O Hipocondríaco
Manoel ou Manolo para os íntimos, é daqueles senhores que conhecemos em qualquer bairro do subúrbio existentes nas grandes cidades. Bem vívido, daqueles com idade para se aposentar, mas faltando pouco para o INSS dar a liberação para gozar da tão sonhada aposentadoria.
Sempre com a camisa aberta, Manolo está cotidianamente do mesmo jeito. No armário tem incontáveis camisas do mesmo estilo, só muda a cor. Usando o mesmo óculos que o acompanha há anos, já que a sua visão é bem falha. Está sempre com um cigarro na orelha, comanda a sua loja só com peças de carros e afins. É a única loja especializada na região, isso o torna bem conhecido e procurado pela vizinhança.
Manolo é um hipocondríaco de se fazer inveja a qualquer ministro da saúde. É a alegria de qualquer farmácia. E ainda receita medicamento aos amigos, conhecidos ou a qualquer um em que disser a ele que está doente. E nunca matou ninguém por dar as suas receitas. Em sua casa, tinha duas gavetas cheias de remédios, Manolo dizia que era sempre para alguma necessidade.
Uma vez no posto de saúde, estava brigando com a equipe de enfermagem por achar que o estavam receitando a medicação errada e se recusava a aceitar o que os enfermeiros lhe passaram. Depois de muita conversa e um dos médicos lhe ameaçar de deixar uns dias internado ali no posto médico, fez esfriar os ânimos da fera. Quem sofria era sua esposa, pois além da teimosia, insistia que ela se medicasse que nem ele.
Mas Manolo era daqueles senhores que sempre acham que estão certos e que dificilmente erram. Uma vez indo pegar uns remédios numa farmácia popular no Centro do Rio, pegou um ônibus errado e parou num endereço totalmente diferente perdendo a hora marcada. E mais uma vez, Manolo foi vencido pela sua mente confusa.
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| Daniel Filósofo |
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