DOSSIÊ KOBIELSKI

 


TEX WILLER: 50 ANOS DE PUBLICAÇÃO ININTERRUPTA DE
UM RANGER EM TERRAS BRASILEIRAS


Tex Willer sempre esteve muito presente no imaginário dos fãs de histórias em quadrinhos do Brasil, especialmente aqueles que curtem o bom e velho faroeste. O ranger está completando nesse ano, meio século de publicação ininterrupta em terras brasileiras, com inúmeras aventuras, desde aquele longínquo fevereiro de 1971.


Tex, que foi criado na Itália, em setembro de 1948, pela editora Audace, hoje Sergio Bonelli Editore, com roteiro de Giovanni Luigi Bonelli e desenhos de Aurélio Galleppini (Galep), se constituiu num dos personagens mais cultuados no mundo das histórias em quadrinhos. Isso talvez se deva ao fato de o gênero faroeste ter sido difundido exaustivamente pelo cinema hollywoodiano e se constituído em fenômeno mundial durante décadas. O próprio personagem foi inspirado num ator do cinema americano, Gary Cooper. Aos poucos Tex foi se tornando o carro chefe da editora italiana. Outros personagens importantes como Zagor, Ken Parker, Mister No, Martin Mystère, Dylan Dog, Nick Raider e Julia Kendall foram surgindo, espraiando os fumetti pelo planeta. Com o tempo, diferentes artistas foram se revezando nos desenhos e arte-final, pois com o aumento de páginas de Tex Willer, Galep, não dava conta sozinho. Assim, inúmeros artistas, especialmente europeus, desenharam histórias do ranger. Entre eles podemos destacar Guglielmo Lettèri, Giovanni Ticci, Erio Nicolò, Ferdinando Fusco, Vicenzo Monti, Fabio Cevitelli, Jesus Blasco, Claudio Villa, Guido Buzzelli e outros tantos.

Giovanni Luigi Bonelli
                            Aurélio Galleppini (Galep)


TEX NO BRASIL

Em terras brasileiras, Tex começou a ser publicado na década de 1950 pela Rio Gráfica e Editora (atual Editora Globo), a partir do nº28 da revista Junior (até o nº27 Junior publicava outros personagens). O gibi era semanal e trazia as aventuras de Texas Kid – foi dessa forma que o personagem foi rebatizado no Brasil -, e seus companheiros. O formato da Junior era 16cm de largura por 7cm de altura -parecido com um talão de cheques, o mesmo da edição italiana. E foi assim até o nº 178, quando, quando, a partir no número seguinte, a revista passou a ter 17,5 x 13,5 cm. Tex foi o único personagem publicado por Junior até a edição 265 (julho 1957); daí em diante dedicou-se a outros
personagens de faroeste e de Tex ninguém mais ouviu falar.


Mas, em fevereiro de 1971 aparece nas bancas brasileiras o nº1 de uma nova série de Tex, em formato idêntico ao italiano – 16 x 21cm – (cada número traz de 100 a 130 páginas), fazendo a alegria dos fãs. Publicado pela Editora Vecchi (cujos fundadores tinham raízes italianas), essa edição traz um brinde para os pequenos leitores, um arco e flecha de plástico. A história escolhida para o primeiro número e “O Signo da Serpente”, história publicada pela primeira vez na Itália, em 1960 no formato de tiras. Diferentemente da revista Junior, a ordem original das histórias não é observada pela Vecchi, e o formato a partir da edição nº38 (março 1974), é diminuído para 13,5 x 17,5cm, formato que perdura até hoje.

No final dos anos 1970 Tex é a revista mais vendida da Editora Vecchi (cerca de 150.000 cópias). Apesar do sucesso, em 1983 a Editora Vecchi fecha as portas e a publicação de Tex é cancelada em agosto daquele ano, no nº 164. Em outubro de 1983 a Rio Gráfica e Editora (posteriormente, Editora Globo) adquire os direitos de Tex e passa a publicá-lo mensamente, continuando a numeração da Vecchi, do nº 165 até o nº 350. Em dezembro de 1998.

