III - CAVALGANDO COM TEX
UMA TARDE BONELLI
No próximo dia 30 de setembro o maior mito de quadrinhos de faroeste estará completando 75 anos de vida, e o ColetiveArts, pelo terceiro ano consecutivo, esta elaborando sua cavalgada de comemoração.
Este ano estamos marcando presença com matérias e entrevistas no blog, com mais uma exposição online inédita, a terceira dedicada ao caubói de camisa amarela e a seus pards, a III - Exposição virtual Cavalgando com Tex. Também estaremos publicando online o mais novo banner da exposição Dia Nacional do Tex, atualizando o mesmo, que tem a criação e curadoria do grande coletive GG Carsan. As exposições entrarão no ar no dia 30 de setembro.
O Coletive estará dando apoio e ajudando na realização daquele que promete ser o maior encontro Texiano já realizado no Brasil, a segunda edição de UMA TARDE BONELLI, que irá ocorrer no dia 30/09 e 01/10 em Porto Alegre/RS na Biblioteca Pública do Estado, na rua Riachuelo nº 1150, das 13h às 19h, um evento recheado de atrações para deixar todo o texiano e todo o fã de quadrinhos em êxtase.
No dia 30/09 e dia 01/10, lugar de texiano é em Porto Alegre!
Continuando a nossa cavalgada rumo ao tão esperado dia do aniversário de Tex, o Arte e Cultura foi conversar com um dos grandes roteiristas de quadrinhos do mundo: Pasquale Ruju.
Pasquale se formou em Arquitetura pela Politécnica de Turim, aproximou-se do mundo do cinema e do teatro independentes, dedicando-se então principalmente à dublagem.
Em 1995 integrou o quadro de autores de Dylan Dog, tornando-se logo uma das assinaturas conhecidas dos leitores da revista. Posteriormente, também trabalhou nos roteiros de Nathan Never, Martin Mystère, Dampyr e Tex (dos quais é atualmente um dos principais autores). Desde 2021 é criador e diretor do Dora Nera, festival de cultura noir em Torino.
Para Sergio Bonelli Editore, criou a minissérie em dezoito episódios Demian, publicada de maio de 2006 a outubro de 2007 e a mini, também em dezoito episódios, Cassidy , de maio de 2010 a outubro de 2011. Em 2010 foi o autor mais publicado do ano, com 1604 páginas e quatro séries em seu currículo.
Nós do Arte e Cultura agradecemos profundamente ao Pasquale, pois o mesmo estava de féria no Arizona (EUA), e gentilmente arrumou um tempo em suas férias para poder responder a essa entrevista. Sendo avisado que a matéria entraria nessa semana (a entrevista foi feita em agosto), o mesmo se preocupou em ficar sem tempo hábil para responder a ela depois e acabar criando um atraso para a publicação, assim, interrompeu seu passeio para nos responder. Um ato texiano!
Conheçam um pouco mais desta grande pessoa que é Pasquale Ruju.
PASQUALE RUJU
PASQUALE RUJU: Eu diria que, acima de qualquer coisa, um contador de histórias.
JORGINHO: Quando e como a arte entrou em sua vida?
PASQUALE RUJU: Desde o nascimento. Meu pai era pintor e entre meus tios haviam um poeta, um escritor, um músico. Desde pequeno eu respirei arte de todas as maneiras .
JORGINHO: O que o Pasquale lia quando era pequeno?
PASQUALE RUJU: Eu era apaixonado por romances de aventuras, de Júlio Verne a Emilio Salgari, e depois muitos quadrinhos da DC, Marvel e Bonelli. Eu devorava os quadrinhos de Tex e Mister No.
JORGINHO: Você é uma das pessoas mais inquietas da cena artística italiana, fale para o leitor como foi a transição da arquitetura para a atuação, para a dublagem de desenhos animados e novelas e depois para a escrita de roteiro de quadrinhos?
PASQUALE RUJU: Matriculei-me na Arquitetura logo após o ensino médio e já durante os primeiros anos de faculdade comecei a me interessar pelo cinema e pela atuação. Comecei a fazer teatro, dublagem, e de vez em quando dirigir curta metragens, produções independentes, destinadas a festivais. Um desses "curtas" era um pequeno filme de terror, que o Mauro Marcheselli, então chefe editorial da revista Dylan Dog e do próprio Tiziano Sclavi, gostou. Assim, após alguns contatos iniciais, recebi a proposta para colaborar na série. Minha primeira história foi "The Neighbour", lançada em 1995 , um pequeno episódio em que Dylan Dog não aparecia.Desde então mais de trinta anos se passaram, e mais de duzentas obras foram escritas para diversas publicações da Sergio Bonelli Editore. Entre todos os outros rumos, esse foi exatamente o meu caminho.
JORGINHO: Na sua opinião, quais os personagens mais marcantes de séries, novelas ou desenhos que você tenha dublado?
PASQUALE RUJU: Durante muitos anos eu dublei o Rick Bauer , um dos protagonistas da novela "Santiere" (Guiding Light), interpretado pelo ator Michael O'Leary. No final, acabei gostando do personagem. Me lembro com muito prazer do Sirius dos Cavaleiros do Zodíaco que eu dublei nos primeiros episódios antes de partir para o serviço militar.Teve o Shido dos Cinco Samurais e Ken a águia de G - Force (Gatchman). Aqueles foram bons tempos para quem trabalhava com a voz.
