TRANSVIADA, o olhar que desafia

 

Fridas , Pagus e as princesas 

Não acredito que algo nessa vida venha fácil pra alguém, as lutas podem até mudar, serem diferentes, mas todos passamos por obstáculos. O que realmente muda, é como os enfrentamos, o que aprendemos e como nos transformamos com a experiência.  

Frida Khalo, artista plástica mexicana virou ícone retratando em suas artes as dores e dissabores de sua vida. Deixava exposta em suas obras, toda sua fragilidade física enquanto  mostrava a força feminina para superar suas dores físicas e emocionais. Frida virou símbolo de luta apesar de não se intitular feminista, isso não impediu que sua importância no meio político e artístico fizesse com que ela se tornasse referência para a luta feminista.  

Por aqui, Pagú. Sim! Patrícia Galvão, escritora, jornalista, poetisa, desenhista e um dos grandes nomes do movimento modernista.

Patricia Galvão ditava suas próprias regras  deixando como legado a ideia de que as mulheres podem e devem ser livres.

Pagu atuou de forma intensa em um campo da sociedade fechado às mulheres, em meio a luta pelo direito ao voto feminino. Militante Política, lutava  pela igualdade social, pela defesa da liberdade de expressão e política e é considerada a primeira mulher Brasileira a ser  presa política. 

É engraçado, tanto Frida quanto Pagu, tem sido usadas para intitular  mulheres "militantes", que "lutam", que  "defendem" seus direitos.  Estranhou as aspas?  

Eu também estranho.

Não compreendo quem se diz Frida, mas se entrega fácil, recuando na primeira dificuldade.

Não enxergo Pagu, em quem espera que seus direitos sejam defendidos por terceiros.

Vivemos tempos de muito discurso, textos virtuais e pouco engajamento. Nossas Fridas, ganharam um caminho aberto, mas ainda esperam que surja quem as tire da torre.

As Pagus, parecem ter esquecido, que seus direitos tiveram de ser conquistados. Que isso só foi possível depois de muitos esforços, luta de quem sabe o peso da opressão, da submissão. 

Eu, vejo como o clube das Belas. 

Toda Bela vive protegida pelo Pai Rei, acaba em sono profundo em seu quarto pomposo, aceitando seu destino e aguardando a possibilidade de um Príncipe lhe salvar. Príncipe esse, que pode nunca chegar.

Quem tem o mínimo de consciência e reconhece a importância da luta, com certeza passa raiva e muita indignação observando a apatia de nossas Belas. 

Não adianta reclamar da realidade, se não tens intenção de lutar para que seja modificada. 

Muito pior que o conformismo, é o oportunismo. 

O conformista,  se acomoda, não reclama, passa por seus maus bocados, mas quietinho, sem encher o saco de ninguém.

O oportunista não.O oportunista vive se queixando, chora pelo infortúnio, inflama discussões e no final, se esconde a sombra de quem luta. Está sempre ausente, afinal, só ele tem compromissos, só ele tem emergências, o seu  tempo é sempre o mais curto, mas só para a luta.

Por que se indispor se tem quem faça por mim? Por que mostrar minha cara, se já fazem isso por mim?  

Afinal, dá trabalho né? Algumas situações podem gerar perseguição. Então, deixa que façam!

Mas e se todos pensassem assim? 

Então, de repente a gente senta e aguarda, esperamos que as circunstâncias mudem, que as injustiças acabem, que sejamos reconhecidas? E se piorar? Vais acordar?

Entre festas, confetes e muitas curtidas no Instagram, fica fácil militar, falar bonitinho, defender a minoria. Difícil, é descer do salto, prender os cabelos e sair buscando pelas ideologias pregadas.

A história nunca se fez com palavras, toda luta, toda vitória, foi escrita por quem arregaçou as mangas e saiu em busca do que acreditava.

Tento compreender o que se passa na cabeça de quem aguarda que o destino se cumpra, mas não dá. Lembro sempre, Quem não luta pelo que quer, aceita o destino que vier

E assim, levanto, respiro e parto pra luta!

D'Anjo

D'Anjo é gaúcha, educadora, controversa e gosta de brincar entre rabiscos e palavras.

DIA 21/05, CINCO ANOS DE COLETIVEARTS,
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