Língua Maldita
Se tem uma coisa que me incomoda, é a tal da fofoca.
Já repararam que quem tem o hábito da fofoca, sempre acha que está prestando um serviço essencial aos outros?
Por mais torpe que seja, a criatura jura estar te fazendo um favor ao encher teus ouvidos de boatos. Algumas vezes até acho graça, me divirto com as novidades que descubro sobre mim mesma, mas outras, me deparo com situações que não dá, não se pode deixar passar.
Fico pasma com a capacidade que algumas pessoas têm, de transformar uma formiguinha em um monstro cabeludo capaz de comer criancinhas. Isso é um dom desperdiçado, bem poderiam usar toda essa imaginação para dramaturgia.
O poder de se comunicar, é uma dádiva que nos foi ofertada. O saber o que comunicar, é uma questão de consciência, de caráter.
A mesma energia que gasto falando mal de alguém, poderia estar sendo utilizada para exaltar qualidades, buscar soluções para seus problemas ou até mesmo, orando por uma criatura tão falha. Afinal, nem todos são tão virtuosos como nós, não é mesmo?
Bom, sarcasmos à parte, fico tentando entender o que leva uma criatura, passar reproduzir mentiras, calúnias, sem ao menos ponderar as possíveis consequências disso.
Um desses dias que a vida testa tua paciência, ouvi um comentário sobre uma possível "depressão fajuta", onde fulano estaria com depressão apenas para o trabalho, já nas fotos dos passeios está sempre sorrindo
Em uma hora dessas, é Deus que me segura, não tem explicação o que senti.
Ah, mas a fulana falou, que a cicrana também viu, e a outra concordou. Gente, só não foi mencionado o laudo médico nessa conversa toda.
Só quem passa por uma depressão pra saber o que é, como a gente se sente e quantos sorrisos estampamos no rosto, tentando enganar a si mesmo e passar a mensagem de que tá tudo bem.
E a fulana, que anda com homem casado e a mulher pegou? Voaram tantas penas, que quem comentava parece ter feito um Boa pra night.
Fiquei na dúvida se nesse caso, a criatura estava com pena da esposa, do lado da amante ou com inveja das duas.
Pra quem gosta de falar dos outros, tudo vira assunto. Se a vítima for mulher então… a fofoca se une ao machismo e vira uma história sem fim.
Uma mulher que sobe na carreira, nunca é por mérito, é por exercer favores sexuais ou ser amante do chefe.
Mulher amiga de colega de trabalho? Isso não existe, pode saber que estão de safadeza.
Afastou do serviço porque o filho tá doente? De novo? No final de semana quando ela tava na balada, ele não tava?
A roupa tá curta, é promiscuidade, tá comprida, quer pagar de santa.
A fofoca tem dois papéis, o primeiro é destruir. Ela não acrescenta nada e ainda trás consigo uma carga energética péssima. É carregada de inveja, de ciúmes, de vontade de te ver mal.
O segundo é selecionar. Sim, cada vez que um tipo desse cruza meu caminho, já sei que não é pra mim, não perco meu tempo com gente assim.
Nada nunca é maldade, Deus me livre julgar alguém…
DEUS ME LIVRE… de gente assim. Pequena, medíocre e que usa de suas frustrações e amarguras, para infernizar a vida alheia.
Gente feliz não enche o saco, não se preocupa com os passos do vizinho.
Quem cuida de seus afazeres, não tem tempo de cuidar da briguinha na sala ao lado, e muitas vezes nem percebe uma ausência, um atestado. Não dá tempo.
Tem quem só de chegar perto, me faz cantar aquela música da Rita Lee
"Deus me perdoe por querer
Que Deus me livre e guarde de você"
Se tu tens um exemplar desse pertinho de ti, te benze, te blinda e manda se lascar.
Aprenda dar atenção ao que realmente vale a pena, não dê força ao chicote, nunca se sabe quando ele pode alcançar tuas costas. Se não for por bom senso, que seria o ideal, que seja por autopreservação.
D'Anjo |
D'Anjo é gaúcha, educadora, controversa e gosta de brincar entre rabiscos e palavras.
0 Comentários