III - CAVALGANDO COM TEX
UMA TARDE BONELLI
No próximo dia 30 de setembro o maior mito de quadrinhos de faroeste estará completando 75 anos de vida, e o ColetiveArts pelo terceiro ano consecutivo estará elaborando sua cavalgada de comemoração.
Este ano marcaremos presença online com matérias, entrevistas, com mais uma exposição online inédita, a terceira dedicada ao caubói de camisa amarela e a seus pards, a III - Exposição virtual Cavalgando com Tex ,também estaremos publicando online o mais novo banner da exposição Dia Nacional do Tex, atualizando o mesmo, que tem a criação e curadoria do grande coletive GG Carsan. As exposições entrarão no ar no dia 30 de setembro.
O Coletive estará dando apoio e ajudando na realização daquele que promete ser o maior encontro Texiano já realizado no Brasil, a segunda edição de UMA TARDE BONELLI, que irá ocorrer no dia 30/09 e 01/10 em Porto Alegre/RS na Biblioteca Pública do Estado, na rua Riachuelo nº 1150, das 13h às 19h, um evento recheado de atrações para deixar todo o texiano e todo o fã de quadrinhos em êxtase.
E dando continuidade a essa grande cavalgada, Rodrigo Rudiger nos traz um grande texto sobre a amizade texiana.
O LEGADO DE UM HERÓI
A amizade construída sobre os valores texianos
Sincronicidade
O e-mail que reproduzo abaixo foi o gatilho que disparou o início de uma grande amizade. E quando resgatei essa mensagem, fiquei muito surpreso com a data em que o escrevi: a madrugada do dia 11 de Setembro de 2011.
Naquele longínquo domingo, faziam exatos 10 anos de um dos acontecimentos mais tristes e emblemáticos da história recente da humanidade. Os ataques terroristas aos Estados Unidos vitimaram milhares, e a terra da liberdade e da oportunidade precisou, mais uma vez, renascer.
Tragédias desse calibre seriam ainda maiores, se não fosse pela intervenção de heróis de carne e osso, que surgem como verdadeiros milagres, contra todas as probabilidades. Nada pode traduzir melhor a honra do que um ser humano que é capaz de abrir mão da própria vida para salvar o seu semelhante (e que sem saber, pode estar salvando gerações inteiras). Que jamais sejam esquecidos os 342 bombeiros que morreram durante os resgates nas Torres Gêmeas, assim como outros 200 que perderam suas vidas nos anos seguintes, vítimas dos efeitos colaterais da exposição aos gases tóxicos gerados naquele ambiente de completa destruição.
E o que dizer da tripulação do voo 93 da United Airlines? Que bravamente lutou contra os sequestradores na tentativa de recuperar o controle do avião. Passageiros comuns como eu e você, que descobriram em pleno voo, por meio de conversas telefônicas com seus familiares e amigos, que outros três aviões também haviam sofrido o mesmo tipo de sequestro e em seguida foram arremessados em missão suicida contra as torres gêmeas e contra o Pentágono. O conflito desses passageiros com os terroristas acabou por fazer a aeronave cair em uma região rural do Condado de Somerset, na Pensilvânia. Infelizmente não tivemos sobreviventes entre esses bravos, mas seu feito heroico evitou que a catástrofe fosse ainda maior, pois o avião certamente seria atirado contra o Capitólio ou a Casa Branca.
Esta introdução partiu da simples coincidência de uma data, e obviamente, trata de uma diminuta amostra dentre tantos heróis que viveram em todas as épocas. Mas nunca deixarão de ser histórias tocantes, para sempre nos ajudar a lembrar sobre um dos mais bonitos e honrados exemplos que um ser humano pode deixar ao outro: o profundo e verdadeiro significado da palavra altruísmo.
Realidade x Ficção
Os heróis são incontáveis, porque a maioria é anônima. Muitos podem não ter tido o seu nome escrito em grandes livros, mas certamente deixaram a sua marca em muitos corações: de amigos, de familiares, ou mesmo de desconhecidos. E independentemente do tamanho de seu feito, esses heróis viveram e vivem sob princípios admiráveis, que deveriam sempre nortear a própria existência humana (ou, pelo menos, gosto de assim pensar).
Com tamanho impacto em nosso emocional, o heroísmo se tornou a grande válvula motriz para memoráveis produções artísticas. Muitas delas, inclusive, extrapolando o entretenimento. Quem nunca vibrou ou se emocionou com ao menos um personagem marcante e seus atos heroicos, aquele protagonista do bem, saído de um bom filme ou de um bom livro?
