TRANSVIADA, o olhar que desafia

 A exaustão da força

Na semana em que se comemora o Dia internacional da mulher, a gente cansa de ler textos, frases e muita mensagem sobre a força feminina.

Mas sabe aquela mulher forte do teu lado, aquela que todos admiram a garra e superação? Então, ela não teve opção.

Uma mulher forte, é uma mulher sobrecarregada, que a sua única opção para se proteger e sobreviver, é deixar a fragilidade de lado.

A mãe solteira que trabalha, paga aluguel e cria o filho sozinho, ela não é forte, ela foi condicionada muitas vezes, pelo abandono paterno.

A catadora, que aos olhos alheios, vende força, que trabalha carregando os filhos na carrocinha junto ao material para reciclagem, ela não é forte. Ela foi abandonada, privada do básico e sua única saída, foi ser forte.

Aquela que ao sofrer de depressão, esconde sua dor e entrega seu melhor aos outros, ela não é forte. Essa mulher está cansada de ouvir como a vida é bela e perfeita, aos olhos de quem desconhece sua realidade. 

A mulher que luta pelo direito de mostrar sua sensualidade, sem ser assediada, abusada e acusada de ser vulgar, tem muito em comum com aquela que o "ser masculina demais" é chamariz pra ignorantes, pondo ela no alvo de preconceitos, de ataques de quem não compreende seu jeito de ser. E aí o que resta? Ser forte! 

São tantas nossas fragilidades, que ser forte deixou de ser motivo de elogio. Ninguém quer ser obrigada a ser forte. 

Somos inteligentes, criativas, donas de si, lindas … são tantas nossas qualidades, são tantos os motivos para um elogio, que ser forte, é a última coisa que precisamos exaltar.

Exaltar a força feminina diante das adversidades, é romantizar o cansaço, a dor e o sofrimento.

A verdade é que toda mulher "guerreira" anseia por um porto seguro, por ter onde poder deixar toda sua fragilidade vir à tona, onde possa desaguar suas mágoas, suas incertezas, suas dores. Algumas encontram, outras… continuam sendo fortes!

A data que comemora as conquistas femininas, também serve para lembrar da importância da luta contra vários problemas de gênero que ainda hoje, encontramos na sociedade. Tão importante quando o reconhecimento dessa "força", é a compreensão da fragilidade que anda lado a lado com ela.

Que nesse Dia Internacional da Mulher, bem mais que textos e homenagens, que venha o auxílio, o repouso, o porto seguro que tanto precisa.


D'Anjo

D'Anjo é gaúcha, educadora, controversa e gosta de brincar entre rabiscos e palavras.

COLETIVEARTS,
CONTANDO HISTÓRIAS, CRIANDO MUNDOS
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golpe de estado,
espalhe cultura!

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