RETRATOS DA VIDA, Comentários Informais

 

A FLOR DA INGLATERRA


Gordon Comstock é um tipo para quem estar neste mundo não é um bom negócio. Pode-se dizer que seu mote preferido é se queixar de tudo. Mas o que o leva a se lamentar da vida é o fato de ganhar um salário sofrível, e, por conseguinte, morar numa pensão miserável. Para ele o princípio de tudo está em sua ascendência. Seus pais, seus tios, sua irmã, sempre foram pessoas apáticas, que nunca ou pouco se importaram em subir um só degrau na vida, e por isto Gordon crê que este legado seja fatal.

Frustrado por ganhar duas libras por mês, atribui a isso a sua falta de sorte no amor, pois, Rosemary, a mulher que ele diz ser apaixonada por ele, só não o é de fato por ele não poder lhe proporcionar um certo conforto e lazer, que apenas o dinheiro o consegue.

Se diz poeta, e publicou um livro de poesia, Os ratos, que ele próprio considera intragável, e inspiração lhe falta para continuar escrevendo.

Para ele, todos os mendigos e miseráveis de Londres deveriam ser extintos; com efeito, ele sonha que um dia exploda uma guerra para extinguir para sempre com os desvalidos e infelizes da face da Terra.

Aspidistra é a flor da Inglaterra, que Gordon para variar também odeia. No seu quarto da pensão existia uma. Em todos os lugares por onde anda encontra esta planta que ele jura um dia destruir. Efetivamente todas as coisas são odiosas para Gordon.

Assim, este personagem de George Orwell, autor de 1984 e A revolução dos bichos, é um verdadeiro protótipo do pessimismo em seu grau mais extremo, e cogita-se tratar-se do álter ego do próprio autor, em seus primórdios literários.

De qualquer maneira, é interessante acompanhar a história controvertida de um homem avesso à vida, que a tudo mede pelas duas libras que ganha em seu salário, e mesmo que assevere que a existência nestas condições seja deplorável — acha que tirar a própria vida seja uma bobagem.

George Orwell

Fernando Medina é escritor , tem Licenciatura em Letras na ULBRA e Pós Graduado em Literatura pela UFRGS, escreveu os livros ,A Testemunha (contos) e O Circo (romance infanto-juvenil). Aficionado por música instrumental tem como orquestras preferidas Ray Conniff, Percy  Faith, Nelson Riddle e o saxofonista Kenny G. Leitor prolífico tem como autores preferidos Machado de Assis, Júlio Verne, Victor Hugo e Sir Arthur Conan Doyle. Também é cinéfilo, apaixonado por filmes dos gêneros suspense e policial, e também não dispensa um bom documentário.


COLETIVEARTS
Não espalhe fake news,
espalhe cultura!



Postar um comentário

1 Comentários

  1. Não li esse livro de Orwell. Só os outros dois mais de uma vez.Deve ser uma distopia tbm. Vou procurar. Gostei da dica.

    ResponderExcluir