A Nona Arte (como também é conhecido o universo das histórias em quadrinhos), por sua vez, também foi responsável por criar e imortalizar centenas desses heróis. E a maioria deles, ainda que não tenham lastro na realidade, nos apresentam a todo tempo aqueles valores que tanto admiramos e buscamos (se não, deveríamos buscar), e que servem de infinita inspiração aos seus ávidos leitores. É o caso de Tex Willer.
Um homem x Múltiplos feitos
Criado em 1948 na Itália por Giovanni Luigi Bonelli e idealizado graficamente por Aurelio Galleppini, Tex Willer é um personagem de histórias em quadrinhos do gênero faroeste, publicado pela primeira vez no Brasil em 1951. Nessa época, ainda como integrante da extinta revista Junior e usando o nome de “Texas Kid”.
Após desaparecer das bancas brasileiras em 1957, ressurge após um hiato de 13 anos, desta vez em revista própria e que passa a levar seu nome real/definitivo: “Tex”. Também chamado de “Águia da Noite” pelos indígenas, Tex é ao mesmo tempo 3 personas: o chefe branco do povo Navajo, seu agente indígena e também o mais famoso membro da corporação Texas Rangers.
Desde 1971, Tex é publicado de forma ininterrupta no país. No Brasil, passou pelas editoras “Vecchi”, “Rio Gráfica” e “Globo”, sendo atualmente publicado pela editora “Mythos”, sob licença da italiana “Sergio Bonelli Editore”. E lá se vão 52 anos de múltiplas façanhas dentro dos gibis. Mas fora deles também. Como? É muito simples: ao impactar de forma significativa e definitiva a vida, os valores, os costumes e o proceder moral de todo texiano que realmente entendeu o que Tex tem a nos dizer. O grande feito de um herói é servir de norte, de guia, pois o bom exemplo sempre permanece, cria raízes e dá novos frutos.
Conheci Tex somente em 2003, quando eu já estava com 23 anos de idade. Para você que tiver a curiosidade de saber de que forma isso aconteceu, e entender o impacto que Tex teve na minha vida), deixo aqui o link da entrevista que o ColetiveArts realizou comigo, por ocasião do primeiro evento “Cavalgando com Tex”, realizado em 2021. Uma honra que jamais esquecerei!
Para ler a entrevista dada ao ColetiveArts, clique AQUI !
Nessa entrevista, destaquei momentos, descobertas e emoções sobre a presença de Tex em minha vida nestes últimos 20 anos. À medida que mais eu aprendia sobre o nosso ranger, mais o universo texiano se abria à minha frente e se mostrava único, incrível e fantástico!
Pards para a vida
Para Tex, a amizade é sagrada. Hoje, é impossível dissociar a figura do ranger de seus infalíveis parceiros (ou pards, como são chamados entre si os amigos e companheiros inseparáveis naquele idioma americano). São eles: o índio navajo Jack Tigre - exímio rastreador, rápido no gatilho de um rifle Winchester na mesma medida em que é ágil em posse de uma faca; seu filho Kit Willer – mestiço, fruto do grande amor da vida de Tex (a bela índia Lilyth) e que segue com orgulho e firmeza os mesmos passos do pai; e por último, e não menos importante, o “camelo velho”, “o velho resmungão”: carinhosos e bem-humorados apelidos dados por Tex ao seu fiel companheiro do comando dos Rangers, Kit Carson.
Enredos com amigos assim exponenciam o alcance das histórias, fazem com que os atos heroicos se tornem ainda mais grandiosos e emocionem ainda mais. São lembretes a todo tempo do valor que existe em pessoas especiais que estão ao nosso lado de verdade, que contribuem para o nosso crescimento, evolução e realização de sonhos. E vice-versa. Sim: a reciprocidade é palavra de ordem em uma amizade, mas sem nefastas obrigações, pois a amizade verdadeira faz emergir, com grande naturalidade, o melhor de nós em prol do melhor do outro, sem que para isso um precise cobrar o outro.
Em certo trecho da entrevista que citei anteriormente, ao responder à pergunta do Coletive Arts sobre “quantos itens tem sua coleção e quais são os mais importantes para você?”, eu falo inicialmente sobre os meus gibis, é claro, mas na sequência deixo um complemento crucial que é o cerne da mensagem que pretendo deixar no presente texto: “Os meus itens mais importantes são sempre aqueles com os quais vieram boas histórias e novos amigos. Muito mais importante que a coleção de itens valiosos, é a coleção de amigos que Tex nos proporciona cada vez mais!”.