Em novembro de 1986 a Rio Gráfica e Editora passa a publicar TEX COLEÇÃO, cuja primeira história é “A Mão Vermelha”, com 100 páginas. Já em agosto de 1993 a Editora Globo inicia a série bimestral TEX EDIÇÃO HISTÓRICA, uma coletânea de TEX COLEÇÃO, seguindo a mesma ordem do Tex italiano, com volumes entre 260-350 páginas, com histórias completas e capas desenhadas por Claudio Villa. Sem periodicidade regular, a Editora Globo publica cinco álbuns de formato grande (19 x 28), correspondente ao “Texone” italiano. O primeiro, em 1988, com a história “Tex, o Grande” (Nizzi e Buzzelli), edição especial de 40 anos.





Em janeiro de 1999 chega às bancas a edição de nº 351 da série normal de Tex, com capa de Magnus. É o primeiro exemplar com o selo da Mythos Editora, que é eleita pelos italianos “a melhor edição internacional do ranger fora da Itália”. A editora prossegue com as publicações TEX COLEÇÃO, TEX EDIÇÃO HISTÓRICA e TEX GIGANTE, com histórias que até então permaneciam inéditas do público brasileiro.

No final de 1999 é publicado o primeiro TEX ANUAL, com 356 páginas, trazendo histórias dos italianos “Maxi Tex”. O ano de 2000 vê a estreia da série ALMANAQUE TEX com a história especial que marcou, na Itália, os 50 anos do Ranger: “Vendetta navajo”. Na sequência são lançadas as aventuras da série italiana “Amanacco West”.

Além dos gibis, a editora Mythos lançou em 2001, para comemorar os 30 anos de publicação regular de Tex no Brasil, uma “Revista Pôster”, contando a trajetória do Ranger em nosso país. No ano de 2002, foi lançado pela Editora Opera Gráfica uma “Edição Comemorativa de Meio Século de Aventuras no Brasil”, também rastreando a
trajetória do nosso cowboy em terras brasileiras e a primeira história de Tex: “O Totem Misterioso”. E para deixar os fãs de Tex mais eufóricos ainda, a Salvat Editora lança em 2017, TEX GOLD, coleção de luxo em capa dura, correspondente a “Tex Speciale” com 60 números de mais de 200 páginas cada. Mas ainda não é tudo. No início de 2019, a editora Mythos nos brinda com duas novas séries: TEX WILLER: AS AVENTURAS DE TEX QUANDO JOVEM e MAXI TEX. A primeira, segundo palavras do próprio Mauro Boselli, roteirista da série, tem o intuito de trazer as histórias da tumultuada juventude de Tex que só ouvimos, eventualmente quando “em volta da fogueira de um acampamento, (Tex) pesca histórias para contar aos seus companheiros Kit Carson, Jack Tigre e seu filho Kit”. Já MAXI TEX, é uma série italiana que até então teve suas histórias publicadas nas páginas de TEX PLATINUM, com 340 páginas




TEX: DOS GIBIS PARA OS LIVROS

Com tantos gibis publicados no Brasil, não faltaram histórias de Tex para contar. Em 2009, o jornalista e pesquisador Gonçalo Júnior, autor de “A Guerra dos Gibis”, brindou os fãs texianos com uma obra sem precedentes no Brasil: “O Mocinho do Brasil: a história de um fenômeno editorial chamado Tex”. Lançado pela Editora Laços, o livro de 208 páginas, amplia o texto que o autor havia publicado na Editora Opera Gráfica e traz “grandes surpresas” para imensidão de fãs de Tex no Brasil. Entre elas, uma história plagiada do ranger e o sucesso de Chet, o Tex brasileiro. Nesse mesmo ano, G.G. Carsan, um obstinado fã do ranger lança com recursos próprios, outra obra importante para os texianos: “Tex no Brasil - O Grande Herói do Faroeste”(248 páginas), contando a saga do personagem no país. Além dessa obra, Carsan publica em 2012, “Tex no Brasil - Justiça a Qualquer Preço” (230 páginas), “Tex no Brasil – Águia da Noite” (2015, 150 páginas) e ”Tex 70 Anos do Cowboy Justiceiro” (2018, 132 páginas). E para deixar os fãs de Tex mais eufóricos ainda, a Salvat Editora lança em 2017, TEX GOLD, coleção de luxo em capa dura, correspondente a “Tex Speciale” com 60 números de mais de 200 páginas cada.





