NAVALHAS AO VENTO

 

FOIE GRAS – CRUELDADE 

EM NOME DO LUXO

Uma das maiores crueldades praticadas para com animais para satisfazer o luxo de uma pequena parcela da população é a produção do foie gras.

A prática da produção do foie gras, mesmo que progressivamente proibida em vários países, ainda é presente em território brasileiro. Desde abril de 2021, o petisco já foi proibido nos cardápios de restaurantes de Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Blumenau (SC), Santa Bárbara do Oeste (SP), Sorocaba (SP) e Piracicaba (SP), tanto in natura quanto enlatado, mas ainda está longe de ser totalmente banido graças a ganância e crueldade humana. De acordo com o Instituto Law for a Green Planet, três empresas produzem o alimento no Brasil: em Indaial (SC), Cabreúva (SP) e Valinhos (SP).

O foie gras, que em francês significa fígado gordo, é uma especialidade gastronômica, um patê feito com fígado de ganso ou pato. Pra fazer o patê os fazendeiros aumentam os fígados das aves, alimentando-as , de maneira forçada, com tubos rígidos com mais de 30 centímetros que são colocados diretamente na garganta, atravessando-a, forçando a ingestão de um quilo de pasta de milho por vez. Isso é o equivalente a um ser humano comer 12 quilos de comida pastosa em uma única refeição. Esse excesso de alimentação faz com que o fígado do animal inche e aumente em até 50% seu nível de gordura. Os alimentos são ricos em energia, com alto teor de carboidrato, baixo teor de proteínas para que os animais atinjam rapidamente o ponto ideal. O tratamento faz com os gansos e patos desenvolvam esteatose hepática, uma doença grave, em que o fígado do animal aumenta 10 vezes o seu tamanho. Muitos animais acabam morrendo antes de serem enviados para o abate, tanto pela doença como por lesões causadas pelo tubo. “Foie gras pode ser traduzido por fígado doente. É uma crueldade que não se justifica. O foie gras é um produto de luxo. Pouquíssimas pessoas podem pagar R$ 100 por 75 gramas. No entanto, milhares de animais são torturados para satisfazer esse apetite pelo fígado de um animal doente”, diz Carla Lettieri, Diretora Executiva da Animal Equality Brasil.

De acordo com a Agência Senado a Comissão de Meio Ambiente (CMA) aprovou no dia 11 de maio de 2022 um projeto de Lei que proibe a produção e comercialização de produtos alimentícios obtidos por método de alimentação forçada de animais. Caso se transforme em Lei, a norma entrará em vigor em 180 dias após a publicação e o descumprimento da norma sujeitará os infratores às penas de detenção de três meses a um ano e multa, estabelecidas na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605,de 1998) para quem maltratar animais, e a outras sanções administrativas, como advertência; multa simples ou multa diária; destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade e apreensão dos animais, produtos e subprodutos dos instrumentos, equipamentos ou veículos utilizados na infração.

Não sou hipócrita, não sou vegetariana, embora esteja lutando para chegar a este grau de evolução humana. Mas o foie gras ultrapassa a todas as crueldades culinárias que eu conhecia. Espero que algo seja feito com a maior brevidade.

Isab-El Cristina Soares

Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras.

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