Depois de longos e prazerosos voos, dois pássaros descansam no mais alto galho de uma árvore.
- O que é o amor? - Perguntou a cotovia, com olhos pensantes e curiosos.
- Ora, um sentimento. - Respondeu a coruja, sem tirar os olhos do horizonte, onde o sol se ia.
- Eu sei! Amor é um sentimento belo e complexo. Não é um sentimento fácil de lidar. Eu só não sei se o amor é bom.
- Como não é bom? O amor é o que dá sentido à vida.
- Dá sentido e felicidade à vida, mas e quando não é recíproco? Quero dizer, quando não é sentido por ambos os lados?
- Então neste caso não é amor.
- Como não é amor? Eu amo um pássaro, mas ele não sente o mesmo por mim. A falta de sentimento dele não transforma o meu sentimento em desamor.
- O amor é como nós, pássaros. O amor é um horizonte infinito, um céu livre onde só quem se arrisca amar ou a sofrer que pode voar. O apaixonado é o pássaro. O amor são as asas. Todo pássaro precisa que o seu sentimento seja correspondido pra ser feliz. Quando dois pássaros voam juntos o amor está no ar. Mas quando o sentimento não é recíproco, só um pássaro voa, enquanto o outro fica preso dentro de uma gaiola.
Então a cotovia refletiu por alguns segundos e num determinado voo se foi ao horizonte, enquanto a coruja permaneceu ali admirando o paisagem com os olhos de quem muito já amou.
Texto: Pablo Wulff
Arte: Jorginho
Pablo Wulff Jorginho |
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