Tex é um verdadeiro justiceiro. Não permite a proliferação de qualquer injustiça, contra quem quer que seja. É um farol na escuridão humana, uma vela contra o maligno, um bálsamo para aqueles que perderam muito e que estão em sofrimento. Dos leitores mais jovens àqueles com mais primaveras, todo fã de Tex foi tocado em algum momento pela sua conduta irrepreensível e pelo seu espírito incorrupto. Nem sempre os seus métodos são ortodoxos, mas torcemos por ele o tempo todo. Afinal, existem situações na vida em que os meios realmente justificam os fins, onde não há opção.
Com um herói dessa envergadura, não raro você encontrará pards na vida real que prezam por fazer uma caminhada de aproximação com o nosso ranger. Todos gostariam de ser Tex. Muitos cresceram inspirados pelas suas aventuras, e nelas nunca se passou despercebido o impacto da ética e da moral, que forjaram a educação da grande maioria de seus fãs.
Uma vez dentro dos círculos de leitores e colecionadores de Tex, você está a um passo de iniciar novas amizades que se tornarão longevas. Inclusive, muitos utilizam mesmo a nomenclatura “pard” no trato diário com seus amigos, tamanha a parceria que se cria.
Quem participa de eventos texianos, então, pode falar ainda melhor! Em momentos que entraram para a história, como a Exposição Tex 500 Brasil (Santo André – SP) em 2011, como o Festival de Quadrinhos (Limeira – SP) em 2018, e o recente Encontro Nacional de Tex 2023 (Vila Texas, Chopinzinho – PR), pards de todo país selam novas amizades, celebram as já existentes e entram em uma sintonia ímpar. Dá gosto de ler ou ouvir os relatos dos pards texianos onde quer que estejam. Há emoção em transbordo e muita partilha, que gera uma energia revigorante e culmina em novas histórias que certamente ficarão para sempre em seus corações.
Este texto é dedicado a todas as pessoas incríveis que eu conheci por meio do universo texiano. E isso não poderia ser feito sem uma merecida homenagem a alguns pards especiais, cujas respectivas histórias tenho o prazer de resumir abaixo.
Uma vez aposentado, não demorou muito para Carlos Ramalho, de Indaiatuba – SP, transformar um antigo hobby em um empreendimento. Fã de Tex, de Zagor e de faroeste em geral, fundou a gibiteria Texas Ranger, tornando-se uma das referências desse mercado para colecionadores do Brasil e também do exterior.
Em 11/07/2021, tomei conhecimento de sua loja online (https://www.texasranger.com.br/) em pesquisas pela Internet. No garimpo nosso de cada dia, buscando por novos gibis Tex para a minha coleção, resolvi enviar uma mensagem no mesmo dia por Whats App para o tal Ramalho.
Como eu estava interessado em um número grande de gibis que ele tinha à venda, ao invés de ficar pedindo diversas fotos, vídeos e descrições detalhadas sobre a conservação de todos, perguntei se eu poderia ir até lá e analisá-los pessoalmente. Tratava-se de um pedido especial, pois o modelo de operação da Gibiteria Texas Ranger é somente online. Portanto, não há atendimento “porta para a rua” e nem visita pessoal. Assim, ao aceitar meu pedido, Ramalho estaria recebendo um completo estranho em sua casa.
Mas uma conversa entre pards texianos é diferenciada. Há uma sinergia e uma boa troca de forma absurdamente rápida. Vai-se de um assunto ao outro com extrema facilidade e com muita naturalidade. É instantâneo o estabelecimento de novas conexões.
Resultado: passamos um dia memorável entre compras, vendas e muitas histórias. De lá para cá, já foram diversos outros encontros (que incluíram também nossas famílias), eventos, garimpos em parceria, negociações de gibis, e é claro, conversas sem fim, sem nunca perder o bom humor que nos é peculiar.
Ramalho tornou-se aquele pard do trato frequente, e não somente para assuntos texianos. Do valor à família às brincadeiras sem fim, apelidos como “Carlota” pra ele, “Fred Flinstone” pra mim e “malacabado” para ambos, já dão uma boa ideia de como o dia a dia é divertido.
