CRÍTICA
Batman a volta do Cruzado Encapuzado
Quando fui assistir Batman: Cruzado Encapuzado, eu tinha para comigo três vias para seguir: a da nostalgia, a da comparação ou simplesmente deixar fluir. Parece simples, mas não é, pois um dos responsáveis pelo projeto era o lendário Bruce Timm, responsável por redefinir animações de super heróis nos anos 1990 justamente com aquela que para mim foi a maior série do gênero já feita já feita, Batman: A Série Animada. Batman: Cruzado Encapuzado ainda traz como responsáveis pelo projeto Matt Reeves, diretor do longa The Batman (2022) e JJ Abrams (Star Trek, Star Wars), ou seja, um time de peso para o maior herói da DC Comics.
O dilema foi grande, decidir mesclar todas em uma, cuidando para que eu não me atrapalhasse e estragasse a minha fruição, fez com que eu não me arrependesse. Desde a abertura, a série é um espetáculo visual e narrativo, já dando mostras de todo o clima noir que estaria por vir. Com o visual dos anos 1940 (caprichadíssimo em todos os detalhes, lembrando inclusive a primeira série do Superman criada pelos estúdios Fleisher em 1941-1942), com forte influência do expressionismo alemão (Nosferatu), a série tem a coragem e o acerto de mexer em personagens icônicos como Pinguim, Comissário Gordon, Barbara Gordon e Arlequina, entre outros, de uma forma que eles continuam fortes e até mais atraentes em certos pontos (caro nerdola chato que esteja lendo esse texto, se você é racista, homofóbico, ou daqueles que tentam disfarçar o seu preconceito com "estragaram a minha infância", seu lugar não é aqui).
Aliás, um dos pontos positivos é mostrar com uma profundidade nunca antes vista em animações personagens que fazem parte do mundo de Batman. Tanto que, em alguns episódios, Batman tem pouco tempo de tela e não se sente a falta dele, pela força que a narrativa traz. Tem acenos maravilhosos a vilões do passado como Rei Tut, criado para a série live action, de 1966, homenagens ao cartunista Charle Addams (criador da Família Addams), ao manter o visual de uma menina vilã que aparece na série igual ao da personagem Wandinha.
Existem mudanças de gêneros, etnias e origens de personagens, e isso enriquece muito a animação. Os maiores exemplos são Arlequina, descolando ela de sua origem ligada ao Coringa, e transformando o Pinguim de chefão em uma "chefona" do crime. O visual de Alfred também busca um dos tantos já usados em versões do passado, com o mesmo sob formas "arredondadas". Aliás, o visual da série e as narrativas também são uma grande homenagem à Bob Kane e Bill Finger, criadores do personagem, e a outros cartunistas e roteiristas que trabalharam com Batman em seus primórdios, mas tendo momentos que Batman enfrenta o sobrenatural, o que me lembrou algumas histórias criadas por Dennis O'Neil e Neal Adams, e isso me fascinou tanto que tive vontade de revisitar essas hqs que fizeram parte de minha infância.
Batman: Cruzado Encapuzado é uma das melhores séries animadas que eu vi nos últimos dez anos, tudo que eu amo no personagem está ali: o detetive, o espião, o justiceiro violento e obcecado e, é claro, que não poderia faltar a Mulher-Gato (ela está linda). São dez episódios que podem ser assistidos de forma independente, mesmo tendo sua própria cronologia em um arco que se encerra com Duas Caras e com um gancho muito especial para a segunda temporada, que já está em produção.
Em uma escala de 0 a 10, minha nota é 9.
TRAILER:
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1 Comentários
Achei de razoável pra boa, essa versão mesmo que a música-tema não seja marcante como a de Danny Elfman. Não sou dessa turma que enche o saco falando de "lacração" (que já virou termo mimizento de quem caga pela boca). Mas quem for assistir a live que fiz com o meu amigo Fabiano Batboy já sabe o que achamos
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