ARTE E CULTURA

ColetiveArts outubro 31, 2023

Louva - Deus

Lançado pela Funktoon ( aplicativo para leitura de quadrinhos nacionais) no dia 13 de outubro de 2023. HQ "LOUVA-DEUS" Desafia Convenções e Encanta Leitores

No dia 13 de outubro, a comunidade aficionada por quadrinhos foi presenteada com "LOUVA-DEUS", uma narrativa única e intrigante que desafia as convenções do gênero do terror. Esta narrativa muda, desprovida de texto, ambientada em um cenário contemporâneo, segue um jovem protagonista cuja vida é transformada por um encontro fortuito com uma mulher misteriosa. O que começa como um simples encontro logo se desenrola em uma série de eventos inquietantes que afetam das vidas dos personagens e lançam luz sobre os enigmas do amor e do sacrifício.

"LOUVA-DEUS" é uma obra que mergulha nas profundezas do terror psicológico e do desconhecido. Ao eliminar os textos tradicionais, os autores desafiam os leitores a se envolverem completamente na narrativa visual, os leitores serão conduzidos por uma jornada repleta de reviravoltas e descobertas surpreendentes, onde cada imagem é carregada de significado e mistério. A trama meticulosamente construída destaca os conflitos internos e motivações dos personagens, enquanto desafia as próprias convenções do amor e do sacrifício, convidando os leitores a refletirem sobre esses conceitos universais.

Os Autores:

"LOUVA-DEUS" é resultado da colaboração de três artistas excepcionais.

Escritor: Felipe Oliver é ex-aluno do Inko, conhecido por sua paixão por criar histórias. Desenhista: Matheus Vargas, com seu traço característico, e habilidade no uso do alto contraste com nanquim, dá vida à dinâmica da história. Colorista: Daniel Simões utiliza uma paleta de cores que oscila entre cores quentes como vermelhos vibrantes, acentuando o valor visual da narrativa por meio de iluminações que promovem uma atmosfera com referências a clássicos do terror.
 
Nós do Arte e Cultura fomos conferir essa obra e realmente ela é impactante, além de trazer novos artistas com vontade de vencer e mostrar o seu trabalho para o mundo. 

Já saíram três capítulos e os dois últimos  estão programados para os dias: 03/11 e 10/11, e nós fomos entrevistar um dos responsáveis pelo projeto o ilustrador Matheus Vargas Fraga.

MATHEUS VARGAS FRAGA


JORGINHO: Quem é o Matheus Vargas Fraga? Como você se define?

MATHEUS VARGAS FRAGA: Matheus Vargas Fraga é um desenhista, ilustrador, quadrinista estudante de Artes Visuais e designer gráfico; nascido em Gravataí, e morador de Santo Antônio da Patrulha; fã de cultura pop - Marvel, DC, Star Wars, Umbrella Academy, etc. - tutor de dois caninos, defensor da causa animal e ex-jogador de RPG.

Eu me defino como alguém que tem uma boa visão pro futuro, com expectativas realistas, sonhos possíveis e um caminho traçável até lá. Um artista autodidata, que sempre demonstrou vocação pra desenhar e criar histórias, que gosta de fazer isso, e sabia o que queria o tempo todo. Um artista que está desenhando a própria história, se descobrindo como um profissional e se organizando pra conseguir o que quer.


JORGINHO: Como surgiu a paixão pelos quadrinhos? Quais são suas maiores influências?

MATHEUS VARGAS FRAGA: É uma longa história. Eu sou filho único - tenho dois irmãos e uma irmã só por parte de pai mas a gente nunca morou junto - e vivi em Gravataí até os meus 11 anos, sem contar uma passagem por Glorinha. Nos anos 2000 a gente não tinha internet então o meu entretenimento na infância eram os gibis da Turma da Mônica e desenhar, eu não lembro de uma época na minha vida em que eu não desenhasse, e os gibis da Mônica eu lia no carro voltando pra casa do mercado, e assim eu me alfabetizei com 5 anos de idade. Quando entrei na escola as outras crianças ficavam soletrando e lendo em voz alta enquanto eu lia os gibis da biblioteca na mente, e aquilo me fazia sentir deslocado, eu sempre me senti deslocado na escola.

De 2010 em diante eu era muito fã de Dragon Ball (o anime, nunca li o mangá), então eu tive uma grande influência do Akira Toriyama, desenhei muito Goku e Vegeta, e hoje percebo que tenho algumas características do Akira incorporadas ao meu traço. Também sempre gostei muito dos Vingadores, X-Men e Homem-Aranha (sempre foi meu preferido), eu amava o desenho do Espetacular Homem-Aranha, tanto que em 2021 se não me engano, entrei como colorista pra equipe da Spectacular Spider-Man Returns (uma HQ feita por fãs da série que serve como continuação não oficial)

Desde pequeno (uns 6, 7 anos) eu já criava histórias em quadrinhos de super-heróis quando nem sabia do que isso se tratava. Eu segui desenhando principalmente fanarts de personagens, sempre buscando fazer sempre melhor. Eu sou autodidata, então eu aprendi fazendo, com os próprios erros.

