Adeus às Utopias ?
Sou de uma geração confusa. Eu e os meus companheiros e companheiras de cabeleira prateada não nascemos no final dos anos de 1940, para sermos jovens rebeldes no final dos anos 1960, quando ocorreu a Marcha dos Cem Mil e as manifestações contra a ditadura, no Brasil, ou as revoltas estudantis, em maio de 1968, em Paris, e o movimento Peace and Love, contra a guerra no Vietnã, nos Estados Unidos. Era uma criança de seis ou sete anos na época. Entretanto, curiosamente, bebi da fonte filosófica do Movimento Hippie e sua ideologia de Paz e Amor, Imaginación al Poder, Make Love No War, Flower’s Power, Open Your Mind, Sociedade Alternativa... Aquela maravilhosa utopia contaminou muitos da minha geração sanduiche, prensados entre os hippies e os gananciosos yuppies.
Enquanto na Califórnia, jovens queimavam suas convocações para lutarem no Vietnã, feministas lançavam ao fogo seus sutiãs, símbolos da opressão, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Bob Dylan, Joan Baez cantavam no Woodstock Festival, no Brasil a repressão “comia solta”, o AI-5 dava plenos poderes à polícia para prender e arrebentar sem dar explicações. Os nossos festivais da canção lançaram Chico, Caetano, Gil, Elis e o inesquecível Geraldo Vandré com a sua “caminhando e cantando” ou “pra não dizer que não falei de flores”, um hino proibido de ser cantado, mas que todo mundo sabia de cor, assim como as músicas do Chico.
A palavra utopia é fruto de uma obra literária de Tomás Morus, em 1516, que descreve um lugar perfeito, onde tudo funciona e todos são felizes. Em 1979, no primeiro ano do Ensino Médio, lá no Floriano Peixoto, em Porto Alegre, uma colega de sala de aula me emprestou o livro “Os Socialismos Utópicos”, de Jean-Christian Petitfils, certamente porque eu era diretor do Recadão, jornal do nosso Grêmio Estudantil, onde fazíamos discussões sobre a sociedade brasileira e a conjuntura internacional. Aquele livro, juntamente com As Veias Abertas da América Latina, do Eduardo Galeano, indicado pelo meu professor de História, o Zé, abriu-me a mente para pensar a sociedade no seu processo histórico.
Questionar a sociedade também é buscar utopias, ou seja, através do sonho de desejar uma sociedade melhor se constroem maneiras de tornar as utopias realidades.
Em 1989, Fukuyama publica o seu famoso artigo “O Fim da História”, no qual afirma ser a vitória do capitalismo (com a sua sociedade de consumo) sobre a União Soviética o fim de qualquer ideia de evolução histórica da humanidade. O modelo capitalista, segundo o autor, seria o ápice alcançado pela humanidade, ou seja, qualquer utopia estaria sepultada a partir das ideias do dito autor. Na sociedade neoliberal, os defensores do Estado Mínimo e das privatizações, entregando patrimônio público à ganância empresarial, declarando o fim das utopias de uma sociedade com igualdade social e justiça para todos. Em outras palavras: os miseráveis, que sonham com uma sociedade melhor, devem dar “adeus às utopias”.
Este artigo, originalmente, estava planejado para terminar aqui. Entretanto, ao abordar a utopia hippie não pude deixar de me lembrar da minha própria história de vida. A memória lançou-me ao longínquo ano de 1975, quando, aos quatorze anos, fui convidado para ir a uma festa na Avenida Pátria, 245, na casa dos Meninos de Deus (Children of God), em Porto Alegre. Era um rapaz alto e com uma penugem na cara, prenunciando uma volumosa barba, facilmente confundido com um homem de maior idade. Como todo o adolescente, já me imaginava um adulto, apesar dos meus pais gritarem nos meus ouvidos o contrário. Convivi nos Meninos de Deus por dois anos e vale aqui contar um pouco esta historinha para entender a minha formação política, humanística e filosófica.
