NAVALHAS AO VENTO

 LUDMILLA SALVA O HEMOCENTRO

 DO RIO DE JANEIRO

Quem me conhece sabe que sou roqueira. Rock nacional é o ritmo musical que encanta meus ouvidos e nada tenho contra outros estilos musicais. Afinal não é porque gosto de rock que ache que todos devam gostar. Da mesma forma que não é porque não ouço sertanejo ou funk que eles não deveriam existir. Gosto é que nem “nariz”, cada um tem o seu.

No domingo pp, dia 9 de julho de 2023, um bela atitude me encantou. O Fantástico trazia a notícia de que a funqueira Ludmilla havia feito uma grandiosa ação de incentivo a doação de sangue. Na terça feira um anúncio nas redes sociais avisava que quem doasse sangue, ganharia um ingresso para o show da cantora no dia 8. De acordo com o G1 “No dia seguinte à publicação, a fila no Hemorio - o primeiro banco de sangue do país - ficou gigantesca. Gente de toda parte apareceu para doar.  Foram mais de 500 bolsas de sangue doadas num só dia. Bateu recorde! ”. “As doações continuaram até o fim da semana. Ao todo, mais de duas mil bolsas de sangue foram doadas em três dias de campanha. Impacto imediato na vida de mais de oito mil pessoas.”

A favelada, funqueira, bissexual, apoiadora do Lula vem a público com uma ação social de alto nível, além de muito benéfica. Salvou vidas de muitas pessoas, até mesmo daquelas que a julgam pelas letras das músicas, pela sua vestimenta ou pela orientação sexual. Muitos dos que defendem Deus, pátria e família nunca foram capazes de nenhuma ação pelo seu irmão. Sabemos, inclusive de vários casos de shows com superfaturamento.

Ludmilla veio da favela, da Baixada Fluminense, veio de baixo, nunca negou. Ela pensa no público e não apenas para entretê-los. Busca um país melhor, um lugar de escolhas onde cada um vive a sua vida e todos se ajudam entre si. Eu não ouço Ludmilla, não ouço funk, não é meu estilo musical, mas nada tenho contra quem gosta. E agora passei a admirar ainda mais a pessoa Ludmilla. Já a respeitava por sua história, agora a admiro por sua dedicação ao ser humano. De acordo com o G1 essas foram as palavras da cantora: “Cara, eu tô me sentindo a pessoa mais feliz do mundo. Desde que comecei a cantar, eu sempre quis atrelar a minha carreira com ações sociais. E agora que eu venho me tornando cada vez maior, eu falei: ‘esse é o momento".

Não me interessa se ela rebola, ela tem uma bunda linda e pode mostrar. Não interessa se vive com outra mulher, sua opção sexual não afeta a minha vida. Não interessa se as letras das músicas usam palavras de baixo calão, ela representa um nicho da sociedade que gosta e que nada me afeta porque eu não ouço. As pessoas costumam julgar os outros mas não são capazes de uma ação social de peso. Muitas acham que doar uma sacolinha de roupa velha, que iria para o lixo, é o suficiente para bater no peito e dizer que fez algo pelo seu semelhante. Se está tocando Ludmilla no rádio e tu acha que tua filha não deve ouvir, desliga o rádio. Se tu acha que o programa de tv afeta a tua família, ensina teu filho a ler um livro e desliga a tv. O mundo não gira em torno de nenhum umbigo, principalmente dos que prezam por “Deus, pátria e família, esses costumam ser os mais perversos e se escondem atrás de dogmas religiosos e/ou políticos e esquecem que o país tem uma diversidade cultural enorme.

Muitos pais julgam programas de tv mas permitem que os filhos fiquem horas jogando partidas de vídeo game com teor violento... ah, mas para essa gente, arma pode... Acreditaram até em kit gay e mamadeira de piroca e nunca viram nenhum desses itens, aliás nunca vão na escola e nem abrem os cadernos dos filhos...

Meu respeito a Ludmilla. Por mais artistas iguais a ela. Afinal só quem já precisou de uma doação sabe o que essa ação significa.


Isab-El Cristina Soares
Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

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