NAVALHAS AO VENTO

 

Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência

Dia 21 de setembro comemoramos o Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência. Mas o que isso significa na vida de algumas pessoas?

Todo dia eu pego o ônibus Cohab da SOGIL com o motorista Angelo, um querido que trata com carinho todos os passageiros, principalmente os idosos e pessoas com deficiência, mas hoje resolvi sair de tarde e o que presenciei me assombrou.

O motorista parou para uma mãe de adolescente cadeirante, ela segurava uma sombrinha para proteger a menina e tentava guiar a cadeira de rodas com apenas uma das mãos. Ele poderia parar onde ela estava, sobre um pedaço de calçada, mas não, parou bem a frente, no meio do barro, obrigando-a a fechar a sombrinha para levar a cadeira no barro até a porta. Ele, sem expressão nenhuma no rosto, subiu o elevador e foi para o seu lugar, enquanto a mãe tentava posicionar a cadeira e aferrolhar o cinto todo desfiado. Levantei e fui ajudá-la. Logo que ela se acomodou em pé ao lado da menina, secando seu rosto, perguntei se ela passa por isso todo dia. A princípio ela não entendeu a pergunta e disse que hoje era o dia de pegar as fraldas. Eu respondi que não era isso, que eu perguntei se todos os motoristas são assim. Ela disse que não, que alguns a ajudam, mas que tem outros que fazem o seu trabalho sem empatia.

Será que a SOGIL teria que educar seus colaboradores para o óbvio? Ter empatia pelo outro é, no mínimo, esperado por todo o ser humano.

No final da tarde fui ao Shopping Gravataí fazer umas comprinhas no mercado e, enquanto esperava o Uber, um carro estacionou numa das vagas de deficiente. Quando desceu um casal jovem, caminhando perfeitamente com as duas pernas, eu não me contive e gritei: “- Isso é vaga para pessoas com deficiência”. Ambos me olharam, deram uma risada e seguiram seu caminho. Nem o guarda do estacionamento fez qualquer movimento para impedi-los de estacionar ali.

Todos querem aquela vaga, mas ninguém quer a cadeira de rodas. Por que é tão difícil? Na pandemia eu ouvia que agora as pessoas ficariam mais humanas, mas o que aconteceu foi totalmente o oposto. Agora cada um cuida do seu umbigo.

Em Gravataí a SOGIL faz o que quer, ultimamente sinto vergonha de dizer que amo Gravataí, mas daí lembro que não é só aqui. O antigo presidente liberou o que de pior existe dentro de cada um.

Nesta eleição temos dois "prefeituráveis" que seguem a cartilha do monstro que liberou essa gente sem alma. Dia 06 de outubro pense bem, não aceite mais quatro anos de desmonte da nossa cidade. Pare de ser “foquinha amestrada” batendo palminha para rua privada e assassinato de árvores. O futuro da nossa cidade está na ponta do nosso dedo.


Isab-El Cristina Soares


Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras, é Diretora Cultural do ColetiveArts.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

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4 Comentários

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    1. Oi, sou a Isab-El. Obrigada pelo retorno. A reflexão é necessária, nosso futuro está em jogo. Bju

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  2. Parabéns pelo texto que demonstra o engajamento da autora na luta por um mundo melhor para todos. Uma vida melhor começa na cidade.

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    1. Oi, sou a Isab-El. Obrigada pelo retorno. Sim, o mundo melhor começa pela nossa rua, nossa comunidade, nossa cidade... Se cada um cuidasse para não destruir o espaço do outro, se cada um erguesse a mão como apoio ao outro. O mundo melhor exige q esqueçamos os umbigos... mas isso é um exercício para poucos. Bju.

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