
Ignorância com apelido de Intelectual

Há algum tempo que eu havia parado com minhas crônicas opinativas, mas os últimos acontecimentos desse ano e - principalmente - dos últimos dias fomentaram minha indignação e vim deixar minha manifestação sobre isso! Errar é humano, mas permanecer no mesmo erro é ignorância pura, mesmo que disfarçada de palavras bonitas, livros, diplomas e etc. Num século em que podemos ver vídeos das cidades do outro lado do mundo em tempo real, carros elétricos, robôs, tanta disponibilidade de informação e - principalmente - de terapias, é ridículo ver que ainda existe machismo, preconceito e pessoas falando sobre o que não sabem com a maior pose de perito no assunto!
Não sou adepta a extremismos de nenhum lado. Sou uma estudiosa do comportamento e do pensamento humano, acredito que homens e mulheres são de suma importância para a sociedade, assim como todas as raças, gêneros e aptidões. Cada um tem seu papel e sua contribuição para o mundo! Inclusive, percebo que o ser humano é o animal mais esquisito do planeta. Nunca ouvi falar de onças rejeitando as que tem uma colocação mais acentuada, não vejo leões demarcando o território dos leões e colocando fronteira para as cobras, mosquitos e demais animais. Também não assisti nos canais da Discovery algum episódio em que houve desrespeito com as elefantas por parte dos elefantes. Mas o ser “humaninho” consegue se destacar nessas atitudes!
Muitos não se contentam em viver com respeito real ao próximo, não se permitem ser gentis, empáticos e ou fiéis ao que falam. Em suas ações, precisam pisotear alguém, precisam descontar a raiva que sentem do mundo, precisam “parecer” superiores com frases e palavras pomposas para acentuar suas jubas de leões carecas. Não passam de pessoas que causam pena e indignação aos que têm consciência e são obrigados a lidar com isso.
Aqueles que se acham melhores que os outros, que dizem ler isso, fazer aquilo, ter opinião bem formada sobre tal coisa, não passam de “des-serviço” à real sociedade! Considero parte da verdadeira sociedade o homem que respeita as mulheres e suas feminilidades (por que temos direito de ser femininas e ser respeitadas por nossa feminilidade sim!); o homem que não se importa em dar voz a elas sem se sentir acuado; o homem que tem hombridade de assumir seus erros e pedir desculpas; o homem que conquista seus objetivos sem pisotear em alguém; o homem que vê sua mãe, sua filha, sua esposa, suas antepassadas e futuras em todas as mulheres da rua, tratando todas com respeito; o homem que respeita todos os trabalhos e todas as funções sem denegrir ninguém. E sim, essa parte do texto é sobre machismo! Uma atitude absurda, que tem voltado a sociedade a todo vapor, trazendo o ridículo e o inaceitável tanto dos homens quanto das mulheres (porque temos mulheres com atitudes machistas, fomentando ainda mais a violência contra suas irmãs!).
Outra parte importante é o quanto as pessoas pseudo-intelectuais se acham no direito de falar sobre aquilo que NUNCA viveram ou conheceram de perto. Sou professora e ouço o tempo todo os geradores de filhos culpando as escolas pela educação que nunca deram aos seus rebentos (e estão falando dos professores sim, pois quem tenta ensinar na escola somos nós, não as paredes!). Assim é muito fácil, continuam com a ideia da “ama de leite”? “Do criado mudo”? Quem sabe pensam que nos formamos na faculdade de Pajens e Babás? É muito fácil colocar um filho no mundo e esperar que o resto da sociedade se responsabilize por ele, enquanto você permanece no seu espaço de vida comum, vivendo sua vida de sempre e esperando que o resto dê conta! Se for homem com discurso de que é tarefa da mãe cuidar dos filhos, melhor e mais fácil ainda! Há uns bons anos que os pais vêm colocando celulares e telas digitais para distrair as crianças enquanto limpam a casa, fazem suas tarefas, vivem suas vidas e transam. O que temos de fácil acesso nesses aparelhos mesmo? Convido os pais a conferir com o neurologista o resultado de você expor seus filhos a esses aparelhos desde cedo! Recebemos crianças com diversos problemas neurológicos, com ideias já pré-concebidas sobre a vida (dadas pelo TikToker Fulano de tal, ou jogador, ou funkeiro, ou influencer maluco). As crianças estão desenvolvendo - cada vez mais cedo - depressão, preconceitos, ódio ao mundo e não conseguem absorver nem 20% do que é ensinado em aula. Acho divertido quem acha que nós convertemos alunos a “essa” ou “aquela” ideia política! Nós não conseguimos nem ensiná-los a sentar nas cadeiras e escutar o que estamos tentando ensinar, quem dirá influenciar alguém a algo!