COMEMOPRAÇÕES DOS 70 ANOS

Em 2018, as comemorações de 70 anos de publicação de Tex Willer se espalham mundo afora. De setembro de 2018 a janeiro de 2019, o Museu Della Permanente (Belas Artes e Cultura) em Milão sedia “Tex La Grande Mostra”. No Brasil os inúmeros fãs do ranger também não poderiam ficar de fora diante dessa data. As comemorações tiveram início no Festival de Quadrinhos de Limeira, um baita evento, transcorrido entre os dias 29 e 30 de setembro. Com diferentes painéis e convidados, entre eles Pedro Mauro, o brasileiro que desenha para Bonelli, do desenhista italiano Giacomo MIchelon e a participação direto da Itália do editor Mauro Boselli, falando aos leitores brasileiros sobre os próximos lançamentos. Mas fã que é fã, deve se fantasiar como seu herói favorito. E não faltaram cosplays de Tex em Limeira. Um deles o gaúcho Raul Estigarribia, devidamente paramentado de Tex Willer , se mostrou entusiasmado com o evento: “Foi um encontro fantástico, com amigos colecionadores de todo o Brasil, alguns já conhecidos e outros que tive o prazer de conhecê-los pessoalmente, momentos inesquecíveis de amizade e confraternização”. Também presente no evento, o maior colecionador de Tex do Brasil, Adriano Rainho, apresentou o selo comemorativo do ranger lançado pelos Correios, além do livro “Meu Irmão Mais Velho Tex Willer – Guia do Colecionador – Brasil, Volume 01” (150 páginas). Aproveitando os 70 anos do herói, outro fã, João Marin também publicou “Tex e a História de uma Coleção” (352 páginas), contendo a maior quantidade de informações sobre as publicações de Tex já inseridas em uma edição.



Tudo isso, só vêm demonstrar o quanto Tex Willer faz parte da vida de um universo de fãs e colecionadores, que não edem esforços para manter vivo em suas memórias o legado do mocinho mais famoso e longevo dos gibis. Vida longa para Tex Willer. E que nunca deixe e cavalgar por essas pradarias combatendo o mal e nos trazendo muitas aventuras.

ENTREVISTA COM O PARD G. G. CARSAN


O paraibano G.G. Carsan é um apaixonado por Tex. Paixão essa que começou lá pelos nove anos de idade, e que o 
levou a escrever quatro livros sobre o ranger, inclusive publicando com recursos próprios. Na entrevista concedida com exclusividade, Carsan fala como foram todos esses anos de dedicação a esse verdadeiro ícone dos quadrinhos de faroeste.

Paulo Kobielski: Quando e como começou sua relação com as histórias em quadrinhos?

G.G. Carsan: Comecei garoto, lá pelos nove anos de idade. Era muito curioso, queria saber tudo. O meu pai tinha um cargo alto na cidadela e cobrava que eu devia ser bom em tudo. Eu peguei gosto pela coisa.


Paulo Kobielski: Quais personagens mais lhe cativaram?

