Qual a medida do teu sentimento?
Um dia desses, conversando com um amigo, nos deparamos diante de um dilema, agir com a mente ou com o coração?
Eu, como boa Transviada certamente me atiraria no coração, porém, os anos ensinam algumas coisas mesmo aos que não querem aprender e uma dessas coisas que aprendi foi sobre responsabilidade emocional.
Falo muito em coragem, intensidade, em fazer a vida valer a pena, mas não posso fazer de conta que não vejo sinais, que não percebo o entusiasmo que muitas vezes é ilusório.
Em Sobre um homem apaixonado, mencionei que,
o Amor é casa arrumada, com cheirinho de café e tarde de ócio aconchegados no sofá num dia de inverno, e é. O amor é a acomodação dos sentimentos, nos dá liberdade de sermos quem somos, faz com que a gente queira ser melhor, sem sentir a obrigação de agradar o tempo todo.
Por outro lado, é preciso que a gente entenda, que o amor composto por vários sentimentos, que a falta de tempo e a rotina, não podem ser maiores que a manutenção de cada um deles. Amizade, admiração, paixão, companheirismo, todos eles, juntos compõe o que a gente conhece por amor, mas e se tirar um deles?
Sinceramente eu duvido que exista casal que nunca tenha tido suas crises, suas dúvidas, e isso me leva novamente à conclusão que, o diálogo e a coragem de reconhecer nossos erros é o primeiro passo para superação.
Vejo casais que buscam incessantemente por bens materiais e acabam esquecendo daquilo que realmente importa, de quem lhe faz bem.
O problema é que essa corrida descabida, é solitária, não há como levar par. E se não há par…
Somos seres movidos por sentimentos bons e ruins, então o peso do amor muitas vezes é superado pelo peso da solidão. E essa solidão vai superando tudo, vai nos fazendo duvidar da reciprocidade de nossos sentimentos, nos deixa um tanto irracionais, faz com que nos percamos entre carências e entusiasmo.
Lembram daquela chama que põe fogo no parquinho, esquecendo o mundo ao redor? Sim, a paixão!
A paixão é irracional, surge quase sempre da admiração seja ela física ou intelectual.
Agora juntem, a solidão + o carinho + admiração por alguém e multipliquem pela atenção que nos é retribuída. Qual o resultado?
Quando estamos feridos, tudo vira Band - aid, de repente no meio de uma noite de solidão, descobre - se mesmo que distante, alguém que se importa, que nos dá atenção, que se faz presente. Isso nos faz brilhar os olhos, passamos a pensar que de repente exista algo além da amizade ali.
Mas será?
E se for?
Pode ser, pode ser que a pessoa esteja realmente interessada, ou pode ser apenas que ela perceba, que naquele momento há um amigo fragilizado, precisando desabafar, de boas risadas ou somente de um pouquinho de atenção. As vezes nossa percepção fica distorcida, e vê apenas aquilo que ansiamos no momento. No caso, atenção e afeto.
Em algumas circunstâncias eu diria, Coragem! Bora ser feliz!
Mas vejo sinais, vejo a admiração ao mesmo tempo que sinto a solidão e insatisfação com a vida do outro. Percebo acúmulo de sentimentos que já deveriam ter sido resolvidos e ainda escuto:
Eu gosto dela, mas…
Mas… eu entendo, a gente fica pequenininho quando se sente só, mas também entendo, que algumas coisas se resolvem com conversa.
Ao meu amigo, tenho certeza que estás lendo isso, então te deixo o conselho que buscou, CORAGEM!
Coragem para reconhecer tuas feridas, para pesar teus sentimentos, para te abrir e expor como te sentes.
Dose dupla dessa coragem para ouvir e aceitar aquilo que pode ser atribuído ao teu comportamento e que no final disso tudo, consigam enxergar um no outro, o mesmo brilho no olhar que enxergamos de fora, quando estão juntos.
E se não enxergar?
Então, Triplica a dose! E dessa vez, que seja pra decidirem juntos, com transparência e respeito que já não há mais um casal, que a corrida não teve pódio e que chegou a hora de cada um seguir seu próprio caminho.
Às vezes a maior coragem que nos é exigida, é a coragem de reconhecer a si mesmo.
D'Anjo |
D'Anjo é gaúcha, educadora, controversa e gosta de brincar entre rabiscos e palavras.
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