A casa era linda, de tijolos a vista, muito parecida com aquelas que a gente vê nos filmes antigos estadunidenses. Um pátio grande, onde uma simpática collie chamada Aleluia, corria e brincava com todos. Nos fundos havia uma construção anexa, onde os rapazes dormiam e na casa ficavam as mulheres e o casal com os filhos pequenos. O ritmo das músicas, as danças e a alegria daqueles jovens, jovens como eu, lembravam um acampamento cigano. Não precisava dizer, mas eu digo: tudo aquilo encantou- me.
Os Meninos de Deus surgiram como um movimento de jovens hippies nas praias da Califórnia em 1967, vivendo em comunidades, como tantas e tantas que se formaram naqueles loucos anos 60. Entretanto, o grande diferencial era o caráter religioso, jovens que abondavam a família, a escola, o emprego e, principalmente, as drogas para viverem numa comunidade que procurava reproduzir as comunidades dos primeiros cristãos, descritas no livro do Atos dos Apóstolos, na Bíblia. Eram jovens que dançavam e cantavam felizes.
“Renunciar a tudo” e “Revolução por Jesus” eram expressões que tinham poder naquela comunidade, onde pessoas “caíram fora do sistema”, entenda-se: família, emprego, escola para renunciarem a tudo e viverem numa comunidade igualitária, o que era algo chocante e, ao mesmo tempo, demonstrava a insatisfação daqueles jovens com a sociedade.
Li muito, principalmente as “cartinhas” de MO (Moisés David), geralmente inspiradas nos seus sonhos como “Diamantes de Poeira”, “a Porta Verde”, “Os Homens da Montanha”, em filmes como “Horizonte Perdido” e em cantores como Jimi Hendrix e seus acordes na guitarra imitando o terrível som das bombas caindo no Vietnã e Elvis Presley, já iniciando a sua decadência, inchado pelas drogas legais e ilegais que acabaram com o seu coração aos 42 anos de idade; além disso, estudei muito a Bíblia, chegando a decorar diversos versículos. A comunidade era chamada de Colônia, havia a de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e diversas em vários países da América como na Argentina, Colômbia, Chile, Estados Unidos, Canadá e em diversos países da Europa, Filipinas e outros lugares mais que eu não lembro. O tal MO, líder máximo, era tratado como um pastor, um pai para muitos daqueles jovens que, em grande parte, não tinham referências paternas em suas casas. Na verdade, os Meninos de Deus eram a família de amor que muitos deles não possuíam antes. MO era filho de pastores e descobriu, na Califórnia, em pleno movimento hippie, diante de tantos jovens perdidos pelas drogas, um campo fértil para a sua pregação evangelho, mas não de uma forma “careta” e tradicional, como os outros pastores faziam, mas na beira da praia, com seus quatro filhos jovens, que atraiam outros jovens para cantarem, dançarem, encenarem esquetes engraçados e que faziam pensar nas contradições da sociedade estadunidense e o seu “american way of life”, centrado no consumismo, no poder do dinheiro, no individualismo e na opressão aos outros países, principalmente através da guerra do Vietnã.
Nos Meninos de Deus ouvi e cantei as músicas dos dois LPs gravados pelo grupo no Brasil, que inclusive fez sucesso com apresentações na televisão e até comandaram um programa chamado “Aleluia”, acho que no sábado à tarde, no SBT. Pode-se dizer que foram os precursores das cantoras gospel, que hoje zunem nos nossos ouvidos, junto com os “sertanojos” e os funks bagaceiros. Assistimos, todos juntos, diversos filmes, geralmente entrando de graça, depois de uma boa conversa com o gerente do cinema, no escurinho, com o filme já iniciado. Um destes filmes foi o lindíssimo “Irmão Sol e Irmã Lua”, de Franco Zeffirelli, sobre São Francisco e Santa Clara, os pais dos hippies, pois renunciaram a tudo (as riquezas das suas famílias) para viverem com os pobres e pelos pobres. Outro filme foi “Gospel”, uma encantadora paródia ao evangelho, onde Jesus e seus discípulos eram palhaços ao som de músicas como “Day By Day”, um contraponto a opera rock “Jesus Cristo Superstar”. Também assistimos ao inesquecível “Horizonte Perdido”, um paraíso utópico diante de um mundo mergulhado nas guerras, com as maravilhosas músicas de Burt Bacharach. Para um guri pobre, filho do zelador de um clube social para a elite, não muito estudioso, aquilo tudo foi um banho de cultura. O gosto pela leitura foi tanto que, por falta de alternativas em português, busquei, por conta própria, aprender espanhol, para ter acesso maior à “literatura das cartinhas de MO” e um pouco de inglês, que era o idioma original das ditas cujas.
