ARTE E CULTURA



 PAUSA ATIVA
INTERVENÇÃO DO CORPO PRESENTE
E A CRIAÇÃO DE POSSÍVEIS


Dia 24 de outubro, domingo próximo em Gravataí/RS tem : PAUSA ATIVA - intervenção do corpo presente e a criação de possíveis.

Mas o que é o projeto PAUSA ATIVA? É um projeto que reúne criação, dança contemporânea, improvisação e performance. Ou seja , uma oficina imersiva de dança contemporânea misturando elementos da Técnica de dança de Eva Schul, das abordagens somáticas de movimento de Análise de Movimento Laban-Bartenieff, e da Escuta do Corpo de Jussara Miller (metodologia desenvolvida a partir da Técnica Klauss Vianna). Inspirada nessas referências, a aula será um momento de reflexão coletiva, aproximação com a dança e de microcriação artística através de sequências de movimento, experimentação corporal, conversas e improvisações por tarefas, pensando nas interferências que a cidade promove na construção do corpo, da subjetividade e da identidade das participantes.

Qual a intenção do projeto PAUSA ATIVA? A partir da pergunta norteadora "COMO A CIDADE E AS PESSOAS SE COCRIAM? ", o projeto quer convidar as pessoas  para movimentarem suas memórias relacionadas à cidade com o intuito de refletir coletivamente sobre como essas experiências afetam e influenciam suas vidas. E ainda quer incentivar danças pensando nas características do espaço como um aparato criativo e crítico. Visa incentivar a percepção do corpo através de movimentos inspirados na dança contemporânea e em abordagens somáticas do movimento. Será um momento para assimilar coletivamente as realidades individuais e articular modos simples de compor e apresentar suas danças e argumentações.

Como o projeto PAUSA ATIVA vai acontecer? A oficina acontecerá presencialmente em um encontro único com duração de até 3h na Praça Leonel de Moura Brizola no centro de Gravataí, em frente ao Quiosque da Cultura, e com participação limitada de até 15 pessoas. Para maior segurança serão distribuídas máscaras PFF2; ficarão disponíveis por tempo integral frascos de álcool em gel; e será mantida a distância mínima de 1,5 m por pessoa. Para participar não é necessário conhecimento prévio ou experiências anteriores em dança. A atividade se destina a todas as pessoas acima de 18 anos que tenham o interesse em expressar-se artisticamente através da dança.

É recomendado o uso de roupas confortáveis (maleáveis e soltas no corpo), sapatos confortáveis e o uso de protetor solar. É importante levar sua própria garrafa de água e não compartilhar utensílios com ninguém. 

FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO Interessades devem preencher o formulário de inscrição até o fim no hiperlink acima e aguardar a homologação. Na praça não há local para deixar objetos pessoais, por isso a responsabilidade e a responsabilização dos pertences pessoais são exclusivas das/dos/des participantes.

O responsável pelo PAUSA ATIVA é PEDRO HERENCIO, Arte-educador da Dança em formação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) através da graduação de Licenciatura em Dança. Atua como estagiário do Centro Municipal de Dança da Secretaria Municipal de Cultura - Prefeitura Municipal de Porto Alegre, e professor no Grupo Experimental de Dança (GED); bolsista de Iniciação Científica (PIBICCNPq) do projeto de pesquisa "Arquivos Digitais em Artes Cênicas: construção de memórias e inovação tecnológica”; estudioso da dança contemporânea a partir da técnica da mestra Eva Schul.

O Arte e Cultura foi conversar com Pedro Herencio, leia abaixo a entrevista de um ser que conta com a força e a sensibilidade necessárias para esse novo mundo que surge.

PEDRO HERENCIO



JORGINHO: Quem é o Pedro Herencio? Como você se define?

PEDRO HERENCIO: Eu sou alguém em um processo contínuo de percepção e de construção de si. Sou filho de um casal heterossexual cisgênero que se mudou para a metrópole com a promessa de “ascender na vida”. Sou fruto de um desejo, de uma relação que dura há 30 anos. Assim como as gerações anteriores e as próximas, sou uma promessa, uma esperança. Posso dizer que me considero cada dia um pouco mais arte-educador/professor-artista pois estou há alguns anos em formação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) cursando licenciatura em Dança.

Me defino como essa vontade de me profissionalizar, de aprender e aperfeiçoar saberes compartilhados pelos campos da Dança e da Educação. Um homem cisgênero, branco, homossexual, jovem adulto com 23 anos de idade, gravataiense, sul rio-grandense, brasileiro, latino-americano, bípede, artista, educador.


