Escola de Danças Najma Safi : mais que uma escola, é
JORGINHO: Quem é a Najma?
NAJMA SAFI: Sou uma pessoa apaixonada pelo meu trabalho e por tudo aquilo que a dança proporciona na vida das pessoas. Trabalho na área há 26 anos e escrevi um livro lançado em 2022, sobre empreendedorismo na dança.
JORGINHO: Como a dança surgiu em sua vida? O que ela significa para você?
NAJMA SAFI: A dança é uma paixão desde pequena, mas somente depois de adulta é que me senti à vontade numa dança. A dança, pra mim, é um modo de vida. O que experienciamos aprendendo a dançar, ou dançando, é o que experienciamos na vida. Nada é separado. Existem várias "lições" da dança, que são lições da vida.
JORGINHO: Fale da Escola Najma Safi Danças, como ela surgiu e que tipos de danças ou atividades culturais ela promove.
NAJMA SAFI: Trabalhamos com a dança do ventre, dança cigana e percussão árabe. O diferencial da nossa escola é acolher a diversidade. Diversidade etária, social, de gênero, corporal e cultural, levando assim, a dança para todas as pessoas, de forma igualitária. Ao longo do ano, participamos e promovemos diversos eventos, que reúnem, estimulam e agregam nossa comunidade da dança.
JORGINHO: Como foi esse momento difícil da enchente para você, para a escola, para os seus entes queridos e amigos?
NAJMA SAFI: Como a grande maioria dos afetados nesta calamidade, nós não acreditávamos que a água subiria até a altura que subiu. Logo, nos vimos arrancados de nossa rotina, arrancados de uma agenda repleta de trabalhos lindos para 2024. Planos e sonhos desfeitos em questão de horas, onde perdemos tudo: a casa, a escola de dança, uma lojinha mística que estava bem abastecida e um carro herança do meu pai. Nos sentimos hoje de mãos atadas perante a água que não baixa e de coração apertado aguardando o cenário aterrorizante que nos espera assim que a água baixar.
JORGINHO: Como os leitores podem ajudar na reconstrução da escola e de todos que partilham desse sonho?
NAJMA SAFI: Com a ajuda de muitas pessoas importantes pra nós, engrenamos numa campanha de pix, através de rifa, aulas, workshops de dança, sorteios e também o envio direto de pix, para que possamos recomeçar, uma vez que, com sorte, o espelho da sala de dança vá sobreviver à enchente, mas este seria a única coisa que talvez possamos ainda aproveitar. Além disso, como vivemos da dança, temos algum tempo sem conseguir trabalhar e estes valores irão nos assegurar de não termos mais esta grande preocupação. Também importante falar que cerca de 25 alunas da escola também perderam tudo (não parcial, tudo mesmo) e além da nossa rede de apoio de doações, também compartilhamos pix com as alunas que perderam tudo e como nós, ficarão sem renda por trabalharem como autônomas. Além das alunas, também estamos compartilhando pix com algumas pessoas autônomas que perderam tudo, mas que não são da dança.
JORGINHO: Fale sobre seus sonhos, suas esperanças.
NAJMA SAFI: Neste momento, meu único pensamento é da água baixar para fazer a limpeza da escola, da casa e da lojinha e voltar a ter uma vida, pois hoje estamos sobrevivendo.
JORGINHO: Deixe sua mensagem para todos os leitores do Arte e Cultura.
NAJMA SAFI: Vou deixar uma frase que eu li hoje:
Agradeça pelo seu dia "comum". Muitas pessoas gostariam de estar tendo só mais um "dia comum" hoje. Valorize aquilo que não tem preço porque o que tem preço, a enchente me levou, mas me deixou com aquilo que tem valor.
"Sou uma pessoa apaixonada pelo meu trabalho e por tudo aquilo que a dança proporciona na vida das pessoas." - Najma Safi |
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