Em termos políticos, os Meninos de Deus, nas “”cartinhas de MO”, defendiam propostas mais à esquerda do que muita gente na época. É bom lembrar que no Brasil, sob as botas dos militares, discutir política não era assunto recomendável. Lembro que, em 1976, nas eleições presidenciais estadunidenses The Children of God apoiaram Jimy Carter com o argumento singelo e risível de que Ronald Regan era representante do anticristo ou o próprio anticristo. Pensando bem, anos depois, quando presidente, juntou- se com a Margareth Thatcher, da Inglaterra, e aplicou o famigerado neoliberalismo, gerando mais desemprego e exploração da classe trabalhadora, acho que não estavam tão errados assim, ah! Também lembro de ler “cartinhas” que elogiavam a revolução cubana como um desses raros momentos na História em que os pobres foram beneficiados. Entretanto, lembro muito claramente de uma longa “cartinha” na qual MO procurava explicar a origem da nossa sociedade, como se formou a propriedade privada, a família, as desigualdades sociais, os governos, os países, a revoluções socialistas, dentre as quais se incluíam os cristãos primitivos, tudo de uma forma tão didática que me abriu a mente para entender o funcionamento da nossa sociedade tão desigual, onde eu apenas intuía que havia alguma coisa muito errada, mas não sabia explicar. Posso dizer que foi o primeiro texto que eu tive contato com alguma ideia de socialismo. Muitos anos depois descobri que aquela cartinha que ampliou a minha percepção sobre a vida e a sociedade foi inspirada no livro de um dos Irmãos Marx, o Engels (desculpe, não resisto a esta piada), no livro “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado,” que se baseia nos trabalhos do antropólogo L.H. Morgan.
O dia a dia nos Meninos de Deus pude viver em 1976, quando deixei de estudar e convivi mais perto daquela comunidade “hippie evangélica”, podemos dizer assim. Passei vários meses saindo da minha casa de manhã cedo, pegando um ônibus ou duas horas a pé, até a “colônia” para me juntar a um dos moradores, geralmente uma menina, para sairmos para distribuir as “cartinhas” na rua ou nas sinaleiras, pedindo uma contribuição, com a qual eram pagas as contas de água, luz, telefone, aluguel, alimentação... mesmo sendo Meninos de Deus tinham que pagar as contas igual qualquer “menino do diabo”. Na Ceasa, na hora da xepa, conseguíamos doações de alimentos que estavam impróprios para a venda, mas ainda próprios para o consumo. Sobre a doação de alimentos, lembrei de uma cena do filme “Era uma vez em Hollywood”, onde um grupo de hippies, naqueles loucos anos 60, revira um container nos fundos de um supermercado atrás de enlatados e bebidas com validade vencida para levarem a sua comunidade. Foi assim no início...
Uma vez li numa reportagem em que os Meninos de Deus eram comparados aos Hare Krishina, “duas seitas de rua concorrentes”, escreveu o repórter, que disputavam clientes, vendendo seus produtos aos transeuntes. Só para lembrar, os Hare Krishina tinham como garoto propaganda nada mais nada menos do que o Beatle George Harrison, te mete!
Tínhamos uma alegria, um brilho nos olhos que alguns julgavam ser provocado pelo uso de drogas. Durante meus dois anos nunca vi ninguém usar drogas, fumar e muito menos beber sequer uma cervejinha, em compensação tocar violão, cantar, dançar, rir e conversar era o normal, o que cativou muita gente, além disso, é claro, a estética hippie “com flores na cabeça, nossos pés descalços, nossa vida toda de paz e amor...” como cantou Nenhum de Nós.