JORGINHO: Como surge a dança em sua vida? O que ela representa para você?

PEDRO HERENCIO: De maneira mais formalizada a dança surgiu pra mim, ou eu me aproximei dela, ainda quando criança. Uma amiga que morava na mesma rua que eu me convidou para ir assistir um ensaio da invernada (grupo de dança) onde ela dançava. Como nós éramos muito amigos e o CTG ficava no nosso bairro, decidi aceitar para saber se eu gostaria de fazer parte de um grupo. Então a dança surgiu para mim pela vontade de estar em um grupo, de conviver com pessoas, de me conhecer mais e aprender outras coisas dentro de um novo contexto. Nesse caso a minha entrada se deu através da invernada mirim do CTG Rincão da Amizade, localizado no bairro Parque Florido na cidade de Gravataí/RS.

Anterior a minha experiência nas danças tradicionais gaúchas, posso dizer que a dança já tinha surgido pra mim por outras vias de acesso, como por exemplo a televisão. Alguns programas de entretenimento, projetos de emissoras famosas na época da minha infância, como a MTV e a MIX TV, além da Rede Globo, transmitiam em comerciais e/ou videoclipes trechos de coreografias ou movimentos corporais sincronizados. Outra possibilidade de ter percebido a dança era quando tinham bailarinas ocupando os estúdios preenchendo as nossas telas em casa.

Mas o que acredito que tenha me levado pra dança foram as experiências com as festas de família sempre regada de muita música ao vivo, tocadas especialmente pelos meus tios e acompanhadas pelas danças das mulheres da família. Além disso, cresci num ambiente de religiosidade afro-brasileira, e nesse caso os ritos são regados, ou melhor, só acontecem através da tríade canto, dança e música. Para mim a dança representa a multiplicidade de maneiras de inventar modos de viver e de estar no mundo. Existem tantas maneiras de viver quanto corpos que dançam. Danças fundam pensamentos e materializam ideias através de movimentos. Não é à toa que para cada cultura existe algum tipo de convenção de movimento, uma forma compartilhada de transmitir impressões, desejos, expressões. Dança também é a profissão na qual eu decidi atuar e dedicar a minha vida, e isso na sociedade em que vivemos significa muito, ainda mais sendo o artista tão estigmatizado. Acredito que a dança seja um caminho legítimo para mudar as coisas, ou, pelo menos, questioná-las.


JORGINHO: Fale para o leitor sobre o projeto Pausa Ativa, sobre o que ele vai encontrar nele e o que te motivou à criação do mesmo

PEDRO HERENCIO: Pausa Ativa é uma oficina de dança contemporânea misturando elementos da Técnica de dança de Eva Schul, das abordagens somáticas de movimento de Análise de Movimento Laban-Bartenieff, e da Escuta do Corpo de Jussara Miller (metodologia desenvolvida a partir da Técnica Klauss Vianna). Inspirada nessas referências, a aula será um momento de reflexão coletiva, aproximação com a dança e de microcriação artística através de sequências de movimento, experimentação corporal, conversas e improvisações por tarefas, pensando nas interferências que a cidade promove na construção do corpo, da subjetividade e da identidade das participantes. Intimamente, Pausa Ativa: intervenção do Corpo presente e a criação de possíveis, procura uma chance de contradizer o discurso de produtividade, vigente na organização capitalista e meritocrática, como a única legitimadora da existência humana. Será a partir da Pausa (como metáfora), que construiremos um breve momento para assimilar as experiências de nossas vidas, a fim de refletir a partir da dança e criar múltiplos sentidos do valor da nossa vida em sociedade. Portanto deixo o convite para quem se interessar! Ela vai acontecer dia 24 de outubro, domingo às 14h, na Praça Leonel de Moura Brizola (Rua Anápio Gomes, 1641 - Centro, Gravataí - RS) e as inscrições estão abertas até o dia da oficina. O acesso ao formulário está em www.linktr.ee/intervencaopausaativa junto do programa completo da oficina.


JORGINHO: Como você enxerga o retorno das atividades presenciais  após esse longo hiato criado pela pandemia?