G.G. Carsan: No início, todos aos quais tive acesso. No interior da Paraíba dos anos 70 não chegava tudo e eu morava a 50 km da cidade onde tinha uma banca - e não tem mais (hoje a banca mais próxima está a 160 km) e posso dizer que tive o acesso porque o trabalho do meu pai permitia muitas viagens e eu pedia para ir junto para aprender..., mas li muito Disney, Fantasma, Tarzan, Homem- Aranha, Capitão Marvel, Thor, Hulk, Batman, Super-Homem e tive alguns contatos com Príncipe Valente, Flash Gordon, Jim das Selvas. Eu gostava de tudo, mas como comprar tudo? Hoje eu tenho ao menos um exemplar de cada herói das antigas, para reler e lembrar quando der vontade.

Paulo Kobielski: Como foi seu primeiro contato com o personagem Tex?

G.G. Carsan: Eu e alguns colegas comprávamos revistas e todos liam, em rodízio. Pensamos em colecionar juntos, mas vimos que não dava certo. Um demorava demais a ler, outro sumia com a revista, outro amassava toda, outro re-emprestava e não conseguia de volta. Tínhamos umas 50 revistas e outras desaparecidas, perdidas. De Tex eram poucas, umas 10. O primeiro contato foi assim, naturalmente. Tex foi a que eu mais gostei, porque as histórias eram compridas, complexas, diferentes, em continuação, a gente ficava esperando o próximo gibi e aquela ansiedade para conseguir viajar para comprar, às vezes não tinha chegado. Eu lia durante a viagem de volta, doido pra terminar a história. Quando eram três gibis em sequência haja a paciência.

Paulo Kobielski: Quanto tempo coleciona Tex? Tem ideia do tamanho de sua coleção?

G.G. Carsan: De 1977 para cá. Já li tudo o que foi publicado no Brasil. Possuo as coleções inéditas de Tex, completas, e mais algumas repetidas. É que no princípio foram deixadas muitas aventuras para trás e com o passar do tempo, foram publicadas em coleções diferentes. São 1598 álbuns de Tex, 20 livros sobre Tex, 2 telas fotográficas, 20 banners, quadros, estatuetas, cards, posters, canecas, jogo, 2 álbuns completos, chaveiros, uma vestimenta cosplay, 4 chapéus, coldre com revólveres, botas, cinto wampum, distintivo. E uns 200 itens incluindo heróis Marvel e DC e grandes nomes de outros tempos.


Paulo Kobielski: Que exemplares de sua coleção você tem maior apreço? Por quê?

G.G. Carsan: Alguns são icônicos como o 1º. Álbum encadernado O Ídolo de Cristal. Outro por ser único como o Álbum de Figurinhas. A número 1 do Tex Mensal, mesmo sendo 2ª. Edição. Depois vários e vários álbuns italianos e brasileiros que ganhei de Presentex, com dedicatória. Esses são muitos valiosos, pois tem um pouco do carinho e da amizade que fiz ao longo dessas décadas de colecionismo. Cito um colecionador do Rio de Janeiro que me enviou 10 revistas variadas (Superman, Batman, Durango Kid, Roy Rogers, etc) no meu aniversário de 50 Anos. Detalhe: eram revistas de suas coleções, lançadas no mês e ano em que nasci. Caramba! Pode ter um presente mais bacana para um colecionador? E eu nunca vi o Nelson na vida. Tenho uma fileira da minha Estantex suprida por álbuns italianos enviados pelo italiano Gianni. Um padre amigo de Jampa, toda ano ia à Itália e quando retornava trazia Tex para mim, né Gio?

Paulo Kobielski: Que autores (roteiristas/desenhistas) de Tex você mais se identifica? Por quê? Qual história de Tex mais te impressionou?

G.G. Carsan: O G. L. Bonelli, roteirista criador, alma e conduta do Tex é o mais querido. Conquistou ainda criança, adolescente, a gente não esquece. O desenhista é o Fabio Civitelli, que tem uma qualidade excelente, é um ser humano sem igual, veio ao Brasil algumas vezes e precisa ver como tratava os colecionadores que foram até ele (lembro dele ajoelhado no chão, dando detalhes de desenhos seus para os colecionadores sentados no chão – na maior simplicidade) e que conheci e bati papo e andamos juntos por São Paulo, em busca de equipamentos fotográficos, que é sua segunda paixão.

