CINEÓIDE

 

Duna

Dune: Part One
2021
Denis Villeneuve
155 min



Então temos mais uma versão de Duna, o livro inadaptável de Frank Herbert. Talvez, o principal livro de ficção científica lançado até hoje. David Lynch já havia tentado na década  de 80. Aumentando o bolo de responsabilidades para que saia um bom filme. Seria tão difícil fazer isso? Creio que não, uma vez que Denis conseguiu acertar visualmente. Mas e toda filosofia por trás da disputa política pelo controle da especiaria? Substância que aumenta capacidades mentais possibilitando a viagem interplanetária em um futuro distante, no ano de 10.191. Época em que vive Paul Atreides, herdeiro da casa Atreides que comanda no planeta Arrakis a extração exclusiva de especiaria. Se tornando assim a casa mais rica a compor o império galáctico. Pelo menos até os Harkonnen deixarem.


Então, fica difícil por toda essa trama em um filme como Lynch tentou. A ideia então foi fazer uma trilogia. O que faz muito sentido para poder contar essa história enorme. Já conhecíamos Denis Villeneuve de Blade Runner 2049 e A Chegada. Trata-se de um diretor competente. Eis que descobrimos que ele é viciado nos livros de Duna desde a adolescência. Ou seja, estamos esperando um filme de um fã fervoroso. É justamente o que ele entrega. Ainda acho que tem algumas partes da história que ficaram corridas. Outras ganharam mais destaque do que deviam. Como as visões de Paul sobre os fremen, sobre Chani.

Não vi ninguém falando mal do filme e vi alguns entusiastas dos livros que gostaram muito. Ou seja, creio que o tom ficou bom. Ainda que eu ache que o desbunde visual tenha ocultado um pouco a aventura hollywoodiana que nos apresentam nas poucas batalhas do filme. Não que isso seja ruim, porém, acho que não combinou com o resto. Claro, ainda assim é um filme feito para ganhar dinheiro e não ser um filme de fã. Ainda mais um filme que tem que puxar outros dois. Ou seja, uma boa aventura hollywoodiana com filosofia pesada de fundo além de seguir sendo uma revisão bem atual sobre a sede americana por petróleo.


Nota: 8,5 …se o filme não tivesse uma estética tão apurada não passaria de 7,5


TRAILER:


André  Moraes é Cineasta, Escritor e criador do Wasd Space. Também escreve a coluna O Simióide todas as segunda aqui no Coletive em Movimento. 


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3 Comentários

  1. Caro André. Concordo com a tua avaliação. Sou um fã do Frank Herbert desde que li Duna nos meus vinte e poucos anos. É uma obra literária que transcende o gênero pela variedade de temas relevantes que aborda. Não à toa fascinou outros artistas como o diretor, roteirista (sobre tudo de quadrinhos) Alejandro Jodorowski que sempre sonhou em fazer um filme, mas padeceu da falta de acesso aos recursos financeiros e sobretudo técnicos. Quanto ao David Lynch ele alega que nunca teve o direito ao seu corte e o filme foi sacrificado pela montagem dos produtores que precisavam diminuir a duração. Agora temos um diretor muito talentoso, fã do material, com acesso ao melhor da tecnologia cinematográfia, um grande elenco e que aprendeu a lição de que essa história não pode ser contada num único filme. Mesmo assim precisou do sucesso de crítica com indicação à prêmios e uma boa bilheteria para ser confirmada a realização das continuações. Vamos continuar apostando que finalmente teremos nas telas algo à altura da obra do Herbert. Abraço

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