CINEÓIDE

Ataque dos cães

The Power of the dog
2021
Jane Campion
126 min
Netflix

Um dos filmes mais bonitos do ano. Tecnicamente perfeito. Benedict Cumberbatch comanda um elenco afiadíssimo que tem como revelação Kodi Smit-McPhee. Não que seja um novato. Mas não lembro dele em outro filme grande. Será que elenco e técnica carregam tranquilamente um filme? Vejamos.

Para começar, Ataque dos Cães é uma péssima escolha de título para a versão brasileira. O Poder dos Cães, tradução literal, é muito mais forte e representativo. Nunca vou entender algumas escolhas nesse aspecto, porém, é o que temos. Um roteiro simples em suma. Sobre a vida no final do final do velho oeste, em 1925. Dois irmãos comandam uma fazenda. Um mais polido, George Burbank (interpretado por Jesse Plemons, aquele maldito de Breaking Bad), por vezes chamado de Sr. Burbank. O outro, Phil, um completo bronco, papel de Benedict. Bem no início do filme, os dois contratam o serviço de almoço de uma mãe solteira, Rose Gordon (Kirsten Dunst) que trabalha com seu filho Peter (Kodi Smit-McPhee).


Neste dia, Phil e sua turma de peões tratam muito mal as pessoas no restaurante, incluindo Peter, em função dos seus trejeitos femininos muito aflorados. Ele confecciona flores  artesanais como enfeite de mesa, por exemplo. Seu irmão, o Sr. Burbank, por outro lado, se apaixona e casa com Rose. Bem assim. Sem cena de casamento nem nada. E o óbvio acontece, essas 4 pessoas passam a conviver na fazenda dos irmãos Burbank.

Daqui para frente temos muitas cenas tensas de Phil colocando pressão psicológica na sua nova cunhada e seu filho. Fato que some do meio para frente. Meio que do nada. Toda percepção de ciúmes e tensão sexual é trocada por vários eventos que nos levam ao ápice do filme sem dar muitas explicações, com pouquíssimo contexto. As nuances estão lá. Se formos nos guiar pelo óbvio, claro que entendemos tudo. Entretanto, não há nada mais chato que o óbvio.

Nota: 7,5 …tecnicamente perfeito, roteiro interessante em grande parte mas que não nos impressiona em momento algum. Pior, não levanta questões importantes que poderiam ser abordadas.


TRAILER:


André  Moraes é Cineasta, Escritor e criador do Wasd Space. Também escreve a coluna O Simióide todas as segunda aqui no Coletive em Movimento. 


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5 Comentários

  1. Eu também não entendo a escolha das traduções dos nomes que fogem geralmente do contexto original. Muitos países inclusive latinos usam o nome original do filme.
    Muito boa a indicação do filme.

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    1. Era a promessa do grande filme do Oscar, mas só ficou na promessa mesmo. hehehe

      De todo modo, é um bom filme. Valeu o prêmio para a diretora.

      Valeu pelo comentário, Laís.

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  2. O Kodi Smit McPhee (eita, nomezinho complicado, rsrsrs) é ator desde criança. Lembro dele como o menino que acompanha o pai (Viggo Mortensen) naquele filme distópico "A Estrada" (baseado num ótimo romance do Cormac McCarthy) de 2009. Mas recentemente em 2015, já adolescente, ele tem uma ótima atuação num wersten bem legal chamado "Slow West" e que aqui foi chamado pelo título óbvio de "Oeste Sem Lei". Nesse filme ele contracena com outro grande ator, o Michael Fassbender. Abraço

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    1. Opa! Valeu pelo comentário João Luís. A Estrada eu vi. Nunca que ia lembrar que era ele. O ator tinha o que? Uns 10 anos se muito. Mas trata-se de um grande filme. Gosto muito do Cormac também. Inclisive na minha foto ali na coluna estou segurando o clássico absoluto "Meridiano de Sangue".

      Terei que ver Slow West agora. Esse me falta. Valeu pelas dicas.

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  3. Os títulos em Portugal, então... muitos são curiosos, engraçados ou bizarros. Exemplos? "Duro de Matar" por lá chamam de "Ataque ao Arranha-Céu", "Bastardos Inglórios" é "Sacanas Sem Lei" e "Red: Crescer é Uma Fera" foi batizado de "Estranhamente Vermelho"

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