O navegador da Urca
A Urca é um belo bairro do Rio de Janeiro. Além da beleza característica e inconfundível, carrega uma determinada história na cidade. É um bairro pequeno, só tem uma entrada e saída,”seguro” por ser uma área militar e por conta disso, encontram-se lá muitos moradores idosos. E lá é a terra de um certo Rei, uns o chamam de Roberto Carlos.
Carlos Alberto é um desses moradores antigos do bairro. Perto de completar 100 anos, vivenciou muita história no bairro. Presenciou todas as mudanças que o bairro teve ao longo da sua vida na Urca. Há décadas atrás, chegou a frequentar o famoso Cassino da Urca. Foi frequentador na fase derradeira do local, ainda era jovem demais para frequentar o local no inicio.
Presenciou a chegada da TV Tupi no mesmo prédio do cassino. De tanto frequentar os programas de auditório, foi convidado a trabalhar na parte administrativa da emissora. Só foi embora, devido a falência da emissora. Soube se reinventar várias vezes e aposentou-se bem o suficiente, para deixar a família tranquila e comprar uma coisa para ajudar no que ele adorava fazer:um barco para passear e pescar.
O barco ficava guardado ali no iate clube do bairro. Já não precisava se deslocar para longe e poderia tomar conta da sua paixão de perto. Ora usava o barco com a família, outras vezes,com amigos ou só. Ai quando estava sozinho, usava o barco como refúgio e refletia sobre a vida. O barco era para vários momentos. Nada como algo que seja útil.
Já esperando o fim da vida, era um homem quase centenário, tinha um último desejo, poder fazer uma boa viajem com o barco. Iria fazer isso pelo Rio mesmo. Ia velejar pelos mares cariocas, ficar um tempo só em alto mar e voltar para casa, só quando fosse comemorar o aniversário de 100 anos. Foi o que fez. Ficou um mês com a família e uns amigos íntimos e só voltaram um dia antes do aniversário de Carlos Alberto. Foi aquela festa bem emocionante e que era para ser lembrada por vários anos.Terminado tudo, hora de voltar para casa descansar, o aniversariante já não era mais nenhum garoto. Foi dormir com um sorriso no rosto. E assim ficou, pois dormiu de vez e foi embora para a eternidade com um sorrindo e com a certeza que foi feliz enquanto viveu.
Daniel Filósofo |
CULTURA!
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