Só deveriam falar da escola, aqueles que entram numa sala de aula com formação, mínimo de 40 horas, com mais de 20 turmas de 35 alunos e pública! Assim que tiver essa linda e doce experiência de tentar decorar o nome e os rostos dos aproximadamente 700 indivíduos, lidar com suas idiossincrasias, dar notas, corrigir os mais de 700 trabalhos, ver os mais de 700 alunos pegar o celular o tempo todo (mesmo com a lei proibindo), ler os erros absurdos de grafias dos mais de 700 alunos toda semana, ouvir dos mais de 700 alunos que não precisam estudar porque aprenderam no TikTok e no Instagram que podem enriquecer jogando o Tigrinho ou Dançando em vídeos, vem os aproximadamente 700 alunos subir com os pés nas mesas, cuspir catarros, te ameaçar, riscar teu carro porque não aceitou trabalho atrasado, ouvir desaforo de crianças que te odeiam, ver os transtornos explodindo e jogando cadeiras em ti, você pode - finalmente - se manifestar sobre os “Problemas da Educação no Brasil”.
E não é só sobre a Educação! Todos os demais trabalhos e setores da vida têm suas demandas, dificuldades e cobranças que só quem está dentro dessa rotina pode opinar com consistência! Se você não trabalha ou vive isso diariamente, fique quieto! Soube que a China proibiu que pessoas façam vídeos falando sobre assuntos dos quais não têm formação. Acho correto e adiciono a experiência comprovada! Para escrever um artigo ou um TCC, você precisa apresentar bibliografia; se tiver atuação em campo, melhor ainda! Inclusive, a bibliografia era cobrada na escola na minha época, tenho certeza que para a geração acima dos 50 era mais cobrado ainda!
Por fim, concluo esse texto esclarecendo que não estou generalizando nenhum grupo, raça ou sexo! Odeio generalizações, é atitude de preguiçoso. Existem homens incríveis, gentis que respeitam todas as pessoas independente de quem sejam ou deixem de ser. Assim como temos pais que cuidam dos seus filhos, nos momentos em que suas esposas não podem. Tive e tenho o prazer de conhecer vários. Homens que dão banho em suas filhas, penteiam o cabelo, dão mamadeira, preparam a mochila impecável de sua bebê e levam para a escola. Homens e mulheres são iguais em direitos e deveres humanos (a parte cognitiva, sócio-emocional e psicológica eu deixo para que os estudiosos falem)! Todos precisam ser respeitados e o preconceito de qualquer tipo precisa ser vaiado (as atitudes de vocês não cabem mais nessa sociedade! Melhorem!). E reforço a fala sobre aqueles que querem se manifestar sobre algo, essas pessoas precisam conhecer a prática real, ter discernimento e respeito pelos que trabalham nisso há algum tempo antes de dar suas opiniões. Do contrário, se torna mais um ignorante, fingindo intelecto, falando mentiras e reforçando estereótipos ridículos, que só servem para agravar o real problema invés de ajudar. Quer ajudar? Saia do seu pedestal e coloque a “mão na massa”. Não quer, não consegue, não pode? Então fique quieto!
| Miriam Coelho |

1 Comentários
O texto é contundente, denunciativo, irado, próprio para sacudir boa parte da galera, que quer tudo de mão beijada, assim bem facinho, sem stress. Como já disse, cada vez mais fã da Miriam Coelho, uma profissional multifacetada. Coberta de razão. As pessoas trocaram o 'fazer' pelo 'só falar', e falar mal, falar bobagem, o tal mi-mi-mi.
ResponderExcluirO que precisamos, de verdade, é de pessoas positivas, assertivas, capazes de fazer 120% por nós mesmos. Mas não, a norma agora é se deparar com quem faz 20% e pensa que faz muito. E aqueles que continuaram fazendo seus 100%, no máximo, são obrigados a carregar, bancar os outros, nas costas, no suor.
Miriam, parabenzaços mais uma vez.
G. G. Carsan.