valor inestimável, o termo “contribuição” é pouco dado a importância na construção da identidade cultural e linguística brasileira. A sociedade brasileira foi profundamente marcada por valores civilizatórios africanos, principalmente a gestualidade, a musicalidade e a expressão corporal que se fazem presentes na forma de ser do brasileiro. Contribuições dos brancos, e também dos povos indígenas nativos do país constituem, em seu conjunto, uma nova expressão, ímpar, nascida desta fusão dos muitos elementos de nossa herança mestiça, gerando expressões culturais genuinamente brasileiras.



África Contemporânea

África é um dos seis continentes do mundo, sendo o terceiro maior em extensão territorial, estendendo-se por mais de 30 milhões de Km², o que a faz ocupar cerca de 20% da área continental da Terra; neste território vivem mais de um bilhão de habitantes, fazendo dele o segundo mais populoso entre os demais.

Distribuído em 54 países e duas grandes regiões – o Norte da África e a África Subsaariana – também distribui-se em: África Central, África Meridional, África Setentrional, África Ocidental e África Oriental, conferindo a este continente uma das maiores diversidades culturais do planeta, refletidos nas mais de mil línguas existentes e nos inúmeros dialetos. Devido ao período da colonização europeia, as línguas das antigas metrópoles continuam em uso, como o francês no Senegal, o inglês em Gana e o português em Moçambique, ocorrendo linguagens híbridas (euroafricanas) em outros locais, como o crioulo em Guiné-Bissau e o africânder na África do Sul.


PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, compreendem: Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e São José e Príncipe.


Ocupando algum lugar entre o passado e o presente, modernidade e tradição, capitalismo e socialismo, o continente apresenta contrastes relevantes ao desenvolvimento sócio econômico mundial. Ainda pouco urbanizado, suas atividades são marcadamente agrícolas, extrativistas e voltadas para o comércio exportador de matérias primas, ao passo que apenas os países mais ricos investem em tecnologias de ponta; dos 30 países mais pobres do mundo, que apresentam problemas de subnutrição, analfabetismo e baixa expectativa de vida, pelo menos 21 são africanos. Mesmo contando com países com boa qualidade de vida, como a Líbia e República do Maurício e outros com índices de desenvolvimento econômico razoáveis, como a África do Sul (a maior economia africana), Nigéria, Marrocos, Tunísia, Argélia, Cabo Verde e São Miguel e Príncipe, não existe nenhum país africano realmente desenvolvido.


Africanidade – qualidade própria do que é africano; caráter específico da cultura ou da história da África; sentimento de amor ou de grande afeição pela África. Conceito que tem sido bastante discutido, trata da valorização e amplitude das culturas africanas, reconhecendo, significando e ressignificando suas práticas culturais, baseando os debates em áreas como História, Antropologia, Comunicações, etc., fundamentados no conceito de etnia em contraposição ao de raça.


Sandro Ferreira GomesProfessor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.


Sandro Gomes














03 ANOS DE COLETIVEARTS
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