EXÚ NA TELINHA DO PLIN-PLIN
O carnaval de 2022 foi uma grande aula contra o preconceito, racismo e intolerância religiosa. A maioria dos temas abordados foram relacionados à negritude, história e elementos que formam a identidade sociocultural da população afrodiaspórica; ícones da literatura, música e divindades de religiões de matriz africana estão entre os homenageados. No Rio de Janeiro, três escolas levaram à avenida as particularidades e a importância das religiões de matrizes africanas. A Mocidade Independente de Padre Miguel abordou a divindade da caça e da fartura, Oxóssi; já a Acadêmicos do Grande Rio trouxe a força e a história de orixá responsável pela comunicação e abertura dos caminhos, Exú, sendo a grande campeã; e a Portela, abordou a 'árvore da vida' essencial para os cultos afros, o baobá.
Eu nunca tinha visto Exú ser citado em pleno Jornal do Almoço ou Jornal Nacional. O nome Exú, muitas vezes não pronunciado por ser erroneamente vinculado ao mal, passou a ser matéria jornalística em pleno horário nobre. E de uma forma didática foi abordada a importância de Exú nas religiões de matriz africana. Na avenida o povo cantando, citando palavras em iorubá, saudando várias entidades, sem medo, igual aqueles que firmam o ponto no terreiro. É mojubá. A gargalhada dos guardiões da favela, saídos da senzala, a macumba em festa, firmando a religiosidade de um povo sofrido.
O país laico tem dificuldade em aceitar a nossa religião porque tem medo das nossas divindades. "Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu", porque "lá na encruza, a esperança acendeu".
Laroyê, Exú! Laroyê, Pombogira! Mensageiros entre o mundo dos orixás e a Terra e eu levo fé nesse povo.
Isab-El Cristina Soares |
Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros. Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras.
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9 Comentários
Muito bom Isab!
ResponderExcluirObrigada, Sandra.
ExcluirÉ isso mesmo Isab-El. Falaste muito bem. Eu também sou branco, mas respeito muito todos os credos. A minha mãe é católica e simpatizante do espiritismo kardecista. O meu pai, mesmo um branquelo, estudou e se tornou umbandista e tenho uma irmã que é budista. O socíologo italiano Domenico De Masi apontou o sincretismo religioso do Brasil, como um dos grande trunfos da nossa cultura. Mas temos uma herança secular da Igreja Católica Apostólica Romana que vem demonizando tudo que é diferente, sobretudo a nossa herança de matriz africana. Afinal, quem de nós na infância ou juventude já não associou a figura do Exu com o diabo? A Grande Rio mereceu ganhar com louvor!
ResponderExcluirVdd , João. As pessoas deveriam conhecer antes de julgar. Sou umbandista desde os 15 e sempre fomos crucificados.
ExcluirMuito bem lembrado o quanto o Carnaval quebra todos os anos preconceitos, trás a cultura afro geralmente com alguma escola, trazem sempre temas importantes, personalidades muitas vezes esquecidas. O Carnaval é uma festa do povo para o povo.
ResponderExcluirVdd.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMaravilhoso! Salve Exu
ResponderExcluirLaroiê ❤️
Laroiê
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