ARTE E CULTURA

 

CENSURA 2022, CENSURA NUNCA MAIS!


Aldeia, ame-a ou deixe-a...

Isso remete–nos aos duros anos de repressão, cerceamento, medo, perseguição, sumiços e principalmente tortura, física, psicológica e intelectual. Tudo isso causou retrocesso, atrasou o desenvolvimento, fechou portas, impediu evolução, e tentou calar bocas. Todos nós que frequentamos escolas um dia, sem faltar às aulas de História, sabemos o que foi aquilo, que marcas deixou, quantas vidas, famílias, e destinos foram cruelmente destruídos, alterados, desaparecidos, impedidos de serem tocados nas rádios, nas poucas festas, de serem assistidos nos teatros, de serem lidos nos livros e saraus, vistos nos cinemas, nas exposições de arte, etc.

Anos decorreram e teoricamente um dia aquilo passou, retomamos aos poucos a dignidade e o progresso, era possível sentir orgulho da pátria, sem medo de ser feliz, ostentar bandeiras e camisetas, torcer por vitórias em diferentes esportes aqui e ali, não tínhamos que nos recolher aos toques impostos de cima para baixo, não havia necessidade de cortar caminho ou andar nas sombras para evitar ataques e paredões, livres manifestações religiosas e artísticas tinham respaldo social e político, o verbo cumpria sua função de informar e divulgar, sem mentiras, sem  subterfúgios, e golpe era algo que se referia bastante às lutas de box ou judô, que traziam medalhas e cinturões para o país.

Orgulho restabelecido, ciência e tecnologia recuperando a marcha interrompida naqueles anos de chumbo. Saúde, educação, cultura, incentivos, campanhas de vacinação exterminando índices vergonhosos de outros tempos, fazendo com que as crianças, anteriormente “o futuro do país” realmente tivessem um presente a viver, com menos doenças, mais e melhores condições de ensino, e agora sim com a possibilidade de atingirem o futuro, o seu futuro, e com liberdade de escolha do que estudar, onde se formar e com apoio para que isso pudesse realmente acontecer. Nunca “ordem e progresso” tiveram tanto sentido, e isso tudo sem manchas e mancadas, até que...

Ah as mancadas, mancadas essas que voltaram na simples digitação do número errado uma urna eletrônica, bastou isso para que o passado sombrio saísse do armário, em pouco tempo reabriram os alçapões dos porões e botaram para fora toda a podridão remanescente nas cabeças doentias e ávidas por fazer o mesmo do mesmo desde sempre. Liderados por filósofos mequetrefes provenientes de cursos duvidosos, que se tornaram gurus da mais alta categoria da noite para o dia, quem nada fez em 30 anos de vida pública, numa canetada, arrasou esperanças e ditou normas e regras capazes de transformar uma pandemia mundial em gripezinha, atrasando assim as possibilidades de uma rápida reação, causando um genocídio injustificável e que novamente arrasou famílias, comprometeu futuros e destinos e continua aí causando estragos...

As mancadas, ah as mancadas, estas jamais nos calarão, jamais passarão de meros arroubos de egos inflados, do que não se sabe, mas se imagina.

Censura nunca mais.




Cálice (Cale-se)


Waldemar Max

Waldemar Max  é Artista Multimídia, atualmente preside o Conselho Municipal de Política Cultural de Gravataí.


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6 Comentários

  1. Vdd. Estamos vivendo uma época que beira o medo. Voltei a ter medo, medo de como minha poesia será interpretada... Pior ainda se o artista for mulher, gay ou negro pq essa gente que defende a "família e a pátria" são misóginos, homofóbicos e racistas. Pior é ver artista defendendo a ditadura e apertando o número errado na urna... Chega a ser ridículo.

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  2. Até uma conversa no bar ou com aqueles que julgavamos amigos era perigoso.

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  3. Quem sabe um dia a aldeia e o país possam voltar a normalidade onde o ser humano seja realmente humano, onde o artista entenda que a função da arte é movimento e que ditadura e censura fazem mentes já perversas retrocederem ainda mais. Temos muitos artistas saindo dos esgotos e mostrando a podridão de suas almas.

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  4. Perfeito, Max! Uma síntese ótima sobre fatos históricos e erros que se repetem, é um texto para ser estudado e analisado em aula. Tento imaginar o mundo daqui a alguns anos, como será a visão deste período que estamos passando. Li um comentário seu sobre o fato de que será preciso gerações (não lembro quantas) para restabelecer o equilíbrio. Penso o mesmo que você neste sentido. Parabéns pelo texto, está muito bom!

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  5. Muito bom Max! Prova q temos sempre que lembrar para não repetir!

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  6. Uma coisa é certa, onde a arte, a liberdade, e a liberdade está em tudo, no modo de pensar, agir, a arte definitivamente não é prisão, e muito menos censura, obrigado ao autor do texto, ainda existe pessoas sensatas neste mundo.

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