Fora da lei
Não se sabe onde está escrito. Mas nós humanos seguimos uma série de leis invisíveis, impostas pela chamada sociedade. Um dia alguém diz para nós:
– Deixe de virar cambalhota! Você não é mais uma criança.
Mesmo que você tenha apenas dez anos, acaba assimilando esta nova “lei” e, ao menos que deseje trabalhar num circo, você para de virar cambalhota, bananeira e estrelinha.
Depois vem a adolescência e uma série de novas “normas”. Não sentar de perna aberta, jogar cera quente sobre a pele para arrancar pelinhos (isso deve ter sido inventado por algum carrasco nazista), regimes, limpeza de pele.... Também vêm os primeiros sapatos de salto alto. Você torce os pés, entorta a coluna, cria joanetes, esmaga os dedinhos ... e tudo por quê? Porque, agora, você “deve” se comportar como uma mocinha.
Lá pelos 16 anos você já “tem” que saber o que quer da vida. O vestibular chegando, não dá para ficar indo às festinhas. Você tem um ano para decidir o rumo da sua vida nos próximos 60, 70 anos.
Faculdade, estágio, formatura, trabalho e pronto: você é um adulto! “Precisa” casar antes dos 30 (nunca entendi porque até os 30. Quando era criança, achava que depois desta idade as pessoas ficavam contagiosas ou algo assim). E a maioria de nós segue o “manual do bom comportamento social”.
– Dois, três anos de casados e sem filhos?– pergunta aquela velha tia.
O povo começa a reparar. E lá vai você ajudar a aumentar a população do mundo. Quando se dá conta, não dá mais para voltar atrás, ser um “fora da lei”, sair por aí virando cambalhota no meio da rua.
Agora, você tem uma família para criar, um lar para sustentar e quando você menos espera um dia você diz para o seu filho de dez anos:
– Pare de virar cambalhota! Você não é mais uma criança.
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