A MÚSICA SEGUNDO O FILÓSOFO

 


BECO DAS GARRAFAS



No fim dos anos 50 e começo dos 60, um Beco na Rua Duvivier entre os números 21 e 37 em Copacabana, foi palco de boas músicas, boêmia e um espaço para um estilo de música tipicamente carioca e que dali tomou caminho para o mundo. Por ali surgiram nomes que foram importantíssimos para a música brasileira e por que não mundial. Muito desses nomes, começaram ali e depois tocaram em tudo qualquer lugar do planeta.



O nome do beco foi batizado por ninguém menos que Sérgio Porto, jornalista e cara multifacetado, de inicio chamando de beco das garrafadas, depois diminuindo para Beco das garrafas. Por ser um lugar residencial nos apartamentos e em baixo ter os bares e boates, os moradores jogavam garrafas de cima e não registro de alguém ter sido atingido por uma dessas garrafas. Outra história contada é que os frequentadores de músicos que passavam por ali eram bons bebedores e deixavam as garrafas vazias pelo chão.

Sérgio Porto


Ali possuía algumas casas de destaque: Ma Griffe, Bacará, Little Club e Bottle’s. No inicio o Ma Griffe teve o passado ligado à prostituição. As coisas mudaram quando Alberico Campana e Giovanni, então donos do Little Club, deram espaço a novos músicos. De começo, ali tocava jazz e samba canção. Rolava muito improviso nas apresentações de Jazz. Eram músicos de enorme talento. Até que uma turma que se
reuniam em um apartamento, desceu do prédio e resolveu mostrar o seu talento em outro lugar. Nomes como Carlinhos Lyra, Menescal, Marcos Valle, João Gilberto, dentre outros nomes da Bossa Nova. Foi ali no beco das garrafas que o estilo se popularizou e ganhou fama aos quatro ventos.

Uma Certa cantora vinda do Sul, fez sua primeira apresentação ali no Beco das Garrafas. Elis Regina, recém-chegada do Rio grande do Sul, foi cantar em 1961 no Little Club. Foi ali que a dupla Ronaldo Boscoli e Miele, se projetaram e realizavam pocket shows e pequenas produções onde eram responsáveis por tudo no evento. Outro nome que se apresentava por ali era Sérgio Mendes que animava as tardes de Domingo do bar.Mais um nome que tocava ali e depois fez um enorme sucesso, foi Jorge Ben, que com seu violão ficava tocando por ali no lado de fora. Outros nomes que não podemos esquecer-nos de citar aqui que passaram por ali e depois fizeram seu nome. Simonal, Edu Lobo, Baden Powell, Wilson das Neves, Chico Batera, Leny Andrade e entre vários.



Com o crescimento e sucesso da Bossa Nova, muito dos artistas que começaram ali, foram tocar em lugares maiores e até no exterior. Os artistas passaram a gravar em álbuns em grandes gravadoras e ficaram famosos .E como as boates-bares, eram pequenos, e sem as apresentações de outrora ,o público foi diminuindo e as contas não fechavam. Os artistas foram ficando caros, não se tinha dinheiro suficiente para pagar os altos cachês. Apesar de todo o sucesso de critica e público, o Beco das garrafas fechou e caiu no esquecimento. Os bares e boates clássicos da música nacional, ficaram parados por 40 anos.

Em 2014 a cerveja Heineken junto com a produtora cultural Amanda bravo, resolveram revitalizar o local. A iniciativa reergueu o Little Clubjuntou o Bacarat com o Bottle’s, para aumentar a capacidade do público. Atualmente, o Beco recebe show de novos artistas da música brasileira.




Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista na Rádio Rota 220.Também escreve suas crônicas dominicais na coluna do Daniel Filósofo.

 













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