DESEJOS
A mais peculiar das idiossincrasias de nós seres humanos são os desejos.
Nos definimos diante dos outros, muito pela maneira com que expressamos os nossos desejos. E mais ainda pelo modo como vamos em busca de satisfazê-los.
Há quem tenha um desejo simples, de curto alcance e de uma satisfação quase imediata; há quem tenha um desejo complexo, que é logo substituído por outro e assim por diante até se tornar uma voracidade insaciável.
O desejo está conectado ao lado emocional do ser humano em oposição ao lado racional. É com a razão que devemos mediá-lo, pois é a razão que tem a medida das regras morais e éticas de uma sociedade. Se apenas fossemos movidos pelos nossos desejos, sem qualquer mediação, estaríamos mais perto da barbárie do que da civilização, como os tempos atuais por vezes nos indicam.
O Desejo também é um personagem de história em quadrinhos. Na obra prima de Neil Gaiman, “Sandman” (reina grande expectativa para a série da Netflix), Desejo é um dos sete Perpétuos, entre Destruição, Delírio e “Death”. Na concepção do autor britânico, Desejo anda em companhia perigosa, talvez por sua própria natureza.
Na área cinematográfica, “El Deseo” é a Produtora dos irmãos Pedro e Augustín Almodóvar. Todos que conhecem a filmografia do diretor e roteirista madrilenho, sabem o quanto os seus personagens são escravos dos seus desejos.
Já na área da música, a bela e melancólica “Wish You Were Here” do Pink Floyd associa o desejo a um sentimento de perda irrecuperável.
Há uma longa tradição na literatura de obras que tem o desejo como ponto de partida, por conquistas territoriais e patrimoniais, por tesouros arqueológicos, por amor, enfim por algo que não se tem, mas se quer muito.
Entre os roteiristas há uma brincadeira com fundo de verdade em que dizemos: só há dois tipos de histórias. Sobre quem quer algo que não tem; sobre quem não quer algo que tem.
Voltando à vida real, não quero contemplar aqui as pessoas que tem patologias e são compulsivas ou viciadas em comidas, drogas lícitas, ilícitas, sexo ou o que quer que seja, pois há especialistas na área da saúde para esses casos.
Quero me referir a todos nós que por vezes fraquejamos, ao sermos dominados pelos nossos desejos. Fica o alerta do escritor britânico William Wymark Jacobs, que se consagrou na literatura fantástica com o clássico conto “A Mão do Macaco”:
“O homem jamais deverá desejar muito o que quer que seja, pois o bem alcançado nem sempre vale o que se perdeu para conquistá-lo”
Desejo, criação de Neil Gaiman |
João Luís Martínez |
João Luís Martínez é ator, escritor, diretor, dramaturgo e roteirista atuando nas áreas do Teatro e do Audiovisual (cinema, TV e web) há mais de trinta anos. Desde 2011 faz parte do corpo docente do Studio Clio – Instituto de Artes e Humanismo, uma instituição prestigiosa na cultura porto-alegrense, onde ministra cursos e oficinas de roteiro. Há três anos ministra as suas oficinas de modo on-line, contribuindo para a formação de novos roteiristas para o mercado.
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3 Comentários
Texto de leitura agradável com consideráveis informações.
ResponderExcluirMeu desejo é ler mais...
Outro desejo é que voltemos a esperançar.
Adorei o Post!!!
ResponderExcluirNeil Gaiman é um dos maiores escritores, adorei
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