Naquela época, meu sonho era chegar à maior idade para poder me juntar aos Meninos de Deus, poder morar na comunidade, quer dizer, dormir lá, porque era só isso que me faltava. A convivência era tal que conheci pessoas de vários lugares, um casal de baianos, com seus três filhos pequenos, pessoas da Califórnia que contavam. entre risos, as suas aventuras no início do grupo, jovens de Pelotas, um garota e um rapaz, muito queridos, com quem gostava de conversar, havia também o Marcão, um rapaz enorme que com seu sorriso amável e seus braços gigantescos nos acolhia como seus irmãos menores, a Sarah, bonita, inteligente, simpática, que deixava eu e outros da minha idade babando, a queridíssima Rebeca, com quem conversei na primeira noite e fiquei atraído por ela e pelos Meninos de Deus. Gurizão virgem como eu não podia ser atraído de uma maneira melhor. Depois ela me apresentou sua irmã, Rachel, moravam em Canoas, lembro de ir um dia na casa delas ajudar a pegar algumas coisas para levar para Colônia. Engraçado, conheci os Meninos de Deus virgem e sai de lá virgem, mesmo sendo carinhosos comigo, nunca rolou. Também conheci uma mulher que vivia abrigada naquela comunidade, escondida com os seus dois filhos, que de tanto apanhar do marido, perdeu a capacidade da leitura e da escrita e ali, estava sendo acolhida e ajudada na sua retomada da alfabetização. Interessante como esta terrível história de violência e a solidariedade daquele grupo ficou marcada na minha memória.
Curioso lembrar que, assim como os primeiros seguidores de Cristo trocaram os seus nomes, nos Meninos de Deus também trocávamos os nossos nomes. Lênin, Trotsky e outros revolucionários também entraram para História com outros nomes, que não os dados pelos seus pais, mas pela luta. Antes que alguém pergunte, o meu era Salomão Lírios do Campo, que eu encontrei depois de orar e abrir a Bíblia (“olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham e nem fiam e eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. (Mateus 6: 28, 29)
Apesar de todo o meu encantamento inicial com os Meninos de Deus, que foi a minha principal formação na adolescência, enquanto outros na minha idade e condição social estavam envolvidos nas drogas e na violência, eu estava vivendo aquele finalzinho da utopia hippie; em 1977, voltei a estudar e desta vez com “sangue nos olhos”. Talvez pelo fato de ler muitas “cartinhas” de MO e estudar a Bíblia, voltei com um pique e uma vontade imensa de aprender.
Aquele desejo inicial de me juntar aos Meninos de Deus, quando completasse 18 anos, foi superado pelo meu amadurecimento ao perceber que eu queria da vida muito mais do que viver numa comunidade, cujo enfoque principal era vender as “cartinhas” para sobreviver, o que não deixava de ser uma alienação. No final, éramos pressionados a cumprir cotas, “bater a meta” como qualquer vendedor de loja, algo completamente fora da filosofia hippie, tão desapegada dos bens materiais. É, meus amigos, aos poucos comecei a perceber que aquele movimento contagiante, embalado pela alegria hippie que a tantos jovens cativou, estava sendo sutilmente contaminado, em outras palavras, alterado e adulterado. A busca da “grana” lentamente tornou-se prioritária naquela comunidade igualitária e valia de tudo, inclusive a sedução (“pesca coquete”) para atrair os “reis” e “rainhas” que bancariam a comunidade. Na verdade, não tem como negar que isto era uma prostituição, por mais que digam que o objetivo fosse “mostrar o amor de Deus”. Além disso, “cartinhas” diferentes daquelas que me encantaram no início, começavam a chegar trazendo ideias que, francamente, não consegui engolir. Lembro de uma “cartinha” onde a Bíblia é supervalorizada em detrimento da ciência e de outras obras literárias como a Odisseia, de Homero. O deboche feito a teoria da evolução e ao próprio Charles Darwin era idêntico ao feito pelos anglicanos, no século XIX, na Inglaterra vitoriana. Me parecia que o estudo da História era visto como algo do diabo, ironicamente, anos depois fiz a faculdade de História, ou seja, fui cooptado por satanás. Ah!
O grupo original, gente boa e muito simpática, que tanto me atraíram, já não estava mais lá. Aquelas pessoas “caíram fora” da colônia e eu voltei para escola. Mesmo assim, posso afirmar que nos Meninos de Deus aprendi muito sobre amor ao próximo, empatia e compaixão.