Tex ajudou na formação e formatação do meu caráter. Tudo precisa ser correto, justo, sem nenhuma mácula. Tex dá a força para sermos honestos num país de tanta desonestidade, de corrupção liberta e leis arcaicas e obsoletas. A aventura mais impactante e que reli inúmeras vezes: Flechas Pretas Assassinas. Das 300 e poucas aventuras do Tex, eu já consegui fazer uma sequência com as 70 mais. É muita coisa boa.

Paulo Kobielski: Depois da Itália, o Brasil é o país onde Tex Willer faz mais sucesso (Confirma?). A que se deve o sucesso de Tex por essas paragens? Quem é Tex Willer para você?

G.G. Carsan: Sim, o Brasil é tido como a segunda pátria de Tex em vendas, desde sempre. O sucesso de Tex em nosso país, de modo genérico é uma combinação de muitas injustiças perpetradas contra pobres, negros e desamparados desde sempre e a leitura simples e barata de um herói que preenche o imaginário do nosso povo (cavalos, armas, xerife) em aventuras cheias de ação. Quando lemos Tex desligamos dos nossos problemas e ficamos analisando como ele resolve tudo. Muitos rogam a presença de Tex no Brasil para dar jeito nos políticos corruptos, etc. De modo mais restrito, foi a substituição dos antigos filmes de faroeste, que tiveram continuidade nos gibis com a qualidade das aventuras. Acabaram-se os filmes, mas Tex continuou, Tex é cativante com enredos fantásticos, desenhos maravilhosos e personagens inesquecíveis. G. L. Bonelli criou um universo difícil de ser batido. Uma nação indígena, uma segunda identidade, três parceiros de valor, uma dúzia de amigos fiéis em várias partes do território, inimigos que vão e voltam, temáticas variadas com índios, bandidos, mexicanos, magia, guerra, escravidão, ferrovias, atentados, tiroteios, perseguições, duelos; cenários espetaculares como montanhas rochosas, grand canyon, monument valley, desertos, pradarias, cachoeiras, cidades fantasmas, boot hill. Tudo isso para dar suporte a um homem íntegro, justo, corajoso, infalível, capacitado. Tex é o modelo, o formato, a essência a ser seguido, copiado estudado.

Paulo Kobielski: Você escreveu uma trilogia sobre esse grande herói do faroeste: Tex no Brasil – O Grande Herói do Faroeste, Justiça a Qualquer Preço e Águia da Noite, como foi encarar esse desafio? Gostou do resultado? Acha que teria mais alguma coisa para escrever sobre o personagem?

G.G. Carsan: O primeiro foi um grande desafio sim, pois tive que pesquisar muito e depois tentar publicar via editora oficial. Como não deu, fui obrigado a publicar, vender, enviar, tudo feito por mim. Mas ou publicava ou perdia o trabalho. E eu queria muito colaborar com a história do personagem. O primeiro livro é um ajuntamento de todas as informações que estavam soltas e era difícil de reunir. Enquanto preparava o primeiro, alguns assuntos foram ficando para o segundo, que foi mais fácil. O terceiro veio da minha insatisfação com o pouco caso dispensado a Águia da Noite, que é muito requisitado nas histórias, mas muito pouco festejado pelos leitores. Digo que o Águia da Noite serve apenas para tirar o Tex das encrencas.

O resultado foi pequeno, devido a forma como foi comercializado, um a um com os colecionadores. Todavia considero que foram necessários e importantes para colecionadores interessados nessa literatura e servem/servirão de apoio a pesquisadores e estudiosos dos quadrinhos. É difícil vender mais de mil livros sobre Tex. Em 2018, lancei mais um álbum, esse do tipo álbum de fotografias, comemorativo aos 70 Anos do Tex (mundial) e formato luxo: capa dura. Colorido, 30x25cm, contando a história em fotos e textos curtos. O título é Tex- 70 Anos do Cowboy Justiceiro.

