NAVALHAS AO VENTO

 UMA CRIANÇA SEM EDUCAÇÃO, UMA JANELA DE AVIÃO, 

PESSOAS SEM NOÇÃO

Esta semana viralizou na internet e foi notícia até no Fantástico a história da passageira do voo da empresa Gol, Jennifer Castro, que foi humilhada e exposta em rede social porque não cedeu o lugar que havia pago por ele, na janela do avião, para uma criança chata que estava chorando.

A confusão toda começa quando uma mãe, sem noção, vai até a passageira e pede para que ela ceda o lugar para seu filho porque ele quer. Não podemos esquecer que de uns anos para cá a janela passou a ser um “penduricalho” na passagem, se tu quiser viajar de janelinha terá que pagar pelo acessório. Após a recusa da passageira, outra sem noção, que nada tinha a ver com a história, passa a filmá-la. Eluciana Cardoso comprou a briga e passou a insultar a Jennifer gritando que ela não tinha empatia com uma criança. No Fantástico a Eluciana se diz arrependida, mas o dano já foi feito, agora chora porque sabe que pagará judicialmente pelo crime que cometeu.

Em nenhum momento pensaram em educar a criança ao invés de criticar e expor uma pessoa que pagou pelo privilégio de ter uma janela para viajar. Confesso que eu não teria a classe que a Jennifer teve, eu teria “rodado a baiana” e também não teria cedido aos caprichos de uma criança. A mãe poderia ter usado a frase que a minha geração muito ouviu e eu usei muito com meus filhos: “Nós não compramos a janelinha. NA VOLTA A MÃE COMPRA!”

Eluciana fez algo inadmissível e deve responder judicialmente pelo seu ato, mas também abriu uma discussão muito importante: que crianças estamos criando? É muito comum encontrarmos no nosso cotidiano alguma criança sem limite e os pais dizerem que ela tem “gênio forte, que sabe o que quer ou que tem personalidade”. Não mesmo, pai ou mãe, teu filho não tem é educação e o mundo não tem obrigação de aguentar os desmandos de uma criança chata.

Vejo crianças batendo na cara dos pais, xingando-os, gritando como se o respeito estivesse invertido. Ontem mesmo eu estava no Instituto de Ortopedia e uma criança estava jogando no celular da mãe, com o volume no máximo. Ninguém conseguia ouvir nem seus pensamentos e a mãe continuava com cara de paisagem. Na saída ela pediu o celular para chamar sua carona. O piá, com cerca de 6 anos, gritava chamando-a de cadela, que não ia parar de jogar porque ela queria ligar. A mãe olhou para as pessoas ao seu lado e disse que ele tinha gênio forte... se é meu filho saia de lá sem um dente.

Uma paciente, já impaciente com a situação, ofereceu o seu celular para que a mãe pudesse chamar a carona. Na verdade era para se ver livre daquela peste. Quando saíram do consultório todos comentaram criticando a atitude da mãe. Eu estava sentada do lado oposto, se estivesse perto não sei se não teria dito para ela educar melhor.

Esse é o tipo de criança de vemos constantemente em lugares públicos. Fico pensando o que será deste adolescente acostumado a fazer tudo o que quer, a ter tudo nas mãos. Quando tiver que lutar pelo seu destino ficará depressivo, muitos procurarão refúgio em drogas, assaltos... O outro ficou com a vaga que ele acreditava  que já estava certa como dele, será que vai se atirar no chão na frente do chefe e chorar? Todos os colegas têm um tênis “da hora” e seus pais não podem comprar... roubarão alguma coisa em casa para vender? É muito triste ver o que alguns pais fazem com o futuro de seus filhos. O presente mais valioso que os pais podem dar aos filhos é um “não” na hora certa. A Jennifer fez pelo garoto o que sua mãe não fez, ela mostrou que nem tudo o que se quer está disponível. Isso é vida real.