Mas acima de todos esses, “irmão” é uma palavra que veio para ficar. E nessa irmandade real, estamos sempre dividindo as alegrias e as tristezas. Graças a Manitu, muito mais alegrias do que o resto, como o dia em que celebramos juntos o meu aniversário de 42 anos, onde ele e sua família preparam uma grande surpresa pra mim: um bolo texiano personalizado e decorado com os 4 pards mais famosos do oeste!
Outro ponto interessante é que um pard naturalmente vai te levar a outro! Ramalho não só me apresentou a muitos outros, como também me direcionou à participação em diversos grupos de Whats App do universo texiano, os quais contribuíram de forma decisiva para que eu pudesse avançar na coleção dos gibis de Tex, aprender mais sobre o nosso herói preferido e fazer novos amigos.
Um grande exemplo foi o início da amizade com o incomparável Antonio Marcos Matias, para o qual também quero deixar aqui o meu forte e fraterno abraço (na foto abaixo, recebe-me em visita em sua casa no interior de SP, onde juntamos as famílias para uma tarde texiana).
Por curiosidade: dando ainda mais ênfase à sincronicidade que capitulei na introdução, percebo somente agora que estou escrevendo este texto no dia 11/07: curiosamente, é a data exata em que conversei pela primeira vez com Ramalho! Olha só meu irmão: mais um aniversário da nossa amizade texiana! Parabéns para nós e que venham muitos outros anos!
Um irmão colecionador
Duvido que exista um texiano que não tenha ao menos ouvido falar de Adriano Rainho. Bastava procurar qualquer coisa sobre Tex na Internet e os resultados com referência à Rainho apareciam em profusão no seu navegador. Um dos maiores colecionadores de Tex do Brasil e um dos maiores do mundo.
Durante anos, apreciei à distância as coleções de Adriano Rainho (que inclusive não se limitam à Tex), sem nunca ter tido a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Seus milhares de itens sobre Tex, muitos deles raríssimos e alguns (creio) impossíveis de se adquirir, mesmo que você tenha dinheiro à disposição, tiveram um efeito incrível sobre aquele colecionador iniciante, o Rodrigo Rudiger de 20 anos atrás. Rainho sempre esteve engajado em divulgar material de qualidade sobre o colecionismo em geral, e para nossa sorte, muito sobre Tex, com textos, vídeos, eventos, livros, etc. Mas não foram esses os pontos em específico que me fizeram querer conhecer pessoalmente esse ilustre pard.
Em 2008, no exato dia de seu aniversário, 6/11, foi ao ar uma entrevista de Adriano Rainho no Tex Willer Blog, o “Blogue Português do Tex”. Alguns trechos em específico me marcaram bastante. A exemplo da recomendação para não se buscar gibis somente em sebos: “Da minha parte, compro todas as edições que saem nas bancas. Todos os colecionadores que tiverem condições financeiras deveriam fazer o mesmo, pois desta forma a editora continuará publicando o nosso Ranger”.
Em outro momento, perguntado sobre “Por que Tex e não outro personagem?”, é rápido no gatilho: “Porque nas suas histórias marcaram-me demais os sentimentos de amizade, perseverança, desejo de justiça e principalmente a vontade de lutar por aquilo que desejamos, sem nunca desanimar!”. E para fechar aqui o entendimento que desejo passar: ao responder a pergunta “O que Tex representa?”, Rainho completou que “É um exemplo a ser seguido. Os valores morais que ele transmite precisam ser passados para as novas gerações”.
Vi nessas, e em tantas outras palavras de Rainho, o mesmo sentimento que Tex também me despertava. Assim, certa feita, peguei o telefone para buscar conhecer mais um pard. Rainho me recebeu com grande alegria e grande cordialidade.
Como eu já disse, uma conversa entre pards é diferenciada. Esticamos a ligação em quase 1h e meia de duração, não programada. Como se estivéssemos perdidos por anos e naquele momento recebido a oportunidade de nos reencontrarmos. Nesse mesmo dia também conversei pela primeira vez com sua maravilhosa esposa, Elguima Rainho, a quem ele sempre se referia em seus vídeos carinhosamente como a “Diretora de Arte”.