Por fim, ainda tem espaço para mais livros sobre o personagem. Tenho um argumento muito bom para um livro do Tex, mas não sei se terei coragem de preparar o material. O futuro dirá, pois no momento tenho outras prioridades.



Paulo Kobielski: Tex está completando 50 anos de publicação ininterrupta no Brasil. Comparando com outros países, que editora brasileira melhor editou Tex? Por Quê?

G.G. Carsan: A Mythos Editora, sem dúvidas. Não obstante o respeito e carinho com a Vecchi, que inaugurou o personagem em terra brasilis, a Mythos é que tem feito um bom trabalho. Começou excelente. Colocou ordem em algumas coleções, lançou diversas coleções novas: Gigante, Almanaque, Ouro, Anual, e todas que foram criadas na Itália posteriormente. Fez algo importantíssimo, que foi publicar todas as aventuras de Tex que haviam sido deixadas para trás por serem consideradas fracas por Vecchi, RGE e Globo – o erro é que fez isso em coleções variadas.

Paulo Kobielski: Além de ter escrito três livros sobre Tex Willer, você ainda fomenta e organiza exposições, eventos e um grupo no Facebook, que já ultrapassa a casa dos 8.000 seguidores. Poderia falar um pouco sobre eles? Qual teu sentimento a respeito de todo esse trabalho? Valeu a pena?

G.G. Carsan: Nos últimos 20 anos, dediquei-me demais ao Tex. Foram 24 eventos incluindo 14 exposições, 5 eventos, 5 lançamentos de livros; participei muito do Portal TexBr e criei uns 40 tópicos e muitas matérias; 109 aventuras resenhadas no Portal TexBR; por fim, escrevi 9 aventuras de Tex, nunca publicadas, essa ação somou 1.395 páginas (daria 12 revistas Tex de linha e 5 histórias curtas) e talvez publique um dia, noutra forma e título.

Estive no Portal TexBr como auxiliar, depois criei a comunidade no Orkut, veio a seguir o grupo citado (Tex Willer – Águia da Noite (percebeu o nome do Águia?), o maior da internet brasileira sobre o herói. São dezenas de milhares de mensagens, postando, respondendo e gerenciando páginas, grupos e perfis.

Sobre o trabalho e se valeu a pena: Tudo é passageiro, de repente já fizemos muito, estamos cansados, vem outro e ocupa o lugar, o espaço. Muitos desistem rapidinho. Do ponto de vista de colecionador, foi muito bom, muitos contatos, vários amigos, conheço muita gente boa. Tive acesso à Bonelli uns bons anos. Muitos presentes da Itália Conheço pessoal da Mythos e sempre fui bem tratado. Lancei livros em casas renomadas na Paraíba, como a Fundação Casa de José Américo e Academia Paraibana de Letras, realizando discursos para renomada plateia. Eu pensei em ser roteirista de Tex, por isso escrevi alguns roteiros. Não deu certo. Então parti para os livros, que foi mais ou menos. Mas isso me levou a desenvolver outros livros e tornei-me escritor. Estou na luta para lançar um livro por ano e tenho conseguido. Então valeu à pena sim. E deixou esse legado importante.


Paulo Kobielski: 
Prezado Ge Ge, muito obrigado pela disponibilidade e atenção. Vida longa à Tex Willer. Aquele abraço.

G.G. Carsan:  Amigo Paulo, agradeço tantão assim pela lembrança e oportunidade desse espaço para levar a minha militância texiana para os seus leitores, amigos e parceiros, como forma de incentivar novos colecionadores a trilharem no incentivo às HQs, nas amizades e no lazer proporcionado pelos quadrinhos. Saudações texianas.


G. G. Carsan
Dona Inês/PB, maio de 2021.


Paulo Kobielski é professor de História com especialização em Filosofia e Sociologia pela UFRGS. Trabalha com fanzines  e quadrinhos na educação. Paulo prometeu que um dia ira vestir-se de Kit Carson e seu filho Pedro Kobielski de Tex Willer, torço para ver isso acontecer e vou gravar quando o Pedro olhar para o pai e dizer:'-Vamos velho camelo!"