PEDRO HERENCIO: Acho que é um momento muito frágil, onde precisamos acionar a maior delicadeza que há dentro da gente. A pandemia causou danos irreparáveis e não é o encontro presencial que irá consertar isso. É preciso mais do que a volta da “normalidade”. É preciso uma nova perspectiva de mundo e eu espero que as pessoas memorizem isso. As realidade são tantas que é até difícil pensar sobre o que significa esse retorno. Enquanto para algumas pode ser um alívio, para outras pode ser um grande conflito, para outras sequer esse momento de retorno existirá, simplesmente porque não pode se isolar. Mas para as pessoas que, assim como eu, retornam agora, imagino que seja um momento de rever tudo o que acreditávamos ser possível.


JORGINHO: Como você, um artista, está vendo esse momento político cultural pelo que o Brasil está passando?

PEDRO HERENCIO: Apesar de me considerar artista sinto a necessidade de enfatizar o meu privilégio nesse contexto em que estamos vivendo. Digo isso porque ainda não vivo exclusivamente da arte e, nesse caso, talvez eu ainda não consiga experienciar diretamente a complexidade disso que estamos passando enquanto classe trabalhadora. Há diferentes graus de impacto sobre o que estamos passando, e isso não se limita exclusivamente ao artista. Estamos em uma situação muito crítica enquanto país, onde a miséria, a fome, o desemprego e o genocídio voltaram a ser impunes.

Desde o golpe de 2016, no antigo governo da única presidenta da república, o Brasil tem experimentado ataques severos e que se amplificaram após 2019. É lamentável e deveria ser inadmissível.


JORGINHO: Para o menino e a menina que querem iniciar na dança, qual o conselho que você pode dar?

PEDRO HERENCIO: Aconselho que elas busquem conhecer a diversidade de danças que existem. Aconselho que elas peçam pros seus familiares ajudarem ela a conhecer diferentes expressões da dança. E isso pode acontecer assistindo espetáculos e vídeos, aprendendo coreografias pela internet, se informando sobre coreógrafas (os), bailarinas (os), companhias e grupos de dança, ouvindo músicas e improvisando em casa, se divertindo com os movimentos do próprio corpo. Incentivo também a fazer aulas/oficinas/workshops com diferentes professoras (es), em diferentes espaços. Seja online ou presencial.

Quando essa vontade brota da criança acredito que esse seja o momento em que a família deva escutar e acolher a especificidade daquilo que ela procura. As práticas de dança e as metodologias utilizadas para o ensino são diversas e nem sempre funcionam para todas, o que pode fazer com que ela perca o interesse. Por isso é necessário pesquisar os serviços disponíveis, conhecer as profissionais que trabalharão com a criança, para que a dança seja para ela um espaço seguro, confiante e impulsionador das suas potências.


JORGINHO: Quais os teus planos para 2022?

PEDRO HERENCIO: É difícil pensar no futuro por enquanto. Imagino que estarei finalizando a graduação e me encaminhando para o mestrado. E enquanto cidadão estarei lutando para elegermos um governo progressista, que acredite na diversidade, na Ciência, na Educação e na Arte.


JORGINHO: Deixe um recado para o leitor do Arte e Cultura.

PEDRO HERENCIO: Para você que tem vontade de saber mais sobre Dança Contemporânea deixo a sugestão de conhecer o Carne Digital: arquivo Eva Schul, um projeto de extensão vinculado ao projeto de pesquisa Arquivos Digitais em Artes Cênicas: construção de memórias e inovação tecnológica e ao grupo de pesquisa em Práticas de formação, criação e documentação em dança e performance. Acesse o site www.ufrgs.br/carnedigital conheça sobre esse arquivo digital de dança dedicado a documentar a vida e a obra da coreógrafa e professora Eva Schul. Constituído por textos, documentos, fotografias e vídeos disponibilizados no Lume/UFRGS - Repositório Digital, e que contará também com uma biblioteca digital de movimentos.



Quer ver Pedro Herencio em ação? Veja os vídeos:


VAZIOVIRAVESSO:


 
KHOPPEELYA:



Correntes:



S U O:



Entrada CTG Aldeia dos Anjos - JuvENART 2011:



Entrada CTG Cel Chico Borges - JuvENART 2015:



Venha participar do PAUSA ATIVA:

Para ler matéria sobre o ARQUIVO DIGITAL EVA SCHUL clique aqui.

Contato PAUSA ATIVA:
Contato PEDRO HERENCIO:

"Sou fruto de um desejo, de uma relação que dura há 30 anos. Assim como as gerações anteriores e as próximas, sou uma promessa, uma esperança."
- Pedro Herencio

Jorginho








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