Muito tempo se passou para que eu pudesse encontrar Rainho pessoalmente, o que aconteceu somente em 04/09/2022, na primeira edição do evento “Gibi Festival”, em São Paulo - SP. Aquele abraço represado por anos foi emocionante, na mesma proporção em que também foi conhecer pessoalmente a Elguima. Há algum tempo, sabíamos da luta que ela travava contra uma doença, que infelizmente terminou com a sua partida no início deste ano. Adriano foi separado de sua Lilyth (para quem não é familiarizado, faço aqui alusão à esposa de Tex), mas para sempre ficará o exemplo do carinhoso, profundo e inspirador relacionamento que eles construíram e que mantiveram até o último momento. Meu pard Rainho: receba sempre o meu forte e fraterno abraço.
Um irmão plural
G. G. é ponto, mas fora da curva. O tipo da pessoa que, em absoluto, não se encontra por aí com facilidade. Não que seja difícil encontrá-lo pessoalmente se você desejar. A questão é que dificilmente encontrará alguém sequer parecido. Não é qualquer um que consegue coexistir em uma mesma vida sendo escritor, roteirista, poeta, cosplayer, colecionador, divulgador, historiador, apresentador, webdesigner, fotógrafo e corretor de imóveis. E ainda dedilha um violão e se arrisca no microfone com alguma frequência.
G. G. é tamanho grande. É tamanho de gente grande, que pensa grande. Um pseudônimo que já estava predestinado a grandes feitos. Desde pequeno, G. G. honrava os valores e a justiça de Tex. “Queria ser como Tex, me vestia como Tex” (trecho extraído de seu primeiro livro sobre o ranger, que inclusive o alçou à carreira de escritor).
Como também registrei na mesma entrevista ao Coletive Arts, na época em que conheci nosso grande pard G. G., ele ainda escrevia “Tex no Brasil – Justiça a Qualquer Preço”, seu segundo livro sobre o personagem. Inclusive, tive a honra de ver publicado nele um resumo da minha história com Tex. Eu representava ali todos os demais leitores e colecionadores que haviam descoberto o personagem há pouco tempo, mas que em compensação se apaixonaram imediatamente pelo universo texiano.
Na mesma entrevista, mencionei o quanto acho sensacional o fato de existirem livros sobre Tex escritos por fãs do nosso herói, com conteúdo e qualidade profissionais, como o próprio G. G. Carsan, mas também os notáveis Adriano Rainho, João Marin e Gonçalo Junior. Sabemos que é um trabalho árduo e remunerado somente pelo amor puro que Tex representa na vida de cada um. Ali também frisei sobre uma atividade muito bacana desse nobre pard, que além de frequentemente distribuir exemplares para os menos favorecidos, também costuma “esquecer” gibis do Tex em bancos de praças, plantando assim uma semente que pode dar frutos fantásticos ao potencializar novos leitores.
G. G. escreveu um total de 4 livros sobre Tex, um melhor do que o outro. Em seu primeiro livro, destacou que os eventos e exposições sobre Tex são excelentes oportunidades “para fazer amizades e conhecer texianos”. Com esse mesmo espírito, não tardaria para que também tivéssemos uma oportunidade de nos encontrarmos pessoalmente pela primeira vez. Mais uma amizade que nosso herói estava prestes a consolidar.
Ao longo dos anos, fui acompanhando suas produções, trocávamos figurinhas sobre Tex e, de quando em vez, também partilhávamos sobre a vida. A distância entre sua residência (João Pessoa – PB) e a minha (São Paulo – SP) fez com que não pudéssemos criar o primeiro encontro presencial rapidamente. Demorou 12 anos. Mas 2023 estava reservado para o dia D. Ou melhor, dia “T”, de Tex!
Carsan aproveitou bem a sua mais nova descida rumo ao sul do Brasil. Primeiro participou do encontro nacional de fãs de Tex que aconteceu em 24 e 25/06/23 na cidade de Chopinzinho (PR), celebrando 10 anos do Clube Tex Brasil e 75 anos de Tex Willer.
Na semana seguinte, entre 26 e 28/06/23, G. G. aproveitou para rever parentes, amigos e a própria cidade de São Paulo. E foi nesse ínterim que finalmente pudemos nos encontrar. Mais de uma vez.
Primeiro encontro: terça-feira de manhã. O ponto focal é a loja “Mundo Mythos”, e em minha chegada conheço pessoalmente não apenas GG, mas de quebra também o editor da Mythos Dorival Vitor Lopes e o autor de HQs e editor do Pegasus Studios, Tony Fernandes. Lá também está presente o meu grande amigo e já parceiro Higor Lopes, mestre conhecedor de HQs e responsável pela loja Mundo Mythos.
