DANIEL FILÓSOFO

 Louco ou libertário

Xavier é um rapaz jovem, assim podemos dizer. Apesar de já estar chegando aos quarenta anos. Uns ainda consideram estar gozando de sua mocidade. Mas Xavier fisicamente estar bem. Ao longo dos anos, quase não sofreu nenhum tipo de machucados, só alguns arranhões,  nada grave.

O rapaz sempre foi bem introspectivo desde os tempos de colégio. Tímido, não tinha muitos colegas, por muitos era considerado autista ou louco, por ser um jovem fechado. Conforme os anos foram passando, foi amadurecendo com a idade, foi abrindo-se para o mundo ao seu redor, olhando a vida com outro prisma e tentando trilhar seu caminho até  chegar ao paraíso, se é que ele existe.

Foi tentando ganhar uma identidade própria. Conheceu pessoas novas, interessantes, foi tendo mais ousadia, liberdade, ganhando confiança em si mesmo. Isso foi moldando o seu eu interior. Para Xavier, foi uma  libertação. Parece que ganhou uma vida nova.

Começou a beber fumar, sair à noite voltava só ao amanhecer. Era outra pessoa. Numa dessas noitadas, conheceu Janaína. Bela moça, na flor da idade. Xavier apaixonou de cara pela garota. Tomou um gole de cachaça, criou coragem e foi falar com Janaina.

Ela não deu muita bola pra ele. Achava um bobo, meio carente. Que ele não era um rapaz ideal para ela. Foi bem rude com o apaixonado rapaz. Ele que tinha uma autoestima não muito elevada, sentiu-se mal por isso. Xavier com isso passou a entrar no mundo das drogas. Experimentou quase todas, misturava com bebidas, até chegar num ponto em que perdeu uma boa coisa que tinha em si: A serenidade.

Foi considerado louco por todos que o conheciam e os que não o conhecia também. Emagreceu bastante, estava com aspecto triste, às vezes não dizia coisas sem o menor sentido, ficava no alto do monte que tinha no bairro, isolado. Filosofava nas paredes das casas, sem deixar algum vestígio de quem escrevia aquelas palavras. A única assinatura  que deixava no final era “o poeta libertário”

Daniel Filósofo

Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista. Também escreve a coluna "A música segundo o Filósofo".

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