Em 2020 veio a pandemia e todo mundo teve que ficar isolado em casa, passando muito tempo consigo mesmo. Isso foi uma experiência inesperada de auto conhecimento e amadurecimento. Na pandemia eu desenhei mais, encontrei meu estilo próprio - ou ele me encontrou, isso é uma coisa que acontece naturalmente mais cedo ou mais tarde, um "evento canônico", e isso foi muito bom, eu encontrei minha identidade na arte. Também foi na pandemia que eu resolvi retomar esse sonho de infância, de me tornar quadrinista. Aí eu descobri o canal do Rapha Pinheiro, editor da Universo Guará, e comecei a acompanhar os vídeos, que serviram como um "curso" intensivo de quadrinhos pra mim. Comecei a estudar sobre quadrinhos, narrativa visual, mercado editorial, formas de publicação, composição, etapas da produção. Apareceu pra mim o anúncio da Spectacular Spider-Man Returns no Instagram que estavam precisando de colorista, fiz o teste, e entrei. Também entrei no Discord da Universo Guará, e assim me integrei online à comunidade de quadrinistas do Brasil, fiz contatos, conheci gente, aprendi muita coisa.

Hoje além de designer gráfico, eu atuo como desenhista na Spectacular Spider-Man Returns, no Louva-Deus e em outra HQ com uma equipe que conheci no Discord da Guará. Também tenho planos de outras histórias originais pros próximos anos, onde pretendo também ser roteirista.


JORGINHO: Como surgiu o projeto Louva- Deus?

MATHEUS VARGAS FRAGA: O Felipe (Oliver) foi aluno do Inko, o curso de quadrinhos do Rapha Pinheiro, então a gente tinha esse ponto de conexão. E foi dessa rede que eu me conectei na pandemia com vários artistas de quadrinhos do Brasil, que a gente começou a se seguir mutuamente, eu e o Felipe. Até que um dia ele me convidou pra ser colorista da HQ dele, e ele me apresentou a ideia do Louva-Deus. Ele tinha outro desenhista, mas ele saiu pra fazer algum outro projeto, aí eu me ofereci pra ser o desenhista da HQ, e aqui estamos desde então.


JORGINHO: Como funciona o método criativo seu junto com o Felipe Olivier e com o Daniel Simões?

MATHEUS VARGAS FRAGA: O Felipe não escreveu um roteiro pra Louva-Deus, ele fez direto no storyboard, no rascunho, já com os quadros bem definidos e foi assim que ele me passou. O que eu fiz foi pegar esses esboços e transformar em desenhos bem definidos, traduzindo pra mais próximo do meu estilo. Depois de todas as páginas desenhadas eu fiz a arte final com nanquim, escaneei e passei pro Daniel colorir. A gente sempre se manteve em contato durante todo o processo pelo grupo no WhatsApp, um corrigindo o trabalho do outro e dando sugestões, o que eu acho que agrega demais num trabalho em equipe.


JORGINHO: Como está sendo a repercussão do projeto? Tem possibilidades do projeto criar ramificações com novos projetos ou continuações?

MATHEUS VARGAS FRAGA: Louva-Deus é uma história fechada, com um começo, meio e fim bem costurados. Os personagens são apresentados, tem seu desenvolvimento e seu destino. Então não, não acredito que a história vá ter alguma continuação ou spinn-off. Mas os personagens que a gente criou tem um backstory bem complexo que é apresentado de forma implícita dentro das 42 páginas, e quando escrevi isso a história estava com 210 leituras no Funktoon, então quem sabe.


JORGINHO: Deixe um recado para os leitores do Arte e Cultura, convidando os mesmos para conhecer essa grande iniciativa.

MATHEUS VARGAS FRAGA: Se você gosta de arte, se você gosta de histórias em quadrinhos, ou curte terror, slasher, suspense, ou simplesmente está procurando alguma coisa diferente pra ler, Louva-Deus está disponível pra leitura online de graça no Funktoon, é só baixar o aplicativo e ler pelo celular sem pagar nada. A HQ traz inspiração e referências a clássicos como Psicose, Pânico, O Massacre da Serra Elétrica, Corra, e Casamento Sangrento; e o estilo de arte bebe da fonte de Frank Miller, Mike Mignola e Dave Stewart.

Eu acredito nos quadrinhos como fonte de literatura acessível. Em meio a tantas mídias e a complexidade da indústria do entretenimento moderna que prioriza tanta quantidade em detrimento da qualidade, os quadrinhos tem potencial pra voltar a ser, e estão voltando a ser o que já foram, se adaptando às novas tecnologias: uma forma de entretenimento barata, saudável, de fácil acesso, e para todos os gostos; uma fonte de informação descomplicada, desenhada, que fala a língua do povo, pra adultos e crianças; uma fonte de cultura pra pessoas de todas as idades e todas as realidades, um instrumento de transformação social porque qualquer história, a história de qualquer um, pode ser contada através das histórias em quadrinhos, isso já é uma realidade.
 

Louva - Deus

PARA LER "LOUVA- DEUS" gratuitamente, clique AQUI .

• 41 páginas
• Colorido
• Publicação digital
• Gratuito
• Periodicidade semanal
• Publicação independente
Para conhecer os autores, acesse seus links:

Felipe De Oliveira
Matheus Vargas
Daniel Simões

Eu acredito nos quadrinhos como fonte de literatura acessível. 
... uma fonte de informação descomplicada, desenhada, que fala a língua do povo, pra adultos e crianças; uma fonte de cultura pra pessoas de todas as idades e todas as realidades, um instrumento de transformação social porque qualquer história,
a história de qualquer um, pode ser contada através das
histórias em quadrinhos, isso já é uma realidade.
 - Matheus Vargas Fraga


Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, graduando em Artes, com pós graduação em Artes na Educação Infantil, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.

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