Alguns anos depois da minha saída, os Meninos de Deus foram inundados por uma série de denúncias, muitas delas divulgadas no programa do Flávio Cavalcanti. Eram acusações de “lavagem cerebral” e de prostituição. Sobre a tal “lavagem cerebral”, acho que no meu caso foi benéfica (talvez porque não houvesse muito o que lavar. Ah!) e sobre a tal prostituição, bom, não “comi” ninguém e nem fui “comido”. Ah!
Um parêntese: neste período, após a minha saída dos Meninos de Deus, no final de 1978, um fato chocante por si mesmo e pela enorme semelhança messiânica com Moisés Davi: o pastor Jim Jones liderou o maior suicídio coletivo da História, foram mais de 900 pessoas na Guiana. A trajetória de vida dos dois, suas pregações na Califórnia, as denúncias de autoritarismo e abusos, as perseguições das autoridades e o desfecho dramático deixaram muitos ao redor do mundo perplexos e abalados e mais ainda que participava ou participou dos Meninos de Deus. A mesma religião utilizada para congregar no amor fraternal era o mesmo caminho para o suicídio. Que horror!
Agora, “colocando os pingos nos is”, concordo com todas as críticas e denúncias feitas aos Meninos de Deus e ao seu líder máximo: Moisés Davi. Há farto material, tanto em vídeos, quanto em impressos, que corroboram com as acusações de tantos absurdos cometidos e, mesmo que eu tenha a sorte de não ter vivido aqueles momentos sórdidos, não posso aqui acobertá-los, por mais que as minhas memórias da juventude tenham sido marcadas pelo afeto, admiração e conhecimento não vou tapar os olhos à verdade. Entretanto, sempre há um entretanto, assim como há o reverso da medalha. Quando acusam os Meninos de Deus de literalmente “caírem fora do sistema” ao não aceitarem o alistamento militar e não pagarem impostos, não posso deixar de lembrar a imensidão de igrejas que não pagam impostos e os Testemunhas de Jeová que preferem ver o seu irmão morto ao aceitarem uma transfusão de sangue, demonstrando uma aversão à ciência representada também no deboche à teoria da evolução. Convém lembrarmos de algumas igrejas pentecostais, com seus “pastores malucos” que pregam contra as vacinas (“vão te instalar um chip, tu vais virar um jacaré”), abominam a ciência (“a terra foi criada em seis dias e é plana”) e fazem discursos homofóbicos, machistas, preconceituosos, principalmente contra as religiões de matriz africana (justiça seja feita, isto não é exclusividade de alguns pentecostais, muitos padres novinhos defendem estas ideias, desejosos do retorno das missas em latim e de costas para os fiéis, João XXIII deve se revirar no túmulo e o pobre do Francisco, então? Deve estar com uma baita dor de cabeça diante desta tentativa destes padrecos reacionários em resgatar valores próximos ao obscurantismo medieval). Ao tomar conhecimento de todas estas barbaridades, tornei-me um agnóstico, graças a Deus.
Você que leu este longo artigo, meus sinceros agradecimentos. Isto prova duas coisas: que o texto é bom, isto é, o assunto te atraiu e, principalmente, que tu és um ótimo leitor, o que, infelizmente não é muito comum nestes tempos de mensagens curtas e rápidas dos tik toks da vida, que tonteiam e nos impedem de refletir com maior atenção e profundidade. És um tipo raro, continue assim.
Também aproveito para informar aos leitores de Angola, Austrália, Canadá, Egito, Estados Unidos, Inglaterra, Japão... que no próximo domingo elegeremos prefeitos(as) e vereadores(as) no Brasil e, ao mesmo tempo, afirmar que é na sua cidade que a utopia começa a ser construída.
Enquanto houver a miséria, com seus famintos; as injustiças sociais, com a “exploração do homem pelo homem”; a utopia, assim como a esperança, permanecerá. Afinal, uma vida sem as perspectivas trazidas pela esperança e pela sua irmã mais nova, a utopia, é uma vida que... bah! nem é bom pensar.
Abraço a todos.
NESTOR OURIQUE MEDEIROS |
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