Grande Campo Constelacional
Minha conclusão deste final de semana é que a vida é um grande campo de Constelação funcionando a todo momento, nos gritando a todo instante o que precisamos ver e curar. A mudança está a um passo de nós, basta sermos corajosos o suficiente para dar esse passo. O problema é que com a coragem vem a responsabilidade e será que queremos ser responsáveis pela nossa vida?
Depois de um ano constelação em grupo, me veio o insight neste sábado, enquanto uma das terapeutas explicava - pela décima terceira vez no meu décimo terceiro encontro - como funciona a Constelação Familiar e que não está relacionada a mediunidade, se tratando do campo quântico que está sempre conosco e nunca se desliga. A ficha caiu e chega a ser ridiculamente óbvio! Sabe aquelas falas "eu sempre namoro homem problemático", "eu sempre sou o vilão da história", "Ninguém nunca se importa comigo, só eu que me importo com os outros", "eu não tenho amigos" e etc? Todos esses eventos são o grande campo constelacional agindo para nos mostrar coisas que precisamos rever no passado.
Nosso passado está sempre se repetindo de várias formas no nosso presente, se tivermos sensibilidade, poderemos comprovar. Eu tenho algumas dificuldades em lidar com o dinheiro, recentemente descobri que houve uma briga por dinheiro dentro da minha família tão traumática, que parentes se mataram. Isso aconteceu muito antes de eu nascer, mas carrego a crença de que dinheiro "não é tudo", "é sujo", "pessoas podem fazer maldade com ele", etc. Essa história não é privilégio só meu, pois muitas pessoas guerreavam até a morte por terras, poder e dinheiro. Nosso Brasil é construído dessa forma. Um grupo de pessoas, que se achavam donas de tudo que colocavam os olhos, invadiram as terras desse país matando, enganando e estuprando pessoas inocentes em nome desse dinheiro e desse poder. Como honramos isso atualmente? Quanto temos de portugueses, de clérigos, carrascos, feitores de escravos, escravos e indígenas em nossas atitudes? Já parou para pensar como representamos cada um desses personagens e muitos outros com determinados movimentos e palavras do cotidiano?
Essa assimilação, depois de 13 encontros em grupo, me trouxe para um outro nível, tão difícil quanto o anterior, porém importante! Podemos e somos muito capazes de modificar nossa realidade, basta trocar nosso olhar de sofrimento diante das situações para intérpretes do que aquela ocasião está querendo dizer. Existe, inclusive, a possibilidade de desligarmos essa repetição de padrão no campo diante dos eventos, para que os demais não continuem sendo nossos algozes e nós os pobres padecentes (e vice versa!). É um treino difícil, porém me trouxe uma forte onda de esperança, quebrando sobre a pedra frágil da ignorância e do vitimismo. Tudo é um caso de: o que você fará com a responsabilidade que recebeu?
Gosto muito do filme de comédia "Click", em que o personagem principal, Michael, está insatisfeito com a própria vida. Quando ganha o poder de controlá-la (embora ele sempre tivesse esse poder) ele alcança com mais rapidez o destino para o qual já estava caminhando, o controle remoto apenas acelerou tudo. No fim, ele se desespera com os resultados e grita que aquela não foi a vida que ele escolheu. O anjo da morte aperta nos créditos finais pelo controle remoto que diz "vida escrita e dirigida por Michael Newman". Foi nesse momento que ele despertou para a responsabilidade das suas escolhas. A grande pergunta é se vamos esperar chegar no final dos créditos de nossas próprias vidas para assumir alguma responsabilidade, ou vamos acordar agora e ir atrás de escolhas melhores.
Miriam Coelho |
Miriam Coelho é artista das imagens e das palavras.
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