Feijoada em Madureira
Domingo em Madureira, 35 graus a pino, fevereiro, faltando uma semana para o carnaval. Era para ser um final de semana normal como os outros. Mas não em Madureira e faltando alguns dias para o carnaval.
Na esquina da Rua Edgar Romero com estrada do Portela, tem a quadra do Império Serrano, tradicional escola de samba do bairro e da cidade. Em frente à quadra tem uma barraca que vende frutas, legumes, verduras, uma pequena feira, comandada por Mineiro. Radicado na cidade maravilhosa por anos, já quase é carioca, só falta receber o título de cidadão honorário.
Mineiro é bem conhecido na redondeza. Por ter a barraca próximo a quadra do Império Serrano, conhece todos da escola e é querido pelos integrantes e frequentadores. E ele costuma frequentar a feijoada do Império sempre. Faltava uma coisa: Sair com a escola no carnaval. Meio arredio, sempre recusava o convite de desfilar na passarela do samba.
Por mais que frequentasse o samba no Império Serrano, tivesse amigos lá dentro, Mineiro tinha o desejo de frequentar a Portela. Nesse Domingo em que iria rolar a feijoada do Império, faltando uma semana para o carnaval, Mineiro estava certo de ir para a quadra do Império, como sempre fazia, faltando pouco para fechar sua barraca, recebe a visita de Monarco, grande bamba da Portela, costumeiramente freguês de Mineiro, levando sempre alguma fruta e trocando uma ideia com ele e com a velha guarda do Império.
Mineiro resolveu fazer o que seu coração estava pedindo. Foi na quadra da Portela, foi dar um abraço no seu amigo Monarco e dizer que iria desfilar na Portela. Arrumaram uma fantasia para ele e também informaram ala que ele iria sair. Chegado o grande dia, Mineiro com os olhos brilhando, pode brincar o carnaval na avenida e ficou realizado.
E pra fechar com chave de ouro essa realização do grande mineirinho, num fato inédito no carnaval carioca, Império e Portela, terminaram empatadas e dividiram o titulo de campeãs do carnaval. Foi uma festa em Madureira para ninguém botar defeito, o bairro parou literalmente. Era muita feijoada, cerveja e o povo cantando pelas ruas.
Daniel Filósofo |
Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista. Também escreve a coluna "A música segundo o Filósofo".
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1 Comentários
Adoro teus contos, já quero um livro teu de contos e crônicas, sempre que leio sinto vontade de ler mais
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