FISSURAS NA QUARTA PAREDE

Opinião

  E AGORA...?!

Sim, nós estamos cansados. Estamos exaustos!

E isso vai mudar alguma coisa?!

Você jurou que 2021 seria ser diferente, né?!

Virou o ano, vacina à vista, liberação geral, festas, Natal, Carnaval, praia...

Tá tudo bem! Pra quê se preocupar. O ano de 2020 foi horrível mesmo, mas agora tudo vai ficar bem.

Oiiii???!!! Que vácuo eu perdi e não vi.

O que você me diz agora?! Tá tenso, né?! Tá uma M...

É, tá sim. E quer saber, vai piorar.

Cruzesss!! Que pessimista você, dirão alguns.

Sinto se acabei com seu mundo cor de rosa, mas a realidade de quem não é
negacionista não tem sido nada bonita. E até quem é negacionista parece que vem
enfrentando maus lençóis.

Você não acha curioso que, talvez, em uma das poucas exceções nesse país, o vírus não tem lado. Não importa se você é direita ou esquerda, ele vem e te pega igual. Dá mole pra ver. E sabe o que é pior, você não tem gerência nenhuma sobre nada. Absolutamente nada. NADA!

Não adianta espernear, xingar, gritar, chorar, brigar... o vírus não está nem aí para o seu controle de uma vida toda e nem para seus “surtos” que em outros momentos costumavam funcionar.

E agora, José?

Já diria Drummond
. A festa acabou!

“[...] Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio - e agora?”

Os poetas sempre têm, qualquer coisa assim, de sensitivos.

Eu fico, realmente, me perguntando: E Agora?!

E por mais que procure não encontro respostas. Porque não há! Não há respostas certas. Caminhos críveis e concretos. Existem possibilidades. Existem ações e atitudes corretas a se tomar nesse momento e outras não. Existem escolhas.

Mas a verdade é que não há certeza nenhuma.

E não será, de fato, isso a vida?

Um emaranhado de incertezas, disfarçadas de verdades absolutas. Um transbordamento de possibilidades, mas nenhum ponto final. Vários caminhos, diferentes decisões. Isso é ruim?!

Bom, vai depender do seu ponto de vista. No final das contas, tudo depende da lente que você quer usar. Como você escolhe se posicionar diante das diversas e, por vezes, instáveis e dolorosas situações.

É fácil?!

Não. Nunca foi e ouso dizer que nunca será. Mas negar, fugir ou “chutar o balde” não vai adiantar nada. Não resolve. A sabedoria milenar, talvez, esteja no ponto de equilíbrio entre os extemos. Em algum lugar ele deve estar, afinal os filósofos gregos certificaram sua existência.

E ainda que na corda bamba, uma coisa é “certa”:

Não adianta ter a chave na mão para abrir a porta, se não existe porta. Não é
mesmo Drummond?!





Izabel Cristina é Licenciada em Teatro, gestora de cultura e Especialista em Acessibilidade Cultural, atriz, dramaturga, diretora e professora de teatro. Desde 2014 coordena o Departamento de  Artes Cênicas da SMCEL- Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e lazer de Gravataí/RS

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1 Comentários

  1. Izabel Cristina e sua habitual qualidade ímpar. Excelente reflexão, é assim que penso também!

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