O que tu estás fazendo pelo ser que tu mais ama, teu filho? Estás mostrando a ele que tudo deve ser conquistado e não é com choro ou birra? Estás criando um ser para que se transforme num adulto feliz ou estás desgraçando teu filho a não entender porque não consegue nada na vida? Muitos pais acham que assim podem suprir alguma falha, mas não supre. Se o pai foi embora de casa, se a vó morreu, se o cachorro foi atropelado não é assim que isso vai passar.

Bom, o filho é teu. Faça o que achar melhor. Só não imponha a presença dele, ninguém merece conviver com uma criança assim. Muitas pessoas passarão a mão na cabeça da criança e criticarão pelas tuas costa, mas ninguém gosta dos shows das crianças sem limites.

Isab-El Cristina


Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras, é Diretora Cultural do ColetiveArts.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

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8 Comentários

  1. Bem isso mesmo. Crianças sem limites, pais sem noção, sem saber como educar.

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    1. Oi, sou a Isab. Obrigada pelo retorno. Tem gente que acha que todos têm obrigação de se dobrar ao seu rebento kkkk. Bjuuu

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  2. É como dizem "cria cuervos y te sacaran los ojos"

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    1. Oi, sou a Isab. Obrigada pelo retorno. Bju

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  3. Amiga… atualmente encontramos um grande numero de cruanças PCDs. A medicina evoluiu (Graças a Deus), e vivemos em meio a uma sociedade inclusiva e socialmente igualitária par todos. Porém os excessos de diagnósticos incorretos prejudicam pais típicos e principalmente atípicos, pois, aumentam o grau de rejeição social daquelas crianças que realmente precisam de um grau de consciência e empatia por possuir alguma síndrome ou transtorno neural ou cognitivo. Uma coisa é certa… muitos pais perderam o controle sobre a educação da prole, e na minha humilde opinião, este caso retrata exatamente isso… “ Viralizaram uma pessoa que disse um sonoro NÃO para uma criança “ - A heroína da internet é a moça que ousou impor limites.

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    1. Oi, sou a Isab. Amiga ou amigo, kkk, está como anônimo, não sei quem é. Mas vamos lá. Tenho alguns pontos para debater sobre a tua resposta. Não é atualmente que encontramos um grande número de PCDs, eles sempre existiram, apenas agora foram reclassificados e cada um tem uma denominação específica. Quando eu era criança tudo era denominado como disritmia. Fui diagnosticada com disritmia muito cedo, sempre em controle médico com exames e medicada. Apenas no ano passado é que a minha "disritmia" ganhou outro nome e recebi o laudo do Espectro Autista nível 1 de suporte. Ou seja, no século passado a minha condição era de uma pessoa doente mentalmente, hoje sei que não sou doente, apenas estou no Espectro. E muito apanhei quando era criança, nunca fui poupada por ter disritmia ou por ter que tomar remédios, sempre fui tratada como qualquer criança e é por isso que hoje sou a mulher que sou, não digo que perfeita, mas aceitável. A sociedade inclusiva começa dentro de casa quando os pais não fazem diferença se o filho tem alguma condição especial ou não. Deixar 1 dos filhos fazer o que quer porque tem alguma condição e o outro não poder fazer o que quer, não é inclusão, então não podemos exigir que a sociedade o trate com igualdade se os próprios pais não o fazem. É nítido quando vemos uma criança com dificuldades de entrosamento, os pais ficam atentos a todos os mínimos atos da criança, ao contrário de pais que preferem ficar olhando o celular do que orientando crianças mau educadas. Além disso conheço muita criança com sérios problemas mentais e que suas famílias têm controle da situação porque não admitem que a falta de limites se sobreponha a falta de educação. Inclusive na minha família tem casos de PCDs muito mais educados do que muita criança saudável que vemos por aí. Então generalizar que toda falta de educação é um problema cognitivo ou neural é normalizar a falta de educação e de limites. E não é falta de empatia com pessoas diferentes, é apenas uma visão mais aguçada do que é perda de controle para birra. Crianças que "surtam" apenas quando lhes convém é muito fácil de detectar. Obrigada pelo teu retorno. Bjuuu

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