JORGINHO: Como foi para você estrear em Dylan Dog?
PASQUALE RUJU: Emocionante, também por que eu era um leitor iniciante.Eu tive a honra de trabalhar com artistas que eu respeito Há muitos anos, e eu tive uma grande liberdade criativa em minhas histórias.Ainda hoje considero isso um privilégio.
JORGINHO: Como funciona o teu método criativo?
PASQUALE RUJU: Normalmente u parto de uma ideia ou sugestão que eu anoto em meu computador ou telefone. A partir dai desenvolvo um primeiro enredo com três atos da história e com os personagens principais que eu submeto a redação.Se for aprovado eu desenvolvo o roteiro.
JORGINHO: O que Tex significa para você?
PASQUALE RUJU: Escrever um roteiro para Tex é ponto de chegada, a aspiração máxima de um roteirista bonelliano, e ao mesmo tempo, um ponto de partida. Cada história é um desafio. Você pode até escrever roteiros de faroeste bons, excelentes, mas as histórias de Tex devem ter um sabor particular, que os leitores reconheçam imediatamente. É preciso entrar nesse "clima", mas sempre com um toque pessoal, caso contrário a história vai parecer "fria", feita apenas para se cumprir uma meta profissional.
JORGINHO: Você tem uma ideia de quantos roteiros de Tex você já escreveu? Quais os seus favoritos?
PASQUALE RUJU: A essa altura acredito que eu devo estar perto dos cem roteiros, entre publicados e não publicados. Os meus favoritos? O primeiro que foi lançado em duas partes: A prova de fogo e Um Ranger como inimigo, com desenhos do grande e saudoso Ernesto Garcia Seijas. E então... obviamente o último que eu fiz.
JORGINHO: Quais os roteiristas de Tex em geral você admira?
PASQUALE RUJU: Entre os autores de Tex, Gian Luigi e Sergio Bonelli, que deram interpretações bem diferentes, mas memoráveis do personagem. Mauro Boselli, depois Claudio Nizzi assumiram a batuta, mas os colaboradores da revista são todos grandes profissionais. Não da para escrever sobre o nosso "satanás" sem ter talento e habilidade de sobra.
JORGINHO: Você poderia contar ao leitor o que é o Festival de Cultura Dora Nera Noir?
PASQUALE RUJU: Dorna Nera é um festival dedicado ao noir, nas suas diversas modalidades: literatura, quadrinhos, cinema, música e arte.Ele nasceu em Turim a cidade mais noir da Itália, a cidade dos filmes de Dario Argento e dos livros de Fruttero e Lucentini,. Todos os anos premiamos um autor pelo conjunto de sua obra e o melhor romance sombrio (ou graphic novel) do ano anterior. è uma oportunidade para descobrir e apresentar muitos autores talentosos, e dar novas emoções ao grande público que nos acompanha ao vivo e online.
JORGINHO: Nós brasileiros admiramos muito seu trabalho com Tex e outras maravilhosas obras dos quadrinhos como Casidy, Demian e Dampyr, entre tantos.Mas o que você conhece e admira de nosso povo, de nossa cultura?
PASQUALE RUJU: Eu já estive várias vezes no Brasil, naveguei no rio Amazonas, visitei o Rio, Salvador, Natal e outras cidades, também vilas, montanhas e florestas. O Brasil é um mundo, um universo inteiro enriquecido por muitas culturas diferentes. E esta grande diversidade se torna uma grande riqueza, que tem se expressados em autores como Jorge Amado, Paulo Coelho, Rubem Fonseca, e muitos outros, e isso sempre me impressionou. É uma prerrogativa do Brasil e um grande exemplo para o mundo.
JORGINHO: Quais são seus próximos trabalhos em quadrinhos e com a arte em geral?
PASQUALE RUJU: Eu estou trabalhando - além de outro em Tex é claro - em um novo romance e em uma série de Televisão. É importante para mim, e sempre tentei fazer isso, cultivar novos projetos em novas áreas, ois isso acaba nutrindo a minha criatividade, os diferentes projetos me ajudam a continuar escrevendo e a roteirizar sem perder o prazer de fazer o que eu acredito ser o melhor trabalho do mundo.
JORGINHO: Dia 30/09 e dia 01 /10 estaremos em Porto Alegre/RS, Brasil, reunidos para comemorar os 75 anos de Tex em um evento chamado Uma Tarde Bonelli. Você poderia deixar uma mensagem para todos os fãs e leitores que estão lendo e esta matéria e que irão estar comemorando data?
PASQUALE RUJU: Envio aos meus amigos leitores brasileiros que estão lendo essa matéria e que irão estar presentes no evento, um grande abraço.Estamos unidos por uma paixão comum, a da fronteira selvagem e do herói que a percorre a cavalo em busca de justiça. Tex tem 75 anos, mas está mais jovem e mais forte do que nunca.Boa leitura à todos.
"Você pode até escrever roteiros de faroeste bons, excelentes, mas as histórias de Tex devem ter um sabor particular, que os leitores reconheçam imediatamente." - Pasquale Ruju |
Jorginho |
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