De Passagem
Eis que ele se encontrava de passagem. Sem dinheiro para a passagem diga-se de passagem. Lá no interior. Aonde o cheiro de grama exala forte em uma manhã de sol. Aonde a vida é mais lenta do que pode ser, do que deveria ser. Ninguém se importa se vai chover ou se já choveu. Se o ônibus vai atrasar ou já atrasou. Se o asfalto está bom ou tem buraco. Ou se tem asfalto. Todas essas observações dele. Logo ele que estava passando e resolveu ficar um pouco. Depois, resolveu ficar mais um pouco. Fez um pouco da vida naquele canto. Naquela cidade. Naquela vila. Ao final de tudo ele amou. Quando deixou de amar, pegou sua pasta, sua única bagagem. É, ele já não tinha mais nada. Como disse antes, nem o dinheiro da passagem. Então foi para a beira da faixa e apontou o dedo. Não sabia nem se o levariam embora daquele lugar. Daquele breve momento de sua vida. Afinal, apesar da vida, ele só estava de passagem.
Texto: André Moraes
Arte: Karen Suellen
André Moraes Karen Suellen |
#temliteraturanarede
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1 Comentários
Que esse texto sobre os viajantes e anvida no campo, no interior. Os desenhos da Karen são sempre maravilhosos.
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