Paulo conquistou  o Troféu Ângelo Agostini de melhor fanzine no ano de 2020, confira matéria aqui:













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para contar!






















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14 Comentários

  1. Excelente artigo. Meu pai era fã do Tex, leitor ávido, comprava aquelas revistas de bolso do personagem ... lembro que a curiosidade em saber o que estava escrito naqueles "balões" de diálogo muito contribuíram para minha alfabetização ... eu adorava as historias do Tex e do Zagor. Acho que veio daí meu gosto pela leitura, aprendi a ler muito rápido, para mim era um prazer unir as palavras e descobrir seu sentido ... do Tex para os super-heróis, Maurício de Souza, Disney e toda sorte de HQs foi um pulo. A literatura começou assim também; na escola, comecei com os indicados da coleção vagalume, descobrir Julio Verne e Isaac Asimov foi um salto; primeiro ficção científica, após, toda a sorte de intertextualidade literária. Mas de uma coisa me recordo bem ... tudo começou lá atrás, com as revistas do Tex e do Zagor que meu pai sempre tinha consigo.

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    1. Prezado Sandro, Tex é um fenômeno sem precedentes dos quadrinhos no Brasil. As gerações sempre se renovam. Também fui alfabetizado pelos gibis. Aquele abraço amigo.

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  2. Gostei da matéria e da entrevista. Não coleciono Tex, mas li várias hq's achadas na biblioteca do colégio Alfredo José Justo (onde terminei o Ensino Fundamental, vulgo 1º Grau) e na Biblioteca Pública Luís Fernando Veríssimo (todas de Alvorada-RS)

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    1. Prezado amigo Anderson, importante o papel das bibliotecas na formação dos leitores. E os gibis que lá estão, são uma porta de entrada para leitura. Valeu brother. Aquele abraço.

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    1. Viva. Tex é um personagem cativante. Boas histórias. Valeu amigo.

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  4. Genial encaixar a entrevista do G.G. Cardan. Paulo, tu faz os teus textos sempre valerem a leitura! Um abraço!

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    1. Tex é um personagem ímpar. Histórias bem escritas e desenhistas de primeira linha. Obrigado pela leitura. Aquele abraço.

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  5. Amigo Paulo , grande batalhador pela cultura que cavalga com maestria nas pradarias gaúchas em cima das bem tratadas letras. Parabéns pelo excelente artigo sobre o maior herói do gênero faroeste moderno. Me honra ser citado nesse texto. Felicito também o Ge Ge Carsan pela sua história com H na divulgação da trajetória do nosso Tex. Abraços a todos!

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    1. Prezado amigo Raul. O Tex é fascinante, um fenômeno entre os brasileiros. Tu e Ge Ge Carsan me inspiram muito pela militância por Tex. Obrigado pela leitura. Aquele abraço.

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  6. Para um sexagenário leitor de Tex, Mágico Vento, Ken Parker, Judas (Chacal), Epopéia-tri e tantos outros curtir teu trabalho é como cavalgar nas pradarias
    ao lado de lobos e bisontes......mas sempre de olho nos temíveis Hualpais.....Parabéns amigo !!!

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    1. Tex é um personagem encantador amigo Pitinga. Boas tiradas e muita aventura bem escritas e com desenhistas talentosos. Obrigado pela leitura. Aquele abraço.

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  7. Parabéns Paulo, fascinante artigo relacionado ao nosso herói. Eu ainda não sabia ler aos meus 5-6 anos e me recordo que já follhava Tex, a História era invenção minha rsrss, Tex é encantador, quem ler uma vez não para mais. O mais temido do Oeste, grande amigo e defensor dos Índios. Abs Texianos a todos.

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    1. Opa. Valeu amigo. De fato, quem ler Tex uma vez, se apaixona. Personagem cativante. Aquele abraço.

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