Com tão incríveis pards, a troca de ideias acontece em profusão. Terminado esse evento flash, bora continuar o bom papo no Violeta Bar e Restaurante na tradicional Rua Augusta, no coração de São Paulo. G. G. pede um suculento bife com batatas que daria orgulho à Tex e Carson. A conversa nos tomaria tranquilamente o resto do dia, se não fossem os compromissos profissionais gritando no relógio. Mas nada de se lamentar: somente a gratidão por essa reunião pra lá de especial após mais de uma década de espera. O amanhã seria ainda melhor.
Segundo encontro: quarta-feira à noite. Desta vez, sentados na confortável padaria Bella Paulista, localizada a uma quadra da Avenida Paulista, na Rua Haddock Lobo. Com mais horas à disposição, as conversas evoluíram de Tex à política, de política à religiosidade, de religiosidade à espiritualidade, em uma espiral ascendente sobre a vida e o nosso ser humano, enquanto os reforçados lanches também eram devorados. Ao final da noite, eu não poderia deixar passar a oportunidade de ganhar uma dedicatória atualizada e ao vivo do nobre G. G em seus 4 livros texianos. Da minha mochila saquei meus exemplares, que adquiri ao longo dos anos, e lá estava G. G., em suas próprias palavras, renovando os votos com seu pard paulista (uma alusão e carinhosa homenagem feita por ele a uma de minhas profissões: celebrante de casamentos).
É chegada a hora do adeus. Ou melhor, do até breve. A diligência “Sampa-Jampa” não estava operando na ocasião, então Carsan teve mesmo que apelar para o pássaro de ferro, com partida às 22h40 no Aeroporto Internacional de Guarulhos - SP. Saindo da Bella Paulista e no trajeto de carro até lá, as alegres conversas seguem despreocupadas pelo trânsito raramente amigável da Marginal do Rio Tietê. Finalmente chegamos ao ponto final dessa jornada, o Terminal de número 2, por onde G. G. parte após um forte abraço texiano.
Enquanto G. G. retorna à João Pessoa da Paraíba, fico com a certeza do que aprendi com um velho ditado texiano: “A dois pards quando se encontram, parece que sempre se conheceram”.
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Este texto é uma homenagem a todos os pards que prezam e valorizam a amizade baseada nos valores de Tex Willer. Que cada um de vocês possa continuar fazendo a diferença neste mundo tão carente de transparência, de colaboração, de parceria e de amor fraterno. E que você nunca se esqueça de cultivar essas amizades com toda a RECIPROCIDADE possível. Tex Willer terá sempre um grande orgulho de você. E eu também. Um forte abraço texiano!
Rodrigo Rudiger é paulistano, virginiano e texiano (fã e colecionador do personagem Tex Willer). Casado e pai de dois filhos. Tem sua fé no Deus do Universo e vive uma espiritualidade ecumênica: acredita que o amor universal é o caminho para coexistir. Pós-graduado em Gestão de Projetos, formou-se também em Ciência da Computação e Processamento de Dados. Na área de Tecnologia da Informação, já foi programador multimídia, scrum master e liderou equipes de desenvolvimento de software e governança de TI. Expandiu suas possibilidades e capacidades após um transformador curso de teatro, passando a valorizar ainda mais a pluralidade humana. Na área de Comunicação, já atuou como animador de palco e mestre de cerimônia em eventos, além de ter tido uma experiência em dublar um personagem de um game para o português. Faz cosplay do personagem “Mumm-Ha” do desenho “ThunderCats” em eventos geek/nerd. Escreveu os livros “Anos 80 de A a Z” e “Transforme a sua vida com a Cabala”. Foi criador e editor da revista “Reino Animal”. Atuou como redator em 9 revistas, incluindo a Discovery Channel Magazine, escrevendo sobre os mais diversos assuntos (de “Games” à “Canto Gregoriano”, de “Mamíferos do Pleistoceno” à “Musicoterapia para Gestantes”). É palestrante filantrópico no tema “Coexistência”. Hoje atua como celebrante de casamentos, bodas e mestre de cerimônia para festas de 15 anos.
1 Comentários
Rodrigo Rudiger é um daqueles espécimes raros que surgem na vida da gente em momentos inesquecíveis e especiais, com a capacidade de se tornarem parte essencial de nós mesmos e conceder espaço para sermos parte integrante de sua vida. Conviver e contracenar com o Rodrigo representa crescer individualmente, porque ele é um poço de virtudes.
ResponderExcluirObrigado, Grande Irmão.