JORGINHO: Quem é o Daniel Simões? Como você se define?
DANIEL SIMÕES: Gosto de pensar em responder essa pergunta em duas partes: Daniel profissional e Daniel-Daniel, (mesmo sendo ambos a mesma pessoa).
Eu sou Formado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Maringá e desenho desde criança. Realizei tantos cursos que mal sei mencionar quantos. Adoro aquarelas e trabalho principalmente no meio digital. Me interesso por projetos ilustrados, artísticos, narrativos e educacionais focados no desenvolvimento visual. Já dei aulas de Artes e fui Monitor em disciplinas de artes na faculdade. Meu trabalho flui entre o maior amor do mundo até o maior drama do mundo. O maior otimismo do mundo e o maior pessimismo do mundo e minha arte já apareceu desde Portugal até em mídias das redes sociais como HBO e Netflix (sim, eu surtei)
Sou obcecado por gatos e até bato-papo com eles (é sério). Extremamente introvertido e (in)felizmente com muito amor para demonstrar. Adoro um rolê caseiro e sei conversar em diversos assuntos. Gosto muito de jogos onlines cooperativos de gráficos questionáveis (chamo de rústicos), principalmente de zumbis. Adoro romance aguá com açúcar e no meu tempo livre (de vez em nunca) desenho arte +18 (equilíbrio, né?). Escrevo diversos textos enquanto vejo lives de gameplay. Adoro ficar acordado até de madrugada.
JORGINHO: Como surgiu a paixão pelos quadrinhos? Quais são suas maiores influências?
DANIEL SIMÕES: Isso é até um pouco engraçado e diz muito em como não nos percebemos e olhamos para nós mesmos. Eu estava no segundo ano da faculdade de Artes e já estava preocupado com o meu trabalho final e como ele poderia ser um bicho de 7 cabeças. Eu estava vendo um vídeo no YouTube sobre um evento da escola de Belas Artes do Rio de Janeiro e apareceu para mim uma Quadrinista chamada Mayara Lista. Olhei ela falando sobre o seu trabalho e fiquei com muita vontade de fazer um quadrinho como meu trabalho final para a faculdade, mas fiquei muito preocupado por que eu achava que não ia me adaptar muito, pois achava que não tinha contado nenhum com esse tipo de linguagem. Até que um dia encontrei uns cadernos antigos e percebi que desde muito cedo fazia tirinhas inspiradas em alguns quadrinhos que lia na internet quando eu era pequeno. Quando chegou no último ano da Faculdade, eu comecei a produzir um quadrinho como projeto final. Algo que era para ter 20 páginas se tornou mais de 100 e ainda com mais 50 páginas de pesquisa que deu origem ao quadrinho ‘’Quando eu me Encontrar’’, uma história sobre a expressão ‘’Masking’’ utilizada nos assuntos relacionados ao TDAH, uma condição que possuo. A partir dai, não parei mais de realizar quadrinhos voltados para a internet.
JORGINHO: Quais quadrinhos que você está lendo atualmente e que recomenda para o público leitor?
DANIEL SIMÕES: Atualmente estou curtindo bastante quadrinhos com histórias antológicas ou sobre vivências LGBT. Acompanho os quadrinhos de Alice Oseman desde 2018, que continua sendo lançado na internet. Os quadrinhos online e de redes sociais podem passar um pensamento com poucas palavras (ou somente imagens, como é no caso de Louva-Deus). Olhando para anos atrás, muitos trabalhos publicados possuíram muito impacto e influência nas pessoas, mesmo que sendo uma tirinha na internet. Muitos olham várias tirinhas publicadas nas redes, mandam uma para as outras e tem aquele pensamento de ‘’me identifiquei com isso’’. Consumir quadrinhos é algo mais comum do que se pensa e não está necessariamente somente atrelada a Marvel ou a DC.
JORGINHO: Como está sendo para você o projeto Louva - Deus?
DANIEL SIMÕES: É engraçado que minha primeira ideia de quadrinho era uma história de terror autoral que acabou nem mesmo sendo passada para o papel e deixei essa ideia de lado. Alguns anos depois participo de um quadrinho de terror. Irônico. A produção fluiu muito bem (para mim, até mais que o esperado). Tive muita sincronia de ideias com o Matheus e Felipe e às vezes algumas ideias estéticas que eu pensava, já eram faladas na nossa comunicação. Um exemplo foi quando inseri imagens de labaredas no começo do projeto, algo que coloquei apenas como um pensamento e que acabou fazendo total sentido para o final da história, e que até o momento, eu não tinha visto as últimas páginas desenhadas quando fiz isso e que acabou dando muito certo. Para o projeto, tentei usar poucas cores e sempre com bastante iluminação ou sombras que para mim, são essenciais para criar uma atmosfera.
JORGINHO: Vocês têm planos para realizar uma edição física de Louva - Deus?
DANIEL SIMÕES: Temos muita vontade e planos e até esboçamos algumas ideias. Queríamos primeiro que o lançamento fosse online. Acredito que atualmente os projetos gráficos físicos se tornaram algo que geralmente é consumido por quem quer colecionar essas obras e às vezes já tinha visto pela internet. Em livrarias hoje, é comum ver esses livros completamente abertos e disponíveis para serem vistos dentro dessas lojas. Exatamente por isso que estamos vendo as editoras pensando melhor no projeto externo do que apenas o conteúdo em si, e que de certa forma torna o trabalho dos produtores desse material algo mais atrativo. Queremos bastante fazer algum tipo de financiamento coletivo ou até mesmo envios para editoras para publicarmos até mesmo de maneira independente. Estávamos até pensando em fazer algum tipo de material extra para termos novidades a oferecer por meio do projeto físico, caso conseguimos algum meio de lançamento ou até mesmo para editais de cultura.
JORGINHO: Quais os seus próximos projetos nos quadrinhos?
DANIEL SIMÕES: Venho estudando sobre quadrinhos a mais de 3 anos e atualmente, venho desenvolvendo em conjunto com outras pessoas de uma nova Produtora Cultural chamada Studiya, um projeto autoral e coletivo baseado em uma experiência pessoal que tive a respeito do luto que vivi com a morte do meu pai e outros impactos que algumas ações podem ter impacto na vida das pessoas.
Além disso, pretendo finalizar esse projeto e logo em seguida realizar a publicação online do meu primeiro trabalho realizado na conclusão da minha faculdade de Artes, que está nos meus planos a mais de um ano e que vem sendo fermentado até então.
Sempre estou criando tirinhas e pequenas histórias que podem ser lidas em minhas redes como o Instagram.
JORGINHO: Deixe sua mensagem para o leitor do Arte e Cultura.
DANIEL SIMÕES:Acho que para quem lê o conteúdo do Blog e que gosta de produzir alguma coisa e acaba ficando com vontade de parar por achar não ser bom o suficiente, é exatamente um sinal pra que não pare com o que quer e precisa fazer. Diria isso porque era algo que deveria ter ouvido quando me sentia frustrado ou percebia que tinha prejuízos no meu potencial devido a falta atenção por não conseguir tal objetivo e que hoje fico muito feliz com os resultados. Sempre precisamos tentar ser melhores do que ninguém além de nós mesmos.
Louva - Deus
"Meu trabalho flui entre o maior amor do mundo até o maior drama do mundo. O maior otimismo do mundo e o maior pessimismo do mundo..." - Daniel Simões |
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