Relembrando Os Sobrinhos do Ataíde
A inspiração pra este artigo me veio depois que participei de um recente encontro virtual do grupo “Desenhando Juntos”, onde desenhei uma versão satírica de personagens que escutava quando era adolescente.
Lá por 1997, a rádio “Atlântida FM” começou a passar uma série muito engraçada de esquetes curtas absurdas entre os intervalos comerciais. O curioso é que coincidentemente, tenho um tio chamado “Ataíde” (o “Tio Taia”), mas não sei se ele escutava. Eu adorava ouvir esse negócio que me fazia rir de montão. Até gravei algumas em fitas K-7 no meu primeiro rádio gravador “Semp Toshiba” de onde gravava inúmeras músicas de qualquer estação. Infelizmente, não tenho quase nada. Oh, dor! Mas ainda bem que tem gente com senso de humor e nostalgia o suficiente pra postar tais joias no “Youtube”.
Sempre começava com a chamada “Atenção para o top de 3 Ois” e encerrava com o “Top de 3 Tchaus” dizendo frases ou exclamações viajantes. Por muito tempo eu não sabia que se tratava de um trio de humoristas paulistas: “Felipe Xavier”, “Paulo Bonfá” e “Marco Bianchi”, sendo que o “Felipe” era quem interpretava a maioria dos personagens, “Marco” só fazia alguns deles, fora as narrações, além de ser o principal roteirista... e “Paulo” era um de pouco apresentador, co-roteirista e narrador.
Conforme vi em entrevistas concedidas a “Rogério Vilela” (criador da então escola “Fábrica de Quadrinhos” e colaborador dos “Irmãos Piologo”) lá no “Youtube”, “Felipe” contou que a origem do grupo veio de quando eram jovens e adoravam gravar fitas com histórias hilariantes como se fossem programas de rádio caseiros. Fizeram sucesso entre a gurizada local!
Essa piração ganhou forma e notoriedade quando foram trabalhar na rádio “89FM”, surgindo o grupo “Os Sobrinhos do Ataíde”, em 1995. Antes disso, eles faziam das suas na Rádio USP, em 1991. Mas quem eram os personagens? Me lembro bem de uma porção dos que mais escutava...
“Sêo Gilmar” & “Marquinho”- O primeiro (“Felipe Xavier”) era um pai meio tonto que tinha o bordão “Xiiii, Marquinho!” que tinha um filho xarope (“Marco Bianchi”) que idolatrava qualquer coisa ligada aos “Estados Unidos” e que sempre dizia “Os americanos são muito melhores! Hunf, hunf!”.
“Peterson Foca” (“Felipe Xavier”)- Um surfista burraldo todo marrento, que às vezes também se transformava no herói covardão “Capitão Gemada” que sempre fugia de algum monstrengo invasor.
“Pequeno Wilber” (“Felipe Xavier”)- Um guri que vivia brincando no rancho de seu “Vovô Walton” até ser atacado e massacrado por monstros e maníacos que eram paródias de personalidades ou de personagens de cinema ou TV. Sempre terminava com o pai da criança (“Marco Bianchi”) gritando “Wilber, meu filho!”, seguido de alguma frase absurda. Praticamente um precursor do azarado “Kenny” (“South Park”).
“Spertoman” (“Felipe Xavier”)- Sátira do (TAVA NA CARA, NÉ?!) “Spectreman”, mas com trilha do “Ultraman” e com narração do “Marco Bianchi”. “Felipe” também fazia o vilanesco e escandaloso “Doutor Grog” que era sempre derrotado pelo herói que usava sua bazuca de nome escalafobético. No meio da história, “Spertoman” tinha um alter ego chamado “Mikomo”, um sujeito sensível que detestava zombarias de crianças. No final, mesmo vitorioso, ele virava a imitação do pobre “David Banner” que sempre terminava pedindo carona pelas ruas, como acontecia na série antiga do “Hulk”.
“Sala de Justiça” ou “Superamigos”- Paródia daquele velho desenho da “Hanna-Barbera”, porém... com uma mistureba de personagens de editoras e mídias diferentes. Um cara desesperado (feito pelo “Felipe Xavier”) fazia ligações pras autoridades e acabava ligando pro computador dos heróis, que sempre cantarolava um “Piripiripiri” antes de transferir a chamada que era atendida, por exemplo, pelo rabugento “Ciborges- O Homem de 6 Milhões de Borges”, paródia da série “O Homem de 6 Milhões de Dólares”(com “Lee Majors” no papel do ex-piloto “Steve Austin”); o amargurado “Malcon Olhos de Águia” (sátira do boneco “Falcon”, o precursor dos “G.I. Joes/Comandos em Ação”); “Super-Homo”, a versão enrustida do “Superman” e “Homem-Aranha” (na voz de “Marco Bianchi”) que, ao contrário do herói original, era um vadio ignorante que sempre respondia tudo com um simples “Não” e mais nada.
Uma esquete que eu não curtia era a “Valeska Cristina & Cleverson Mariano” (vozes de “Felipe” e “Marco”, respectivamente), que eu não sabia ser paródia de um daqueles “Disk-amigos” ou “Teleamizade” que na época a gente via muito em anúncios de TV e que deve ter causado altas discussões por causa da fatura do telefone.
Nunca escutei “Irmãos Benson”, “Xiitas Até a Morte” (mas o líder desbocado chamado “Cocô” aparecia no quadro “Superamigos” pra xingar), “Pinóculos”, “Tuca Zazauera” ou demais quadros que só descobri em coletâneas ou avulsas no “YouTube”. Acho que já ouvi algo dos “Peregrinos do Deserto”.
Pra que relembrem ou conheçam as versões da “Rede Atlântida”, separei umas coletâneas audíveis mesmo com defeitos por terem sido “ripadas” de gravações em fitas:
Superamigos:
Pequeno Wilber:
Spertoman:
Tiveram uma reportagem sobre o trio na revista “Herói Gold 95” (1996) e teve até um gibi baseado no programa.
Pra fechar, trago aqui os vídeos com o próprio “Felipe” contando sobre o começo e o que provocou o final da parceira:
Por enquanto é só...da, amiguinhos! Heheheh!!!
5 Comentários
Saudosos anos 90
ResponderExcluirNão sou 100% saudosista, mas era uma época bem legal pra escutar rádio e ver TV com gosto
ExcluirMuito antes disso tudo, nos anos 80 teve o Djalma Jorge na rádio Jovem Pan (se a memória não me trai) tinha muita sátira, imitações muito bacanas de personagens de novelas e telejornais, claro muita musica da era disco, acho que tudo surgiu a partir daí. Dê uma pesquisada e você verá.
ResponderExcluirComo sempre ótima postagem!
Olá! No mesmo canal onde achei coletâneas do Sobrinhos do Ataíde, também tem os do Djalma Jorge e de outros programas extintos, humorísticos ou nem tanto
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